sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Plantão Caixa Preta




LUTO PELO DESAPARECIMENTO DO PP-VBF (DOUGLAS DC-3 DA VARIG NO RIO DE JANEIRO). 31 DE JANEIRO DE 2020 SERÁ SEMPRE LEMBRADO COMO UM DIA MUITO TRISTE PARA OS VERDADEIROS AMANTES DA  AVIAÇÃO BRASILEIRA.




(Fotos anônimas compartilhadas pelas redes sociais)






terça-feira, 28 de janeiro de 2020

SPEECH


MAIS UM AMIGO SE VAI...
MAIS UMA VEZ A  AVIAÇÃO PERDE UM DE SEUS MAIS NOTÁVEIS HISTORIADORES...

(Por Solange Galante)

(Foto: coleção Solange Galante)

Com certeza, todos concordarão comigo que a vida é muito ingrata, ao nos privar, em pouco tempo, de tantos amigos e irmãos de Aviação, alguns deles, verdadeiras enciclopédias vivas
Desta vez, perdi, e perdemos, o grande Mário Vinagre.

Não lembro se conheci pessoalmente o Mário em algum evento de aviação, nas salas da Revista Flap ou na entrega do Prêmio Santos Dumont de Jornalismo. Pouco importa. O importante é lembrar como fui fisgada por sua simpatia, conhecimento, bom humor e experiência como fotógrafo e redator. 

Nos eventos, especialmente os realizados na Embraer, em São José dos Campos – onde, aliás, ele já trabalhara, principalmente antes dela ser privatizada – lá estava ele com aquela bolsa repleta de lentes, a câmera em punho, o barulho inconfundível do foco e das fotos sequenciais. Por ter sido funcionário da fabricante brasileira, ele era conhecido e conhecia a maioria dos diretores do momento. Ir à sede da Embraer automaticamente já nos colocava à procura do Mário!

Dos tempos de Embraer, infelizmente, ele também se lembrava do quanto se perdeu de material fotográfico histórico da empresa durante a transição após o leilão de privatização.

Por justamente morar em São José dos Campos, o que lhe permitia participar de 99% das cerimônias na Embraer, ele ia pouco a São Paulo, e esse foi um dos motivos pelos quais ele deixou de colaborar com a revista Flap, onde o exigente Carlos Spagat sempre fazia questão de ter reuniões ao vivo com seus colaboradores.

Marcante mesmo foram nossas viagens do Prêmio Santos Dumont. Mário é, até hoje, o segundo mais premiado jornalista do Prêmio, que foi extinto há cerca de 7 anos e teve quase 20 edições – corrija-me, Artur Moura, organizador e alma do Prêmio, caso eu tenha errado nas contas!

Visitar museus como o da Boeing em Seattle e outros em companhia de Mário Vinagre era ter de graça uma baita aula de aviação civil e militar! Ele não contava apenas a história das aeronaves expostas mas, principalmente, suas curiosidades, inclusive com o nome dos personagens das mesmas, e era uma delícia ouvi-las em sua companhia! Não raras vezes éramos os únicos a embarcar em Guarulhos, quando o resto do Grupo – vencedores e acompanhantes – embarcavam no Galeão. Quase todos os anos, lá estávamos na cerimônia e na maioria das viagens, figuras carimbadas e tarimbadas que passamos a ser.

Esse nordestino de riso fácil me explicou, um dia, que o queijo de coalho era mesmo aquele que não derrete, por isso que serve para se comer deliciosamente assado, e até hoje eu fico atenta a isso na hora de comprar os bons queijos nordestinos!

Em certo momento, eu devia uma visita à sua casa e sua imensa coleção e, quando fui sozinha fazer uma entrevista na Embraer, avisei-o e ele me pegou de carro e me levou a uma restaurante árabe muito bom em São José, antes de irmos à casa. E lá fui conhecer sua coleção, imensa, aliás, repleta de modelos de plastimodelismo, a maioria deles ainda não montados, e centenas de livros sobre os mais diversos assuntos, aviação, é claro, em sua maioria, cuidadosamente preservados atrás de vidros em grandes estantes. Foi uma visita de trazer orgulho e aquela pontinha de inveja que não faz mal a ninguém quando somos amigos.

Dono de uma editora, ele publicou alguns livros que traziam à memória grandes nomes da indústria aeroespacial brasileira com quem ele mesmo já convivera. Foi o caso daquele que creio ter sido seu derradeiro livro, o "Guido Pessotti – Mestre do Design Aeronáutico".

