segunda-feira, 30 de março de 2020

SPEECH


AGUARDANDO O "DAY AFTER"


Reprodução - flightradar24.com

(por: Solange Galante)


De repente, o que parecia um problema restrito à longínqua (para nós) Ásia ganhou um volume tal que penetrou, feito um gás tóxico, em todos os cantos do mundo, obrigando pessoas a se refugiarem em suas casas, sem saber o dia de amanhã.

Como elemento fundamental da globalização, assim como as telecomunicações, a mesma aviação que espalhou o Covid-19 por todos os continentes na velocidade do jato é uma de suas primeiras vítimas. Todos sabemos o quão sensível é a indústria das viagens comerciais, e como tem margens de lucro imensamente pequenas, e custos elevadíssimos.  Fronteiras foram fechadas, companhias aéreas pararam por falta de passageiros, os voos que foram mantidos tiveram que ganhar regras novas, buscando a segurança sanitária tanto quanto a sempre perseguida segurança de voo.

A aviação comercial mal tinha superado a crise de 1999 quando o 11 de setembro de 2001 caiu sobre ela feito o meteoro da extinção dos dinossauros. O resultado foram falências – inclusive no Brasil, tornando nossas três principais companhias clássicas apenas passado – e uma onda simultânea de fusões jamais antes vista. Seguiu-se a crise de 2008, e nem as companhias "low costs", filhas da necessidade urgente de cortar custos, conseguiram tocar os planos iniciais, necessitando adaptá-los, sem demora, a novos tempos, novas exigências e legislações. Por exemplo: a brasileira Gol Linhas Aéreas queria prescindir dos agentes de viagens para venda de passagens e do fornecimento de lanches a bordo – não conseguiu, teve que se adaptar aos agentes e à fome dos passageiros. Depois, tendo surgido a Azul Linhas Aéreas, conhecemos uma autêntica Low Costs com High Fares. Era óbvio que um país como o Brasil, centralizado no sudeste, não conseguiria espalhar hubs em todo seu território, de norte a sul, de leste a oeste, como nos Estados Unidos.

Mas, de trupicão em trupicão, íamos voando e a quantidade de passageiros só crescia, tanto nos voos nacionais quanto nos internacionais (Segundo a ANAC, foram 104,4 milhões de passageiros pagos em 2019, no total, 1,35% a mais que em 2018). A maior crise da atualidade, e em âmbito mundial, parecia ser mesmo a da Boeing, com uma enxaqueca chamada MAX, Boeing 737 MAX.

Entramos em 2020. Ainda prendíamos a respiração diante do terrível assassinato de 176 pessoas do Boeing 737-800 da Ukraine International que foi abatido por mísseis após a ação anti-terrorista dos Estados Unidos contra o Irã e, de repente, o novo corona vírus, até então ainda não batizado como Covid-19, ganhou asas e resolveu ir "trabalhar" no ocidente. E ele partiu da China de avião.

Como um efeito cascata a globalização mostrou seu lado mais negro, um misto de perigo sanitário real e pânico de manada, ceifando não só vidas, mas economias.

Vivemos simplesmente uma guerra, desta vez, contra um inimigo invisível para o qual ainda não termos arma definitiva, só cuidados paliativos visando evitar a transmissão. Os menos resistentes são os nossos queridos idosos. Quem diria: há anos o mundo inteiro se preocupava com uma boa notícia: estamos vivendo mais, passando cada vez mais facilmente dos cem anos de idade, e com disposição até para iniciar atividades físicas moderadas após os 60, 70, 80. Graças à ciência, à qualidade de vida e nossa própria auto-estima e auto-valorização temos mais saúde até idades avançadas.O que preocupava, entretanto, era ter dinheiro o suficiente para pagar as aposentadorias dessa  multidão anciã. Pois, numa pirâmide invertida, a maior parte da população passava a ter mais idade, e menos jovens nasciam para, com seu trabalho futuro, suportar as previdências sociais.

De repente, o que vemos? Uma faxina etária, levando principalmente milhares de idosos para tristes funerais rápidos e sem velório, com cremação. No nosso futuro Day After, ainda sem previsão de se iniciar, o primeiro ponto a considerar será o rejuvenescimento da população mundial. Com os idosos, vão-se os conhecimentos da era analógica. Nossos jovens já nascem 100% digitais, iniciando projetos, novos conhecimentos e comportamento praticamente do zero. São eles que vão ditar as próximas décadas.

