sábado, 30 de janeiro de 2021

Plantão Caixa Preta

 EXCLUSIVO

A ARTE DE UM CONCURSO

PERDIDO NO TEMPO


Atualizado em 10 de fevereiro às 23 h





(por Solange Galante - texto e fotos)


Poucos se lembram, mas muitos participaram. Em 1999 a VASP realizou um concurso para o público sugerir a mudança visual da companhia. Uma das poucas regras era manter as cores e a logomarca já existentes.

Brasil inteiro participou. Teve até participações de pessoas do exterior. Foram dezenas e dezenas de desenhos, alguns feitos em computador, outros, a mão mesmo, por artistas amadores ou profissionais, usando como base aviões que a companhia já operava (Boeing 737, MD-11, Airbus) ou mesmo aeronaves que nem sequer estavam nos planos da Vasp, como Boeing 747 e Fokker 100.

Mas foi um concurso frustrado. A companhia não acabou aproveitando nenhum dos desenhos enviados, e simplesmente pintou com as cores verde e amarelo a parte interna de seu logo redondo – o que até mesmo rendeu ao mesmo o apelido de "pizza".

O tempo passou, a Vasp entrou em crise, parou de voar, faliu, e ninguém mais se lembrava nem do concurso e nem dos desenhos.


O RESGATE


O empresário Juliano Franchini , que não tem ligações com a  aviação comercial, caiu de paraquedas na história da VASP ao adquirir um lote monstruoso de objetos da empresa que seriam jogados no lixo. Ele comprou louças, partes de aeronaves, uniformes, quadros, bandeiras, manuais... e vieram junto duas caixas contendo dezenas e dezenas de ilustrações de aeronaves. Ele não anunciou, nem sabia a que se referia, mas eis que meu faro jornalístico, aviatório e investigativo me levou até ele.

Praticamente todo o material está identificado, com pelo menos o nome completo do participante do concurso. Alguns possuem o endereço completo (pois a maioria ainda está no seu envelope original de envio) e até mesmo telefone, número de documentos e email. Todos os envelopes foram aberto e avaliados sim pela VASP pois contém as palavras "não" e "sim" rabiscadas neles, o que sugere uma pré-seleção. Infelizmente, o tempo e a umidade deixaram o material manchado e parcialmente borrado mas os interessados ainda podem recuperá-los. 

Enfim, esse material pertence ao seus artistas criadores, os designers interessados na companhia. Juliano e eu concordamos que deveríamos ajudar os artistas a reencontrarem suas obras. A ideia é a seguinte:

*Divulgar parte do material e convidar os participantes do concurso ou seus parentes a receberem de volta as obras;

*Identificar os interessados, que deverão apresentar algum documento comprobatório de que é o artista ou parente do artista. Como há outros dados anexo aos desenhos, como endereço e mesmo o número do documento, isso não será difícil; Os desenhos que estejam acompanhados por email, eu mesma tentarei contatar as pessoas.

*Retirada dos desenhos: poderá ser feita pessoalmente no estoque do Juliano no bairro da Mooca, em São Paulo, ou serem remetidos pelo correio. A remessa será paga pelo interessado (destinatário);

*Destruição do material identificado não reclamado: caso o artista ou seu parente não queira o desenho de volta deverá enviar uma carta autorizando a destruição do mesmo e eximindo o Juliano de qualquer responsabilidade caso, mesmo destruído, detalhes do material ou dados pessoais anexos a eles sejam desviados para uso ilícito.

Juliano não cobrará nada pela devolução dos desenhos mas deseja divulgar  que possui ainda uma quantidade enorme de objetos que podem interessar a todos que amem aviação e ainda amam a VASP como louças, objetos de plástico, placas administrativas, pôsteres, bandeiras, talheres, uniformes, peças retiradas de aeronaves, trolleys etc para pronta entrega. A maioria dos materiais da VASP, quando da decisão da Justiça de esvaziar suas instalações, estava em vários prédios no Aeroporto de Congonhas e, com certeza, não há mais nada lá depois que Juliano retirou o lote que adquiriu: o que sobrou foi totalmente destruído, como confirmamos com representantes da Massa Falida. O contato do Juliano é (Whatsapp) +55 11 97730-8763.


DESENHOS PUBLICADOS PELA PRIMEIRA VEZ NA INTERNET

(AQUI E AGORA!!!)


Seguem alguns dos desenhos que fotografei no depósito do Juliano, com identificação parcial dos mesmos para não expor os interessados.


As CINCO fotos a seguir são de um arquiteto de Fortaleza (CE)







Abaixo, de Christiano Neves (sem endereço anexado)



Abaixo, de Cristina, do Rio de Janeiro (RJ)



Abaixo, de Gabriel, de Salvador (BA)



Abaixo, de Gabriela, de Nova York (EUA)



Abaixo, de George, do Rio de Janeiro (RJ)



As duas abaixo, de Geraldo do Distrito Federal




Abaixo, duas de Gustavo R, do Rio de Janeiro (RJ)




Abaixo, duas de Gustavo de Niterói (RJ)




Abaixo, uma de Gustavo de São Paulo (SP)



Abaixo, uma de Guy, de João Pessoa (PB)






Abaixo, uma de Helbeth, de Belo Horizonte (MG)



Abaixo, uma de Hermann, também de Belo Horizonte (MG)



Abaixo, uma de Ivan, sem identificação de cidade



Abaixo, uma de João, de Florianópolis (SC)



Abaixo, uma de uma dupla, Jolimar e Maira, de Belo Horizonte (MG)



Abaixo, uma de José, também de Belo Horizonte (MG)



Abaixo, de Josué, de Fortaleza (CE)



Abaixo, duas de Rodrigo, do Rio de Janeiro (RJ)




Abaixo, uma de Rui, também de belo Horizonte (MG)



Esta é uma pequena amostra do que há a disposição dos interessados que participaram do concurso.