Pelo que me lembro, eu o vi pela última vez na apresentação, para a imprensa, do Embraer 195 E-2 em São José dos Campos, em setembro do ano passado. Depois, falamo-nos pelo Messenger, ele me ajudou com material para formatar o curso que eu criei e devo começar a lecionar em breve.

Uma de minhas fotos prediletas com o grande "Vinagrete" como eu o chamava, foi a de abertura desta homenagem, lá na Embraer, e em companhia da Rosana Dias, então assessora de imprensa da fabricante.

Saudades eternas, Mestre! A cultura aeronáutica está se transferindo para o Céu, Mário B. de M. Vinagre faz parte dessa revoada!


sábado, 25 de janeiro de 2020

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

SPEECH

A REALIDADE DOS AERONAUTAS

(por Solange Galante)

Glamour: até onde?


Este ano eu completo 25 anos de jornalismo de aviação. Mas eu gosto de aviação há muito mais tempo: no ano passado, completei 40 anos desde que o famoso "Aerococus" me picou pela primeira vez.

Assim como grande parte das pessoas que se apaixonam pela aviação sem ter tido parentes trabalhando nela, eu me entusiasmei e fiquei fascinada pelo que a Aviação nos mostra de bonito, de bom, de glamouroso. Aquele por-do-sol que só os aviadores veem. Aquela coleção de carimbos no passaporte que só comissários e comissárias e pilotos internacionais ostentam. Aquele uniforme impecável, o quepe branco, azul ou preto, a asinha brilhando no peito, a cerimônia de formatura após o curso para conseguir a tão desejada carteira que o ou a habilita a ser empregado em uma companhia de aviação para... voar!!!

Tudo parece lindo e maravilhoso, até bater de frente com a realidade da profissão.

Quando comecei a gostar de aviação, lembro de uma reportagem da década de 1980 do saudoso Jornal da Tarde, em duas páginas, com fotos de aviões da Vasp, da Varig etc e dizendo que os pilotos estavam "Cansados". Era uma denúncia do Sindicato dos Aeronautas alertando sobre o risco para a segurança de voo.

Na época, eu era apenas uma entusiasta da aviação, mas fiquei chocada com o que eu li. Anos depois, me tornei jornalista e fui abençoada com a dádiva de escrever sobre aviação, fazendo o que eu realmente gostava: estar bem perto da  aviação comercial. Mas esse "estar perto" implicava estar perto da parte ruim , podre, menos conhecida e divulgada, da aviação, também!

A "tirania" das empresas da época, nacionais e estrangeiras, me inspirou até mesmo a incluir em meu romance "A Ás", publicado em 2016 mas já rascunhado 30 anos atrás, o terrorismo de diretores de empresas aéreas contra minha personagem principal do romance, uma mulher comandante.

Ao longo especialmente das duas últimas décadas, com minha experiência jornalística, posso afirmar que tudo só piorou desde então. Pois, se antes aeronautas – que trabalhavam em empresas onde o presidente ou o dono eram do ramo há décadas – podiam falar abertamente do que vinha lhes acontecendo, posteriormente passaram a ser amordaçados. Falar em reportagens, sejam elas escritas ou em vídeo, áudio etc, só em casos excepcionais e falando bem, muito bem, é claro, da profissão e da companhia onde trabalham. Sente-se no ar o medo, ou melhor, o pavor dos aeronautas em abrir a boca, por mais inocente que seja o assunto.

Mas, quem está dentro desse mundo, mesmo como jornalista especializado(a), e, principalmente por estar dessa forma, vendo "de fora", sabe que o conceito de Paraíso na Terra acaba justamente aí, na mordaça.

A verdade é: se os passageiros soubessem o que de fato se passa nos bastidores de uma companhia aérea, pelo menos, pensariam duas vezes antes de voar.  O filme "O Voo", com Denzel Washington é cantiga de ninar perto da realidade.

Há uns poucos anos, assisti, na internet, ao vídeo-depoimento de uma ex-comissária de voo de uma cia. brasileira, contando tudo o que se passava na cia. onde ela trabalhara e outras. Mais ou menos na mesma época, um amigo meu estava feliz de voar enfim num modelo de avião diferente porque no modelo anterior não tinha "sarcófago", ou seja, o compartimento para descanso dos tripulantes, de modo que ele tinha que tentar descansar na Business Class mesmo, sem privacidade e com conforto limitado, tudo porque o antigo fundador da companhia queria mais lugares para passageiros, portanto, nada de "sarcófago" tomando lugar na cabine.

