terça-feira, 22 de outubro de 2019

SPEECH


(Textos e foto: Solange Galante)

Exatos 40 anos atrás eu comecei a gostar de aviação. Sem ter tido qualquer incentivo para isso. Sem ter tido parentes aviadores ou aeronautas ou aeroviários, sem nunca ter entrado num aeroporto ou voado em qualquer avião, por menor que fosse. Mas o aerococus me picou.

A primeira pessoa da aviação que conheci pessoalmente chamava-se Waldemar Alves Vianna. Ele era diretor de tráfego do Departamento de Aviação Civil em Congonhas. Eu tinha ido lá para ele me ajudar a fazer um trabalho de escola. Depois, eu entrevistei um piloto executivo que "seu" Waldemar me indicou e de quem apenas lembro o primeiro nome, Guilherme, para o mesmo trabalho escolar. Era, pra mim, como se ele fosse um piloto de 747, embora não chegasse a tanto!

Quase na mesma época minha mãe teve que comprar para mim o livro "Eu Quero Voar", de Lucy Lúpia Pinel Balthazar, a lendária "Primeira PLA" de direito, brasileira, que eu vi à venda na La Selva de Congonhas, a saudosa La Selva.... Fiquei ainda mais encantada, desta vez, com a luta de uma mulher pelo seu voo profissional.

Eu já tinha me encantado por outra mulher, a acrobata Márcia Mammana, que vi pela TV. E fiquei chocada com sua morte trágica.

Essas duas mulheres e eu mesma, apaixonada desde então pela aviação, foram o ponto de partida para eu criar a personagem Sônia Maria Munhez do meu romance "A Ás", publicado em 2016, após ter sido reescrito (e aperfeiçoado) dezenas de vezes e ter sido publicado cerca de 35 anos depois de iniciado.

Para tirar dúvidas sobre aviação para escrevê-lo acabei conhecendo e fazendo amizade com Lenildo Tabosa Pessoa, então o mais famoso jornalista especializado em aviação do país. Piloto privado, ele se tornou meu amigo.

O polêmico Lenildo foi o combustível para inflamar ainda mais meu amor pela aviação, com material que me dava e com troca de ideias que tínhamos sobre aviões.

Mas, apesar disso tudo, eu ainda não havia voado, nunca.

Eu chegava no terraço coberto de Congonhas, onde tinha aquela grade de alumínio que nos separava do pátio lá embaixo, via os aviões da Vasp, Varig, Transbrasil, Cruzeiro, Aerolineas Argentinas, LAP e outras, estacionadas perto da pista, e pensava: "Voar é muito caro. Nunca vou voar. Mas eu amo os aviões mesmo assim!"...

Amor incondicional!!! E recompensado por Deus, o "Grande Cara" lá de cima, pois, muitos e muitos anos depois, hoje me orgulho de dizer que a maioria dos meus voos até hoje foram de graça!

Mas, naquele 1982, haveria o primeiro voo, enfim!!! Lenildo, que era sócio do Aeroclube de São Paulo, me colocou no Corisco PT-NJS juntamente com um dos filhos dele e um de seus amigos e fomos a Viracopos. E retornamos ao mesmo Campo de Marte. Sim, este foi meu primeiro voo da vida! E adorei!

Já em 1985, dois dias antes de inaugurarem o Aeroporto de Guarulhos, lá estava eu de novo com Lenildo, desta vez, ele me encaixou num voo de jornalistas no Boeing 767 PT-TAC, o Charlie, em meu primeiro voo em avião comercial! Fomos e voltamos nesse "salto" CGH-GRU-CGH.

Mais alguns meses se passaram, fui com minha mãe num bate e volta ao Rio de Janeiro só para eu ter o gostinho de ser passageira "comum" pela primeira vez e sair do Estado de São Paulo pela primeira vez na vida. O voo foi CGH-GIG, a opção a jato à Ponte Aérea, num 737-200 da Varig (não anotei a matrícula do avião!!!). Meus amigos hoje me xingam de eu não ter voado de Electra para o SDU, mas acho que era só o voo de jato que dava direito a parcelamento da passagem, eu tinha pouca grana, tanto que minha mãe e eu voltamos, na noite do mesmo dia, de ônibus, para São Paulo!!!

