CHEGOU AO FIM A 29a. INTERMODAL SOUTH AMERICA, COM AMPLA PARTICIPAÇÃO DA AVIAÇÃO CARGO
Texto: Redação Intermodal Digital
Fotos: todas de Solange Galante
Após três dias intensos de networking, lançamentos e discussões estratégicas, a Intermodal South America 2025
encerrou nesta quinta-feira (24) sua 29ª edição, consolidando-se mais
uma vez como o principal hub de negócios, inovação e conhecimento para o
setor logístico das Américas.
Pela primeira vez realizada no Distrito Anhembi, em São Paulo, a
feira atraiu um público altamente qualificado, reunindo representantes
das cadeias de logística, intralogística e tecnologia, operadores de
transporte, embarcadores, terminais, portos, operadores ferroviários,
autoridades públicas e empresas inovadoras do Brasil e do exterior.
Durante o evento, os visitantes conferiram lançamentos em
equipamentos e serviços de ponta, soluções disruptivas e uma programação
de conteúdo robusta, com fóruns, painéis e palestras abordando temas
centrais como economia, infraestrutura, sustentabilidade, tecnologia e
comércio internacional. Segundo a organização, 49.852 profissionais
circularam pelos corredores do novo pavilhão, representando um
crescimento de 15% em relação à edição anterior.
“Saímos desta edição com a certeza de que a logística é o motor vital
para o crescimento econômico e a transformação sustentável do Brasil e
do mundo”, afirmou o diretor do Núcleo de Infraestrutura e Tecnologia para a América do Sul da Informa Markets Latam, Hermano Pinto Jr..
Para o head de negócios do núcleo de Infraestrutura e Tecnologia da Informa Markets, Fernando D’Ascola,
a edição de 2025 consolida ainda mais o papel estratégico da feira. “A
Intermodal se reafirma como ponto de encontro essencial para quem
constrói o presente e planeja o futuro da logística. A troca de
experiências e as oportunidades de negócios, mensuradas pelo nível de
satisfação dos expositores, comprovam que estamos no caminho certo: rumo
a um setor cada vez mais integrado, tecnológico e sustentável.”
Transformações no Shipping: como a geopolítica influencia o comércio global
A cadeia logística mundial enfrenta mais uma fase de desafios, desta
vez marcada por uma guerra tarifária que afeta o mundo, em especial a
China, principal parceiro comercial global. Em palestra especial no 3º Interlog Summit,
composto pela Conferência Nacional de Logística, com curadoria da
ABRALOG, e pelo Congresso Intermodal South America, o especialista Lars Jensen,
CEO da Vespucci Maritime, alertou: “Não teremos um mundo fácil de
navegar nos próximos dois anos. Precisamos de flexibilidade e
adaptabilidade”.
A nova rodada de tarifas proposta pelo governo dos Estados Unidos
prevê sobretaxas que podem chegar a 145% sobre produtos chineses, o que
amplia significativamente os custos logísticos e operacionais das
transações logísticas. Segundo Lars, o impacto disso reflete diretamente
na cadeia de suprimentos.
Segundo o painelista, algumas companhias marítimas já estão
redesenhando suas operações. “Rotas estão sendo encerradas, outras
deixam de escalar na China, e algumas passam a operar apenas no Canadá
ao invés dos Estados Unidos. As medidas estão sob revisão e passarão por
audiências em maio, podendo ser modificadas. No entanto, já se espera
uma mudança radical nas redes de serviço e um efeito cascata no fluxo
logístico global”. O especialista cita ainda outros conflitos que pesam
na balança comercial, como a crise no mar vermelho, a guerra na Ucrânia,
o conflito na Faixa de Gaza e o aumento da tensão entre Índia e
Paquistão.
Impactos e oportunidades para o Brasil
Apesar do cenário desafiador, o Brasil e a América do Sul estão em
posição relativamente favorável. Apenas 10% das tarifas impostas pelos
EUA atingem diretamente o país. A fragmentação da cadeia global de
suprimentos abre espaço para diversificação de rotas e investimentos em
infraestrutura, desde que haja capacidade para absorver esse
crescimento. No entanto, Jensen adverte que o gargalo está no acesso.
“As oportunidades existem, mas a infraestrutura precisa acompanhar.”
O keynote speaker finaliza dizendo que a chave para o
momento atual é trabalhar com resiliência. “O mundo como conhecemos se
tornou imprevisível. Veremos mais conflitos localizados e, por isso,
precisamos de resiliência. O comércio não vai parar — como vimos na
pandemia — mas será mais desafiador, mais caro e exigente no quesito
estratégia”, concluiu Lars Jensen.