Vários movimentos empresariais estavam em curso quando o vírus  coroado surgiu. O mais conhecido no Brasil, a compra, pela Boeing, do segmento de aviação comercial da Embraer. Para competir com a Airbus, agora fabricante dos então novos aviões regionais da Bombardier, renomeados Airbus A220. Só que, como já escrevi aqui, a Boeing vive, há mais de um ano, a "enxaqueca MAX", que detonou muito não só sua lucratividade como também sua credibilidade.

Falei em Airbus: contrariando planos otimistas do passado, a gigante europeia antecipará para 2021 o fim da produção do gigante A380. Sua principal cliente para esse modelo, a Emirates Airline, dos Emirados Árabes Unidos, em consequência ao Covid-19, reteve no chão a maioria  de todos seus voos a partir de 25 de março. Ela ainda tinha pra receber cerca de 14 A380, fora modelos  A330-900 e A350-900. Mas tudo pode mudar, depois que a crise do novo Corona vírus passar.

Atingindo diretamente a América Latina, a Delta Airlines adquiriru 20% da Latam, o que significou imediatamente três coisas: a empresa norte-americana trocou a Gol pela Latam (inclusive a Latam Brasil, ex-TAM) e esta última, além de ter trocado sua parceria com a American Airlines pela Delta anunciou também sua saída da aliança OneWorld, o que deveria levar cerca de um ano, para depois, com certeza, entrar na Skyteam, onde já está a Delta.

Agora, com o impacto que o Covid-19 causará globalmente, seguirão adiante esses negócios?

Terrivelmente impactada pelo novo corona vírus, a Europa conseguirá manter grande grupos como o Air France-KLM, Lufthansa-Swiss, IAG (British Airways-Iberia) coesos? Donde se presume que novas fusões poderão acontecer.

O conhecido FlightRadar24 revelou  que o número de voos comerciais caiu 55% na última semana de março, se comparado ao mesmo período do ano anterior. O portal revelou que o número total de voos, em março de 2019, era de 176 mil. Um ano depois, o panorama está completamente diferente, com apenas 145 mil voos diários (queda repentina de  31 mil voos por dia). E ainda diminuindo, claro...

E no Brasil? Após a falência da Avianca Brasil, qual será o futuro da Latam Brasil, Gol e Azul, sem contar na regional VoePass, outrora Passaredo, recém compradora da MAP? E as concessionárias de aeroportos endividadas, como a Aeroportos Brasil, que quer "devolver" Viracopos ao Governo Federal ou a Inframérica, pioneria das concessões, que quer fazer o mesmo com o aeroporto de Natal?

Na esteira disso tudo, como fica o mercado de pilotos, comissários de voo e mecânicos em todo o mundo? E a formação desse pessoal?

Considerando que o mundo não vai acabar, "apenas" se modificar muito (e bota muito nisso), em breve teremos uma demanda reprimida que necessitará (ainda, ou até mais) voar para reerguer as economias, criando oportunidades para novos negócios. Sempre foi assim, será assim. Graças a crises anteriores (só citando as mais recentes) surgiram tanto as Low Costs carriers quanto os jatos executivos "single pilots", antes chamados de VLJ (Very Light Jets). E eram crises pequenas, comparadas à atual. Aguardemos os próximos capítulos da série!

Continuaremos acompanhando esse movimento todo!


quinta-feira, 26 de março de 2020

Diretamente dos nossos "Archivos"


EM TEMPOS DE CRISE MUNDIAL, LEMBRANDO DO COMETA HALLEY

Em 1986, o que agitou o nosso planeta azul foi a proximidade do famoso Cometa Halley. Na sua aparição anterior, em 1910, teria causado pânico mundial, devido à divulgação de sua composição, repleta de gases tóxicos. Ele veio, passou pela Terra, o pânico se mostrou desnecessário, e foi embora, sendo visível apenas para quem não estava sob capota de nuvens... ou para quem voava acima delas!

O recorte de jornal abaixo fala de voos da Vasp previstos para observação do cometa. O Halley passou pela Terra em 9 de fevereiro.


(fonte: Shopping News/City News)

sábado, 14 de março de 2020

DEU N@ INTERNET


O COMBATE  AO DESRESPEITO AO DIREITO AUTORAL


Desde que iniciei este Blog meus leitores
devem ter visto este aviso por aqui:


ATENÇÃO!