Pouquíssimo depois, eu fui convidada, bem em cima das hora, pelo Lenildo, para outro voo com jornalistas, desta vez no Boeing 737-300 da Piedmont em demonstração entre CGH e SDU, visando ser o equipamento futuro da Ponte Aérea. Foi um convite tão à queima-roupa que fiz o voo sem qualquer registro fotográfico: era dia 7 de setembro, feriado, e não achei onde comprar filme para minha pequenina Kodak Instamatic!

Esses foram meus primeiríssimos voos, minhas primeiras experiências na aviação! Só puderam ser proporcionados por pilotos, homens e mulheres, anônimos ou não!

Por isso, além de lhes dizer, com esta crônica o quanto vocês me foram e ainda são importantes para mim, e desejar-lhes um FELIZ DIA DO AVIADOR com voos altos e seguros, publico aqui, em primeira mão, um pequeno trecho de meu livro "A Ás" que dedico especialmente aos que ainda não leram esta obra. (Não se preocupe, não é um "spoiler" para a história como um todo! Você ainda tem muito o que ler! ) 

Divirtam-se, meus amigos Aviadores!!!


quarta-feira, 9 de outubro de 2019

SPEECH

FINALMENTE LUCIDEZ!
A PONTE AÉREA RIO-SÃO PAULO OU SÃO PAULO-RIO NÃO EXISTE MAIS!

ATENÇÃO! Atualizado em 10 de outubro!

Por: Solange Galante

Mas, calma!!! Você não vai precisar ir de ônibus de lá pra cá, entre as duas metrópoles!




É que, depois de tantas reportagens na imprensa não especializada falando que a "Ponte Aérea fez 60 anos este ano", surgiu a excelente matéria da revista Flap Internacional deste mês (embora com data de capa Setembro de 2019), de autoria de Mário Sampaio, com o título "A ponte aérea não fez 60 anos" e esclarecendo que o "pool" chamado Ponte Aérea deixou de existir em 1999 (ufa!!!)

Eu sempre defendi a queda do termo "Ponte Aérea" por causa disso. E, além disso, participei de um dos últimos voos do final do "pool", então apenas entre Vasp e Transbrasil, que durou até 30 de abril de 1999, quando a Transbrasil saiu e ambas ficaram sozinhas com seus voos.

Eu tinha ido ao Rio num voo da Transbrasil no dia 27 de abril de 1999, no PP-TEH, para retornar pela Vasp em 29 de abril seguinte, no PP-SOU. Como a Vasp já sabia que passaria a voar sozinha na rota a partir de maio, presenteou os passageiros, no meu caso, eu retornando a São Paulo, com uma porta cartões de visitas em couro e, no serviço de bordo pudemos saborear um delicioso prato de massa (penne, com camarões graúdos, acreditem ou não!) Pena que eu estava sem câmera, na ocasião, mas foi um almoço delicioso. Para cativar clientes.

Portanto, hoje a rota mais famosa do Brasil é apenas... A rota mais famosa do Brasil, e ponto final. "Ponte Aérea" sugere "pool" , a exemplo do esforço aéreo entres EUA, França e do Reino Unido para suprir Berlim durante o controle soviético da capital alemã no final da década de 1940.

Quem sabe um dia a bobagem de ainda chamar a rota de "Ponte Aérea" deixe de acontecer...

ALIÁS....

Sendo assim, que tal comemorarmos não a Ponte Aérea, mas a ROTA São Paulo-Rio (ou vice versa) desde que a VASP a implantou em 30 de novembro de 1936 (após o início frustrado de 5 de agosto de 1936?


terça-feira, 8 de outubro de 2019

Diretamente dos nossos "Archivos"

CHARLIE...

Por: Solange Galante

Há alguns anos escrevi, para uma revista, uma crônica sobre o Boeing 767-200 PT-TAC da Transbrasil, sobre o qual eu já escrevi bastante aqui. Mas a revista editou e reduziu bastante a crônica (e não foi por falta de espaço).

Bem, o texto original está aqui. Foi escrito antes do Charlie, como eu chamo carinhosamente o avião, ser leiloado, arrematado, parcialmente desmanchado, ter peças surrupiadas e, depois, ter sua fuselagem praticamente abandonada perto de Brasília. E antes de eu ganhar uma parte dele, deste "amigo avião", que hoje tenho orgulhosamente em casa.
A história dele ainda não acabou. Qual será o futuro de seu "charuto", lá onde jaz, em Goiás? Quem sabe ainda não teremos um final feliz?


Foto: Afonso Delagassa