sexta-feira, 12 de agosto de 2022

SPEECH ESPECIAL

 A VOLTA DA LABACE: 

AS REPETIÇÕES E AS NOVIDADES




(por Solange Galante)

Primeira atualização: 13/08/22 - 15h25min
Segunda atualização: 13/08/22 - 22h57min
Terceira atualização: 14/08/22 08h24min 


Após mais de mil dias desde o fim da última realização da Labace - Latin American Business Aviation Conference & Exhibition, ou seja, a feira de aviação executiva que ocorre anualmente no Aeroporto de Congonhas mas foi por dois anos cancelada devido aos momentos mais graves da pandemia de covid-19, o evento voltou com tudo, para a alegria não só da própria equipe realizadora mas todo o "trade" de aviação mundial, já que ela é uma das maiores feiras do mundo nesse segmento.

Eu participo e acompanho a Labace desde sua primeira realização, em 2003, quando as aeronaves eram já visitadas em Congonhas mas os estandes dos expositores ficavam no centro de convenções do Hotel Transamérica, perto da Marginal Pinheiros, em São Paulo. Nesses quase vinte anos há pelo menos quinze eu faço a cobertura, total ou parcial, do evento, tendo começado com a hoje extinta Aviação em Revista e, depois, produzindo inclusive a edição especial da revista Flap Internacional que circulava durante os três dias de feira, juntamente com a cobertura em si para a edição regular da Flap.

Todos sabemos o quanto o mundo mudou entre 2020 e 2022 e isso também se deu no nível individual: todos nós nos "reinventamos". Por isso a Labace foi um show de "mais do mesmo" mas também "muito do novo". Vamos a uma análise isenta?  Vamos começar com:...


MUITO DO NOVO


Sim, a Labace ocorreu novamente e integralmente no Aeroporto de Congonhas e vem resistindo, mais do que aos boatos de sua mudança de endereço. Mas em um espaço mais distante da Av. Washington Luís e mais próximo do pátio operacional do aeródromo, mais exatamente na área antes ocupada pela companhia aérea Avianca Brasil. Com isso, pela primeira vez em muitos anos o leiaute da feira ficou mais retangular e menos com aspecto de "corredor", onde as aeronaves ficavam muito próximas, asa a asa, em alguns casos dificultando até mesmo a movimentação dos visitantes. Também perdeu o aspecto de labirinto, com corredores sem ou quase sem atrações ligando alguns espaços da exibição estática.

Esta foi a primeira Labace sem a presença do antes onipresente publisher Carlos André Spagat, falecido em dezembro passado. Pouca gente sabe que ele chegava a interferir pessoalmente na manutenção e realização da feira em Congonhas, bem como suas críticas, não raras vezes apimentadas, sobre aspectos particulares da organização do evento, ajudavam a alterar de maneira positiva a exposição no ano seguinte. Como principal redatora sobre a Labace para a Flap nos últimos anos, exceto 2019, eu testemunhei isso bem de perto. 

Seguindo nesse mesmo assunto, por outro lado, a Flap agora está renovada, com novo publisher, que é o Gianfranco "Panda" Beting, praticamente recomeçada do zero e que vem agradando muito, de acordo com comentários espontâneos. O novo comandante conseguiu não só manter a peridiocidade da publicação mas manter a tradição da edição especial da Labace, embora enxertada na edição de agosto, mas com mais páginas e com a mesma análise do setor de aviação executiva por seus próprios players e principais atrações. Está tão boa que, de repente, uma pessoa da área da aviação executiva me parou lá no meio da Labace para elogiar a edição ("Parabéns, Solange, a edição especial da Flap está muito boa!"), a que eu me apressei a responder que essa não fui eu quem havia produzido! Ou seja: se a cobertura da Labace pela Flap antes tinha a minha cara, eu aproveito e reforço que desde 2019 essa missão não é mais minha mas, o mais importante, é que continua em muito boas mãos!

Novidades: estreia na Labace de modelos de aeronaves que haviam sido prometidas para 2019, 2020 e 2021, que cumpriram a promessa e finalmente vieram, agora em 2022, após grande expectativa, como o jato Pilatus PC-24, o Beechcraft King Air 360, entre outros. Ou seja: a Labace continua sendo o palco da renovação constante da aviação de negócios, também chamada de executiva.

Uma novidade também da minha parte, por que não? Desde 2018 sem fazê-lo, voltei a cobrir o evento para uma publicação e, desta vez, uma estrangeira de grande importância no mercado, a Aviation International News. Como sempre ocorreu com todas as revistas anteriores para as quais colaborei ao longo de meus quase 27 anos de jornalismo de aviação, mais uma vez fui convidada para ajudar na tradução do que é a Labace para o Brasil e o mundo. Como podem ver pela foto que abre este SPEECH enviei nove textos para a AIN, e digo que, profissionalmente, foi um grande prazer colaborar com ela. Eu sempre defendi o jornalismo especializado sério e responsável e a AIN me surpreendeu positivamente.