Anos atrás também assisti a acaloradas palestras de diretores de nossas cias. aéreas defendendo veementemente o aumento do limite de horas de voo dos aeronautas, para pelo menos 100 horas mensais. Mas ninguém (quis) perguntou para os aeronautas se isso os deixaria mais cansados ou não.



De repente, ontem, recebo material sobre o caso recente envolvendo um comandante demitido. Demitido porque chegou às vias de fato com um operador de "finger" em Congonhas. O próprio aeronauta reconhecia seu erro, apesar de ter sido provocado com insultos (segundo ele) pelo aeroviário, mas o que estava incomodando o comandante e seus colegas era a maneira como foi demitido da empresa aérea, praticamente sem chance de defesa e muito rápido. Um exemplo de terrorismo corporativo, como ele dava a entender.

Há que se perguntar porque se chega a esse ponto: agressão física na frente de passageiros e outros aeronautas e aeroviários. Há que se perguntar também o que há por trás de funcionário (s) agindo dessa forma. lembrando que a própria aviação dá o exemplo dos elos que culminam num acidente aéreo. No caso, um piloto pode ter cometido o erro que culminou em acidente por ter sido (a) mal preparado pela empresa, (b ) ter sofrido pressão da empresa ou de alguém ou (c) não ter reconhecido o erro de alguém mais da empresa, e como ele era o último elo, acabou, infelizmente, dando continuidade ao erro fatal.

De tempos em tempos surge, na aviação, em todo o mundo, pilotos ou mecânicos suicidas que decolam à revelia com um avião de uma empresa e depois acidenta-se deliberadamente, matando a si próprio e a terceiros, em alguns casos. Claro que isso já aconteceu também com motoristas de automóveis. Claro que motoristas também podem estar exaustos e sob pressão, em especial os caminhoneiros. Claro que cada pessoa também deve tentar pesar prós e contras na hora de permanecer ou não em uma empresa onde não se sinta bem como funcionário. Mas, e os clientes, como ficarão, depois de um desentendimento entre as partes? Os clientes de um caminhão e os clientes de uma empresa aérea?

Que riscos um passageiro pode experimentar ao voar com uma tripulação que finge felicidade, realização profissional, saúde física, social, mental e familiar? Que apenas "finge" que está tudo bem?

Em relação ao caso atual, da briga e demissão, está ocorrendo uma mobilização de tripulantes a favor da readmissão do comandante, e que foi iniciada por uma mulher, uma copiloto da empresa. Talvez por nós, mulheres, estarmos acostumadas a sofrer na pele intransigências. 

Sei que, independentemente do final desse caso, que ainda não se resolveu por completo, a  aviação  comercial, a brasileira em particular, vive mesmo tempos sombrios... Eu já escrevi mais de uma vez por aqui que antigamente os aeronautas batiam no peito com orgulho como pilotos da Vasp, Varig, Transbrasil e  Cruzeiro, além de também da Real e da Panair, mesmo da TAM, Rio Sul e outras empresas que não existem mais. Os pilotos e comissários também sofriam na carne e na alma serem tratados como motoristas e enfeites das companhias, mas ainda tinham voz, e hoje nem isso mais têm. Às vezes, só de fora, como ocorre no meu caso, é possível se saber do que ocorre de fato nos bastidores.

Observação: recebi vários arquivos, de áudio e texto sobre o caso recentemente citado mas não fui fundo nos principais detalhes a ponto de tomar partido em definitivo para qualquer dos lados. No entanto, como sei que a relação de aeronautas e empresas vem se deteriorando em todo o mundo, acredito que o que aconteceu também tenha sido consequência dessa mesma deteriorização. Só me resta orar por todos (passageiros, também) e torcer para que os rostos felizes das selfies e fotos de aeronautas uniformizados, amigos meus ou não, que se multiplicam na internet, transmitam de fato o que sua alma sente quando estão em aeroportos ou voando.



sábado, 11 de janeiro de 2020

Plantão Caixa Preta

E X C L U S I V O


QUE TAL UM BOEING 727-200F NEXT GENERATION?