Todos os textos e fotos postados neste Blog estão protegidos pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, a Lei de Direitos Autorias.
Algumas revistas, não só de aviação, se baseiam na Lei 5.988/73 que foi revogada pela Lei 9.610/98. Independentemente se você é jornalista formado e/ou registrado ou não, sendo autor de qualquer obra intelectual, fique atento!!!
Veja o texto da Lei EM VIGOR em:


Mas eu sei que poucos levam a sério o Direito Autoral. Não só meus leitores, mas leitores do mundo todo. Gente de todas as idades mas especialmente os jovens (não exclusivamente, é claro), pelo que percebo na Rede. Afinal, estamos na Era do Ctrl "C" CTrl "V", onde se copia facilmente tudo, desde textos usados para forjar Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) até fotos que alimentam Blogs, Sutes e Canais de aviação, que surgem todo dia na internet.  
Insisto que Direito Autoral é muito sério, e abaixo, mais uma prova disso.


***Texto integral extraído do site do
Supremo Tribunal de Justiça***

http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Direito-autoral-deve-ser-respeitado-mesmo-que-foto-esteja-disponivel-na-internet.aspx
DECISÃO
09/03/2020 08:05

Direito autoral deve ser respeitado mesmo que foto esteja disponível na internet

​A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu provimento ao recurso de um fotógrafo para garantir seus direitos autorais sobre uma foto utilizada sem permissão pela Academia de Letras de São José dos Campos (SP).
O colegiado concluiu que o fato de a imagem estar disponível na internet, onde podia ser encontrada facilmente por meio dos sites de busca, não isenta o usuário da obrigação de respeitar os direitos autorais do autor. Pelo uso indevido da foto, a academia foi condenada a pagar R$ 5 mil de danos morais.
O fotógrafo ajuizou ação declaratória de propriedade intelectual de imagem após perceber que a academia estava utilizando uma de suas fotos sem autorização. O juízo de primeiro grau condenou a academia a inserir o nome do autor junto à foto e a pagar R$ 354 de danos materiais.

Na intern​​et

A sentença, porém, não reconheceu danos morais – o que foi mantido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) sob o fundamento de que a foto havia sido disponibilizada livremente pelo fotógrafo na internet, sem elemento que permitisse identificar a sua autoria.
No recurso especial, o fotógrafo alegou que a indenização por danos morais era devida, uma vez que não houve indicação da autoria, e questionou o entendimento do TJSP de que a foto estaria em domínio público.
A relatora, ministra Nancy Andrighi, lembrou que a Lei de Direitos Autorais impede a utilização por terceiros de obra protegida, independentemente da modalidade de uso, nos termos dos artigos 28 e 29. Segundo ela, entre os direitos morais do autor está a inserção de seu nome na obra; na hipótese de violação desse direito, o infrator deve responder pelo dano causado.
"Os direitos morais do autor – previstos na Convenção da União de Berna de 1886 e garantidos pelo ordenamento jurídico brasileiro – consubstanciam reconhecimento ao vínculo especial de natureza extrapatrimonial que une o autor à sua criação", afirmou a ministra.

Presunção equiv​​ocada

Ao justificar o provimento do recurso, a relatora assinalou que, ao contrário do entendimento do TJSP, "o fato de a fotografia estar acessível mediante pesquisa em mecanismo de busca disponibilizado na internet não priva seu autor dos direitos assegurados pela legislação de regência, tampouco autoriza a presunção de que ela esteja em domínio público, haja vista tais circunstâncias não consubstanciarem exceções previstas na lei".
Nancy Andrighi salientou que o próprio provedor de pesquisa apontado pelo TJSP anuncia, ao exibir as imagens após a busca, que elas podem ter direitos autorais, sugerindo, inclusive, que se consulte material explicativo disponibilizado acerca da questão, acessível pelo link Saiba Mais.
"Portanto, assentado que o direito moral de atribuição do autor da obra não foi observado no particular – fato do qual deriva o dever de compensar o dano causado e de divulgar o nome do autor da fotografia –, há de ser reformado o acórdão recorrido" – concluiu a ministra, arbitrando em R$ 5 mil o valor dos danos morais.
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segunda-feira, 9 de março de 2020

PÉROLAS VOADORAS!