A abertura da maior matéria é esta abaixo:




Novidade mesmo, entre os comentários predominantes, é a dúvida sobre o destino da Labace, já que o Aeroporto de Congonhas está prestes a ser leiloado para alguma concessionária aeroportuária. Sabendo que as opções não possuem a infraestrutura e a localização privilegiadas de Congonhas, é possível que a Labace tenha que se reinventar (usando palavra que está na moda) a partir de 2023.

MAIS DO MESMO...


Na categoria "celebração" mais uma vez a Labace se destacou pelo reencontro de amigos, parceiros comerciais e colegas. Se todo ano é assim para o clima na feira crescer em alto astral, imagine para pessoas que não se reviam há mais de mil dias... Eu mesma também revi muita gente conhecida de quem eu estava com saudades, e até gente que nunca vi na Labace antes, ou não nos últimos dez anos. Isso é muito gratificante e faz parte do famoso "ver e ser visto". De preferência, ver e ser visto bem!

No entanto, infelizmente, houve "mais do mesmo" no sentido negativo também. Vou começar pela parte de atendimento à imprensa. Foi imperdoável – melhor, vamos destacar bem isso – eu disse IMPERDOÁVEL a falta de canal de acesso wi-fi na sala de imprensa dedicado ao trabalho dos jornalistas presentes, vários estrangeiros, inclusive, que levam esse tipo de informação a seus países. Na verdade, o certo seria, inclusive, ter também alguns computadores ou notebooks à disposição dos jornalistas caso precisassem. Não, isso tudo não é frescura. Basta ver o que acontece em outras feiras de negócios dos mais diversos setores, no Brasil e no mundo. Hoje o mundo é online, já se passaram décadas desde que os jornalistas iam a um evento, filmavam, gravavam e mandavam um motociclista levar o material para a redação ou os próprios repórteres redigiam em máquina de escrever após o evento, nas redações. Sem contar que é mais coisa pesadas para nós carregarmos (falo dos notebooks). Mas, alguém pode argumentar que é maior o risco de furtos de notebooks: a Labace, infelizmente, tem em seu histórico furtos de equipamentos de todos os tipos, não só computadores! Aí passa pela segurança, existente em várias feiras que já visitei, de vários segmentos da  aviação, onde a sala de imprensa é RESTRITA a quem tem credencial de IMPRENSA, com gente na entrada verificando isso mesmo que um mesmo repórter entre e saia 15 vezes de lá num único dia. Afinal, se a Labace ocorre ou não, se não ocorre porquê, mas mostra que ainda existe, como agora que voltou, é a IMPRENSA que divulga isso, e merece ser reconhecida como fundamental a este e qualquer outro evento.

Aliás, a falta de uma coletiva de imprensa, antes ou na abertura da feira, e ausência das tradicionais palestras de outras edições também ajudaram a Labace a ficar com aparência de "continua cara mas está entregando menos..." 

Por isso, fica claro que havia algo no sentido negativo para todos, também, além dos jornalistas, para visitantes e  expositores. O que ouvi de comentários e até presenciei também foram: banheiros em número insuficiente e mal sinalizados e péssimas opções de alimentação. Confesso que não sou fã de food trucks, ou, pelo menos, nunca dei sorte com eles, onde a comida é divulgada como maravilhosa mas sempre são porções pequenas e sem a qualidade alegada. Por exemplo: na terça-feira almocei um nhoque com molho bolhonesa cuja massa até que estava gostosa mas, o molho, puro sabor de lata. Outras opções eram pastéis, espetinhos, hanburgueres, cachorro-quente, tudo bem "leve e saudável". Pela quantidade de visitantes na Labace, que não foi pouca, não vi a "praça de alimentação" cheia em momento algum – ou os visitantes não estavam com fome ou realmente buscaram opções melhores, e até mais baratas, que só existiam FORA da feira, pois só a palavra food truck já faz qualquer comida de rua triplicar seu preço. Bem, na quarta-feira fiz como os passageiros mais assíduos do Aeroporto de Congonhas: atravessei a passarela e fui comer no self service mais tradicional do bairro, escolhendo opções leves entre as muitas opções do bufê e gastando o mesmo preço ou até menos que as comidas dentro da Labace. Mas, eu pude fazer isso, e os expositores, muitos deles desde cedo trabalhando na feira? Poderiam?

Na categoria "acho que São Pedro não gosta de aviação executiva" mais uma vez a Labace foi marcada pela chuva, felizmente, menos intensa e frequente que em outras edições. É incrível isso ser recorrente, mesmo no atual ano, onde a cidade de São Paulo sofreu estiagem por quase dois meses, estiagem essa que, incrivelmente, acabou bem na... semana da Labace!!! Só Deus explica... Bem, a Labace já teve antes essa configuração: um dia quente de rachar, com sol de verão – embora ocorra no inverno – e todo mundo correndo para a sombra dos estandes, assim como nos dias de intensa chuva, depois, um segundo dia gelado e chuvoso, e o terceiro uma mistura dos dois. Certo, certo mesmo todo ano é isso: acabou a Labace, no dia SEGUINTE sai um sol maravilhoso e não chove. É ou não é? Loucuras da Mãe Natureza... 