(Foto: Calebe Murilo)

(Por: Solange Galante)
A Total Linhas Aéreas teve autorização da ANAC para prosseguir com seu projeto de modernização de seus Boeing 727F, com a implantação de FMS - Flight Management System – nos trijatos clássicos.
Já homologados RNAV 5 – apenas o PR-TTW é homologado também RNAV 1 – , dois dos três aviões da companhia, no entanto, não suportam/suportavam uma aproximação/saída GNSS (Global Navigation Satellite System, navegação por satélites) como já ocorre na maioria dos aeroportos operados pela empresa em suas atividades de Rede Postal Noturna e fretamentos, devido aos equipamentos instalados principalmente no PR-TTP e PR-TTO, que eram/são bem obsoletos. Essa é ainda a primeira fase da instalação de um trabalho de engenharia que começou há cerca de dois meses e recebeu recentemente a aprovação da ANAC. A Total já deu início à segunda fase de implantação, antes de aguardar o voo de homologação que será supervisionado pelos técnicos da Agência. Como o projeto ainda não foi finalizado, por enquanto, os aviões só operam essa tecnologia em voos visuais.

As fotos abaixo são de Marcelo Steenhagen, com exclusividade para Caixa Preta, mostrando o GPS que acabou de ser colocado no painel do PR-TTP. O próximo a receber o upgrade será o PR-TTO, após a finalização do projeto.






O investimento da Total na modernização de suas aeronaves prova que ainda terão pelo menos alguns anos de serviço pela frente, para a alegria dos entusiastas apaixonados pela aviação clássica.

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quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

PÉROLAS VOADORAS!


NOSSA EXCLUSIVA 
COLEÇÃO DE PÉROLAS VOADORAS!!!

Erros da imprensa especializada e não-especializada sobre aviação.


  
“A francesa Daher-Socata apresentou-se com o seu monomotor TBM 910, que dispensa comentários (...)"

(Revista Flap Internacional edição 564, setembro de 2019)

A fabricante francesa de aeronaves executivas deixou de ter o nome Socata, da empresa que comprou em 2008, em sua marca. O anúncio da renomeação ocorreu no dia 25 de fevereiro de 2015, ou seja, mais de quatro anos antes da matéria acima citada. 

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“11 de setembro. Quatro aviões comerciais foram sequestrados em uma manhã de primavera dos Estados Unidos e transformados em arma." 

(Revista Aero Magazine, edição 300, maio de 2019)

A primavera nos EUA (hemisfério norte terrestre), em 2001, ocorreu entre 20 de março e 21 de junho. O fatídico 11 de setembro de 2001 ocorreu no verão estadunidense.


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CAIXA PRETA DE SHAKESPEARE


Quem acompanha meu Blog, e até quando Caixa Preta era uma coluna em outros sites de aviação, sabe que publico também erros de português (Caixa Preta de Camões), de inglês (Caixa Preta de Shakespeare) e até de idioma espanhol  (Caixa Preta de Cervantes).

A pérola abaixo é óbvia para quem tem um mínimo de conhecimento de inglês e contato com a  aviação. Provavelmente ocorreu por erro de tradução de texto já pronto.

“(...) os Guppies foram construídos a partir de peças dos Stratocrighters C-97* da Força Aérea dos EUA e da linha aérea 377 Stratocruisers." 

(Revista Aero Magazine, edição 304, setembro de 2019)

Este, abaixo, é o Super Guppy, aeronave detalhada no texto da revista.




E o Boeing 377 Stratocruiser (foto abaixo)...

(foto: San Diego Air & Space Museum Archives - Domínio Público)


... era um grande avião para passageiros que, em inglês, se traduz como AIRLINER. 


(definição do dicionário da Cambridge, que não é qualquer dicionário, é claro), no link abaixo:


Vejo também a página da fabricante, a Boeing, que define assim o Straticruiser em sua Historical Snapshot: 

"(...)a new long-range airliner, the Stratocruiser (Model 377). 

Se o Stratocruiser não é uma linha aérea mas uma avião comercial de grande porte para passageiros, de onde surgiu "linha aérea" no texto?

Certamente foi uma tradução errada do texto usado como fonte (em inglês), como se não fosse "Airliner" mas sim AIRLINE.


"a business that operates regular services for carrying passengers and/or goods by aircraft"

E matamos a charada!!!

Lamentamos pelo leitor que não conhece aviação e tem pouco conhecimento em inglês: este recebeu uma informação inverídica e sem qualquer sentido.E pagou por baixa qualidade de informação.

Ah, reparou no asterisco lá em cima?
* Erro de digitação. Não existe Stratocrighters C-97 mas Stratofrieghters C-97. Acima, você viu como uma letrinha faz toda a diferença. Já neste caso, foram duas.

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