NÃO, NÃO É UM AVIÃO...

Sim! É um helicóptero, e daí?

Daí que no helicóptero, na maioria dos casos, como neste, tem configuração diferente!

Não importa se a empresa de comunicação é pequena ou grande. A informação tem que ser correta seja no jornal da sua rua ou em megas indústrias da informação, como a TV Globo. Melhor evitar "enfeitar" muito, quando não se tem certeza.

As fotos abaixo são de uma reportagem recente do Fantástico sobre os perigos das correntezas para os banhistas nas praias e os resgates reais com helicópteros de polícias em Floripa e Rio de Janeiro, principalmente. As legendas dentro da foto foram colocadas não por mim, mas pelos mesmos editores.




Está mais do que nítido que os helicópteros mostrados eram do modelo Esquilo, sendo que apareceram na reportagem tanto o PP-MBM quanto o PR-HGR, ambos AS350 B2, largamente utilizado por nossas polícias. Inclusive, a Globo também utiliza helicópteros do modelo Esquilo há décadas para suas filmagens.



O detalhe é que, inclusive nos Esquilos, a enorme maioria dos helicópteros colocam o piloto principal, que pode ser chamado de comandante, do lado direito, enquanto que o copiloto, quando houver, está do lado esquerdo. E não o contrário, como ocorre com os aviões.

Quer comprovação? Vamos lá?

Veja o interessante texto do site www.aerocurso.com no link https://www.aerocurso.com/?r=noticia/view&id=1552 , sob o título Por que o Comandante de Helicóptero senta-se na direita?
Eu também já havia visto textos (de jornais) incluindo a mão inglesa (para automóveis) e cavaleiros medievais (!) no histórico dessa configuração, bem como há inúmeras hipóteses históricas além dessas.  Ou, até mesmo, resumindo que a maior instabilidade do helicóptero, em relação ao avião, criou essa diferenciação.

A foto abaixo, da mesma reportagem de TV, também é interessante, já que mostra o piloto da esquerda com as mãos livres, fora dos comandos. Pois quem está pilotando é o da direita


Alguma dúvida?

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NÃO SÃO APENAS LETRINHAS, SÃO DOCUMENTOS DIFERENTES



A reportagem do site Aeroin comenta que duas aeronaves ATR (PR-MPO e PR-MPZ) da MAP, empresa absorvida pela Passaredo (VoePass) encontram-se sem voar por estarem com IAM (Inspeção Anual de Manutenção) vencida. Acontece que essa empresa aérea opera sob regras RBCA 121 (Operações de transporte aéreo público com aviões com configuração máxima certificada de assentos para passageiros de mais de 19 assentos ou capacidade máxima de carga paga acima de 3.400 kg).

Segundo a ANAC  - "Atualmente, a IAM deve ser obrigatoriamente realizada a cada 12 meses para todas as aeronaves que operam segundo o RBHA/RBAC 91 ou RBHA/RBAC 135, não registradas na categoria TPR (TPR - Transporte Aéreo Público Regular)." (Fonte: https://www.anac.gov.br/assuntos/setor-regulado/aeronaves/manutencao-e-controle/aeronaves/diam)

Mas, com o RBAC 121 é diferente!

Por isso, para ter certeza e meus leitores terem comprovação, questionei a ANAC: "quando a empresa é RBAC 121, seus aviões têm que ter válido não IAM mas RCA, correto?"

A resposta foi: "A sua colocação está correta, conforme disposto na Instrução Suplementar IS Nº 21.181-001 "

O que é RCA? Trata-se do Relatório de Condição de Aeronavegabilidade.  Conforme a ANAC explica (vide a fonte: https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-21-181-001/@@display-file/arquivo_norma/%20IS21.181-001C.pdf ) :

"O RCA emitido pela Empresa Aérea operadora ou pela Empresa de Manutenção devem ser assinados pelo Diretor de Manutenção, qualificado conforme o RBAC 119, e pelo Responsável pela Qualidade dos Serviços – RPQS, qualificado conforme o RBAC 145, respectivamente.