ESG ganha protagonismo no mercado de capitais e reforça sustentabilidade como estratégia de negócios
Estratégia também foi o foco da palestra ministrada pela executiva Onara Lima — especialista em sustentabilidade, conselheira e professora da Fundação Dom Cabral — neste último dia da Intermodal South America. Onara uma reflexão aos presentes: ESG (ambiental, social e governança) não é mais um diferencial, é um imperativo estratégico.
Durante sua palestra, Onara alertou que o mercado financeiro já
entendeu o risco de ignorar variáveis ambientais. “O investidor não
gosta de incerteza, e a sustentabilidade reduz riscos e aumenta a
resiliência dos negócios”, destacou. Para ela, a lógica de encarar a
sustentabilidade como custo precisa mudar. “Enquanto não entendermos que
sustentabilidade não é um apêndice, vamos continuar tratando como
despesa o que, na verdade, pode gerar valor”.
A especialista defendeu que as empresas devem colocar o cliente no
centro, buscar eficiência operacional, escalar soluções ambientais e
corrigir rotas com agilidade. “É preciso analisar onde estão as dores do
negócio. Se eu não entendo o volume financeiro da minha operação,
também não entendo onde estão as oportunidades.”
O Brasil, segundo Onara, tem desafios importantes a enfrentar, como
uma estrutura de transporte ineficiente e baixa qualificação da mão de
obra. Mas também tem espaço para virar o jogo. “ESG é sobre
continuidade. Sustentabilidade não é uma pauta do futuro, é sobre as
decisões que tomamos hoje”, concluiu.
Economia circular e sustentabilidade
Com foco em sustentabilidade e segurança operacional, a Ambipar deu
destaque na Intermodal às inovações tecnológicas em prática na atuação
da empresa, como o robô de combate a incêndios, desenvolvido para atuar
em situações críticas com máxima segurança, e a viatura OPG (Operações
com Produtos Perigosos), utilizada em emergências químicas e
industriais. Ainda na linha da inovação tecnológica, a empresa vem
ampliando o uso da automação para a inspeção de tanques e reservatórios
com o uso de drones, capazes.
“A Intermodal é uma vitrine estratégica para mostrarmos como nossas
soluções ambientais contribuem para a transformação do setor logístico.
Unimos tecnologia, conhecimento técnico e compromisso ambiental para
oferecer respostas rápidas, eficientes e sustentáveis às operações mais
complexas”, destaca Dennys Spencer, head global de Prevenção e Resposta a
Emergências da Ambipar.
Outra frente de atuação da empresa foca na reutilização de resíduos
gerados nos processos produtivos de seus clientes, agregando valor e
transformando-os em matéria-prima ou derivados utilizáveis no ciclo
produtivo. É o caso de clientes dos segmentos alimentício e papeleiro,
cujos resíduos são processados e transformados em etanol.
A empresa também atua na jornada de descarbonização do setor, por meio da plataforma Ambify,
que oferece desde a redução direta da pegada de carbono até a
compensação com créditos ambientais. Com atuação em portos, rodovias e
ferrovias, a Ambipar prepara profissionais para atuarem com segurança em
emergências, promovendo uma cultura de prevenção e sustentabilidade em
toda a cadeia logística.
“Minimizar as emissões de Gases de Efeito Estufa é um dos grandes
desafios atuais. Nossas soluções combinam atuação prática com suporte
estratégico para que os clientes operem com responsabilidade ambiental e
alta performance”, afirma Spencer.
O terceiro dia também foi palco para a cerimônia de entrega do COA
(Certificado de Operador Aéreo) da Braspress Air Cargo (BAC), mais nova
companhia aérea de cargas nacional e oficializa a licença para o início
das operações da companhia. Na ocasião estiveram presentes o
diretor-presidente da Braspress, Urubatan Helou, e o presidente da ANAC,
Roberto José Silva Honorato e sua comitiva, para a entrega oficial.
Em 2026, a Intermodal já tem data de realização definida: de 14 a 16 de abril, no Distrito Anhembi, em São Paulo.
------------------------------------------------------------------------------
Confira alguns participantes ligados à aviação da 29a. Intermodal South America:
American Airlines Cargo, uma das mais tradicionais participantes do evento
Grupo CCR Aeroportos: parceiro de vários clientes.
A concessionária Zurich Airports Brasil destacou seu terminal em Florianópolis. A Zurich tem 100% da operação dos aeroportos de Florianópolis, Vitória, Macaé e Natal.
Lufthansa Cargo e Swiss World Cargo: também muito tradicionais no principal evento de logística do Brasil.
LATAM Cargo: uma gigante na América Latina.
O Aeroporto Internacional de Campinas (Viracopos) é o maior "hub" de carga aérea do Brasil.
Azul Cargo Express: beneficiando-se da maior malha doméstica de uma companhia aérea brasileira.
Desde que a GRU Airport assumiu o Aeroporto Internacional de Guarulhos várias companhias aéreas de cargas iniciaram voos lá.