Ainda destacando a meteorologia, mais uma vez o clima deu prejuízo. Desta vez, um ciclone extratropical varreu a cidade na quarta-feira dia 10 e a maior prejudicada foi a Dassault Falconjets, com a queda de boa parte do chalé sobre seus dois "falcões". Com esse sinal de que a coisa era séria mesmo, decidiu-se acertadamente evacuar a feira para se evitar mais prejuízo e, em especial, feridos que, felizmente, não foram contabilizados. A evacuação foi calma e ordenada, embora alguns expositores tenham achado a brigada emergencial meio ríspida, mal-educada mesmo. Noutras ocasiões, os problemas nos estandes e chalés havia sido água entrando, com goteiras ou por baixo, falta de energia, falta de ar condicionado etc. Aí fica um dúvida: quais os limites de segurança dos estandes e chalés? Excessos de chuva ou vento jamais poderão ser minimizados por completo? Com a palavra, os especialistas...

Mais do mesmo: na Labace, todos são iguais perante a Lei mas alguns são mais iguais que outros, não justamente pelas "leis" mas por privilégios, facilidades etc. No entanto, as reclamações de sempre sobre o preço do ingresso para os visitantes que não têm convite são, a meu ver, injustificadas. Conforme comentei com amigos pelo Facebook:

Antes bastava estar, por exemplo, fazendo um curso de PP para entrar DE GRAÇA. Daí, a molecada (a maioria desses alunos eram beeem jovens) ficavam na fila de um avião para entrar nele fazendo algazarra, agitação, aquelas intermináveis selfies ou, uma vez dentro, tentavam furtar talheres, louças, taças que fazem parte do cenário do avião para os clientes. Eu mesma vi isso, e os representantes das fabricantes fechando a cara... daí, a organização colocou essas mudanças. Na verdade, se o entusiasta for uma pessoa séria, profissional, educada, respeitosa, com CERTEZA terá algum amigo em algum estande e consegue com ele um convite para entrar de graça. Toda feira realmente "de negócios" (e há às dezenas em Sampa, dos mais diversos segmentos) é seletiva. E eu apoio isso. Feira de negócios é para quem pode ajudar nos negócios. Não para quem quer atrapalhar os negócios. São trilhões de reais movimentados. Falando em feira de negócios, há várias às quais eu já quis ir, por exemplo, de utensílios de cozinha, que eram feiras restritas mas, como eu não tinha ninguém conhecido lá para pedir convite e nem motivos para me cadastrar como jornalista, já que não costumo cobrir esse e outros assuntos, que nem mesmo tinha venda de ingressos, eu fiquei só na vontade. Portanto, a Labace não é a única a restringir. Além do mais, com o vendaval, vocês não imaginam a quantidade de gente saindo, organizadamente mas saindo, ao mesmo tempo por ordem dos bombeiros civis no dia do vendaval. Imaginem se fosse de graça ou com ingressos todos baratos, como iria ter mais gente ainda.

Mais do mesmo ainda sobre a parte boa: negócios, vendas, contatos pessoais, redes de relacionamentos, novos amigos e clientes e pessoas que só conhecíamos por email ou telefone se "materializando" na nossa frente. Aproveito para divulgar um desses resultados, os da TAM Aviação Executiva, conforme release abaixo: 

TAM Aviação Executiva vende oito aeronaves, sendo cinco aviões e três helicópteros durante a Labace 2022

 

São Paulo, agosto de 2022 – A TAM Aviação Executiva, número um em vendas de aeronaves executivas no mercado nacional e representante oficial das fabricantes Beechcraft, Cessna e Bell, além da líder mundial em treinamentos, a FlightSafety, anuncia a realização de ótimos negócios durante a Labace 2022 com a venda de oito aeronaves, sendo cindo aviões, dois do modelo King Air 360, um Grand Caravan EX, um King Air C90GTx (usado) e um Baron G58, além de três helicópteros Bell 505.

 

“Estamos felizes com o retorno da Labace, após três anos sem exposição. O evento é uma importante vitrine para a aviação e a realização de bons negócios, como os que fizemos. O resultado foi excepcional e ainda abriu caminho para diversas outras negociações se concretizarem”, afirma Leonardo Fiuza, presidente da TAM AE.

 

Sobre a TAM Aviação Executiva

A número 1 na comercialização de aeronaves executivas, a TAM Aviação Executiva foi constituída há 60 anos, sob o nome de Táxi Aéreo Marília. Atua no Brasil como representante exclusiva da Cessna, desde 1982; da Bell, desde 2004; da FlightSafety International, desde 2003; e da Beechcraft, a partir de 2016. A empresa oferece o mais versátil e abrangente portfólio de produtos da aviação geral no país, com destaque para manutenção de aeronaves (maior parque de manutenção de aeronaves executivas da América Latina), FBO doméstico e internacional, vendas de treinamento, administração, gerenciamento e fretamento de aeronaves. 

 

Informações à imprensa:

Insight

                                                    Luana Magalhães  e  Marina Ciaramello 









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