Considerando a data de validade do CA, a Empresa Aérea operadora da aeronave segundo o RBAC 121 ou segundo o RBAC 135, registrada na categoria TPR, pode solicitar a realização de VTE, de acordo com procedimento previsto, de modo a coincidir com a data provável de conclusão de tarefas do programa de manutenção da aeronave; entretanto é necessária a solicitação da VTE, por parte do operador de aeronave, com uma antecedência mínima de 60 (sessenta) dias antes do vencimento do CA, para que o RAB possa reemitir o CA em tempo hábil."

Acontece que...




Conforme destaquei na consulta sobre a situação do PR-MPZ da Map/VoePass, no próprio RAB aparece, na última linha IAM vencida. Ou seja, a ANAC, por meio do RAB também induziu ao erro ao se contradizer.


Entretanto...

Nisso reside o conhecimento do jornalista que, mesmo sem ser especialista, deve ter noções básicas para escrever corretamente, ou saber quem é a melhor fonte para tirar dúvidas e, então, saber de fato o que escrever.
Se for especialista, então... aí, não terá desculpa... E não adianta dizer "depende da interpretação".

"Depende da Interpretação" é conselho para poetas, escritores, roteiristas. Jornalismo exige clareza máxima, para amplo público, do leigo ao especializado.

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ENQUANTO ISSO, NO IRÃ... 

(corro risco de vida, ao expor isso???)


Homenagem, no Irã, às vítimas do Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines abatido por engano em janeiro passado. Mas, com tanta foto de Boeing 737-800 disponível por aí, tinham que ter colocado a imagem de um Boeing 707 ???


sábado, 7 de março de 2020

SPEECH

8 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DA MULHER. DA MULHER QUE VOA, TAMBÉM!


E da mulher que faz voar. E da mulher que controla quem voa. Etc

Durante séculos a mulher foi vista apenas como provedora de novos seres humanos, para a perpetuação da espécie. Sua reduzida força muscular, em relação aos homens, a colocavam em segundo plano em muitas atividades. A necessidade de cuidados durante sua gravidez e cuidados com os filhos pequenos faziam com que muitos homens preferissem colocá-las em espécies de redomas culturais e morais, distanciando-as de todas as demais atividades que não se relacionassem com a maternidade.

Mas as mulheres perceberam que eram capazes de fazer muitas outras coisas além de amamentar, cozinhar, tecer, tocar piano etc. E resolveram colocar a cara pra fora de casa.
Fico imaginando as mulheres que lutavam nas guerras – não falo das enfermeiras, mas das combatentes, mesmo – e aquelas que desafiaram as regras sociais de época.

Na aviação, mulheres me deram sempre muitos bons exemplos. Quando comecei a gostar de aviação, no final da década de 1970, destacavam-se Lucy Lúpia, primeira PLA brasileira de direito, e este reconhecido décadas depois, apenas. Por preconceito masculino. Também era pauta Márcia Mammana, acrobata. Essas duas mulheres me inspiraram a escrever "A Ás", meu romance cuja principal personagem é uma suposta primeira PLA da  aviação comercial brasleiira, que despertava igualmente tanta admiração e curiosidade quanto preconceitos.

Minha interação com a aviação me levou a saber do preconceito de Hélio Smidt, então presidente da Varig contra suas candidatas a pilotos. Enquanto que a Vasp já colocava algumas nos "cockpits" de sua frota.

Quando resolvi reescrever "A Ás" conheci Claudine Melnik, então primeira piloto da  aviação regular brasileira a ascender ao posto de comandante, pela Brasil Central.

Muitas outras conheci, da Varig,Vasp, Transbrasil, TAM, quando eram apenas 10 ou 11 na aviação comercial  brasileira toda (meados da década de 1990). Conheci mulheres da regional Rio Sul, controladoras de voo civis e militares e pilotos mulheres da aviação geral.

Voei com a primeira copiloto internacional da Transbrasil. Voei com uma das copilotos de Sikorsky S-76 em missões "offshore" no Rio de Janeiro. Voei com a primeira copiloto da Varig na ponte aérea Rio-SP. Anos depois, voei com duas pilotos da Lufthansa Cargo, entre dacar e Frankfut.

Em todos esses voos pude testemunhar seu profissionalismo e até, na prática, teorias de que elas têm um certo cuidado a mais que os homens, por exemplo, no delicado voo dos helicópteros.
participando das reuniões de grupos de aviadoras, que também admitiam profissionais como mecânicas, controladoras de voo .comissárias, acrobatas etc em suas atividades. E sempre precisa se superar para ser aceita, ou seja, sempre fazer "a mais".

Todas, aliás, ajudaram a compor em definitivo minha personagem principal de "A Ás" para o lançamento definitivo do livro, em 2016.

Por minha vez, embora o jornalismo possua profissionais mulheres no Brasil, em várias áreas, algumas das quais até predominando o sexo feminino, por eu escrever sobre aviação isso chegou a causar estranhamento. Hoje, além de ser a mais premiada jornalista (incluindo homens premiados) de aviação brasileira, acredito ser pelo menos uma das mais longevas ininterruptamente profissionais, no Brasil.

O preconceito ainda existe, inclusive na aviação, mas a verdade é que as mulheres tiram de letra qualquer atividade na área e, com isso, o futuro é cada vez mais promissor para elas.Sorte "deles", seus colegas homens!


Enfim, parabéns a todas as mulheres, de todas as profissões!

 E Feliz 8 de Março!!!


(Foto: Coleção Solange Galante)

quarta-feira, 4 de março de 2020

***Colaboração***

  DUAS CAPAS IGUAIS:
VOCÊ JÁ TINHA PERCEBIDO?


Nosso leitor Christian Chriscolo Saavedra nos enviou fotografadas duas capas da revista Flap Internacional de sua coleção (edição 255, de 1993, e edição 291, de 1996, com a mesma foto de um Learjet 60).

A mais antiga revista de aviação brasileira ainda publicada sempre se destaca pelas grandes e lindas fotos em suas capas, ao longo desses mais de 55 anos de vida, procurando não repetir nenhuma, afinal, a disponibilidade de imagens é sempre grande na redação da Flap. Esta foto, ou escapou ou foi realmente repetida por algum motivo muito especial, que desconhecemos.

E você? Já viu alguma outra capa da Flap repetida, para enviar-me? Faça como o Chris e colabore com este Blog de bastidores da aviação, com qualquer curiosidade da área!







domingo, 1 de março de 2020

PÉROLAS VOADORAS!

UMA PÉROLA MILITAR

(por: Solange Galante)

(Obs: o destaque azul não é original do texto, eu que acrescentei)

Mesmo com 24 anos de experiência ininterrupta em jornalismo de aviação – fora o tempo apenas como entusiasta –, eu confesso que não sei tudo, ainda mais nessa área tão abrangente e que evolui a cada hora. Em relação à aviação militar, então, só escrevi, até hoje, uma matéria, sobre os ensaios em voo do Super Tucano em Gavião Peixoto, muitos anos atrás, para a Aero Magazine. Demais oportunidades que surgiram, com pautas que me foram oferecidas, inclusive para escrever toda uma revista sobre Aviação Militar na América Latina, eu recusei. Por quê? A Aviação Militar é para entendidos em... aviação militar! É outro mundo, com outros interesses, outras fontes de verba etc. Praticamente, em comum com a  aviação civil, é que suas aeronaves também... voam! Mas, é claro, eu também procuro ter uma noção básica sobre a área, justamente para não pagar mico...

Eu sei que as tais "aeronaves que não aparecem no radar", e que são chamadas de "invisíveis", nunca o são totalmente mas possuem baixíssima "assinatura radar" e, para isso, são construídas com formatos e/ou materiais, enfim, com uma tecnologia própria para impedir ao máximo o retorno dos sinais eletromagnéticos dos radares de defesa antiaérea, que denuncia a presença do inimigo. Essas aeronaves são chamadas, em inglês, "stealth" (furtivo).

Acontece que, embora muitas pessoas pensem assim, nem toda aeronave militar é "stealth", nem todo avião norte-americano empregado em guerras são "stealth", e mesmo o famosíssimo e longevo projeto B-52 Stratofortress, com seus oito motores a jato... não é "stealth". O que significa que, infelizmente, ele aparece sim em qualquer radar.

Um site que costuma escrever belas reportagens sobre aviação militar é o Airway e, coincidentemente, achei uma matéria deles ( https://www.airway.com.br/como-funcionam-os-avioes-invisiveis ) que mostra o quanto é grande a "assinatura radar" do B-52, comparada a um avião realmente "stealth", no caso, o F-117.

Creio que o redator do Aeroin estivesse confundindo o B-52 com o Bombardeiro B-2, que já esteve na FIDAE (quando eu também estava lá, aliás), que é, este sim, "stealth".