OBSERVAÇÃO importante: independentemente da profissão dos artistas, eles são AUTORES protegidos pela Lei dos Direitos Autorais brasileira (Lei 9.610/98), de modo que é proibido usar estas imagens sem a identificação conveniente. Aqui estamos divulgando algumas  delas exclusivamente para encontrar a quem pertencem as mesmas. 


MAIS DETALHES SOBRE O CONCURSO?





Se você puder colaborar com informações e material sobre o concurso, me contate! Obrigada!

Faça como o Calebe Murilo, colaborador do site Contato Radar, que reconheceu um dos desenhos como de um amigo dele de Fortaleza!

Depois do Calebe, eu também falei com o Josué, de Fortaleza. Ele contou: "Eu tinha 21 anos quando aconteceu o Concurso. Eu lembro até que a atriz Elisabeth Savalla iria ser uma das pessoas que iriam julgar, mas acho que o concurso não foi pra frente, porque ninguém falou mais nada, nada com relação ao vencedor... e ficou por isso mesmo." Josué disse que iria entrar em contato com o Juliano.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Plantão Caixa Preta


E X C L U S I V O




(por Solange Galante)

Já virou moda voar para lugar nenhum e a experiência tornou-se uma atração nesses tempos de pandemia/quarentena/isolamento social. No caso, Qantas e EVA Airways embarcam seus passageiros para um panorâmico pelo próprio país, e retornam ao ponto de origem. Mas, com o agravamento da transmissão da covid-19 muita gente prefere nem sair do chão. Por isso, empresas (não aéreas propriamente ditas) criam ambientes para seus clientes terem uma experiência de voo em terra mesmo. Um exemplo é o da First Airlines, do Japão. Com todas as medidas de segurança sanitária necessárias, ela usa um mockup (ou seja, não um avião real), onde o "passageiro" se alimenta e viaja de modo virtual. Está fazendo um grande sucesso!

Seguindo essa ideia, mesmo antes da pandemia surgiu a Pan Am Experience, nos EUA, e outra inspiração, a Pan Am Experience Brazil.

Mas novas iniciativas não param de aparecer, uma melhor que a outra! E outra ideia já tem promessa de decolar no interior de São Paulo!

Voar sem tirar os pés do chão, desfrutando de comida típica e passeando virtualmente por grande destinos turísticos mundiais, dentro de um avião real e... histórico! Que tal?

E tem mais: ajudando inclusive quem não voa, não pelo medo do corona vírus, mas por não se sentir bem no céu, a perder o medo de voar!

Mais ainda: proporcionando experiência real de treinamento de emergências a futuros tripulantes! 

Tudo no mesmo espaço!!!.

Foi com esse intuito que um piloto da aviação comercial brasileira, o Cmte. Shioga, adquiriu em outubro passado um Boeing 737-200 Super Advanced que voou por último na Rico Linhas Aéreas e que estava abandonado no aeroporto de São José dos Campos, tendo sido leiloado pela Infraero para o pagamento das taxas aeroportuárias devidas. Você leu aqui na Caixa Preta um anúncio exclusivo sobre isso, conforme segue o link de 23 de outubro do ano passado (https://caixapretadasolange.blogspot.com/2020/10/plantao-caixa-preta.html). Já o leilão em si ocorreu exatamente uma semana depois e também foi anunciado aqui (https://caixapretadasolange.blogspot.com/2020/10/plantao-caixa-preta_30.html).




Agora, finalmente descobrirmos o feliz destino do PP-VME (s/n 21000), esse jato que, nada mais, nada menos, foi o primeiro Boeing 737-200 adquirido pela saudosa VARIG!!!! A empresa pioneira recebeu seu "breguinha", como os entusiastas carinhosamente chamam o modelo, em novembro de 1974.

Conversei com EXCLUSIVIDADE com o Cmte Shioga, muito experiente justamente em Boeing 737 (7.500 só no -200, do total de 20 mil horas de experiência profissional). "A ideia é criar um complexo com um hotel e um centro de eventos. O avião será acoplado ao centro de eventos com um finger semelhante a um aeroporto e, no centro, haverá uma torre de controle que servirá de recepção tanto ao hotel quanto ao avião". O complexo estará localizado na cidade de Bernardino de Campos, na região de Ourinhos, a oeste do estado paulista. "Vamos realizar voos virtuais", o proprietário explica. "Venderei pacotes turísticos para o cliente ter uma experiência de voo, onde haverá cinco a sete destinos, cada pacote será um destino. Por exemplo, ele pode voar de São Paulo para Roma, vendo a decolagem de Guarulhos e o pouso em Roma por duas telas no anteparo do avião. Atingindo a "altitude de cruzeiro", tira o cinto de segurança, e daí lhe será servida a comida do destino aonde está indo, italiana, por exemplo". O diferencial desse voo vai ser usar óculos de 3D, quando chegar ao destino, para o passageiro fazer um tour virtual por Roma, por exemplo. Um tour pelo Coliseu, Vaticano etc.  Haverá outros destinos, inclusive na Ásia. Mas não será só isso. "Vamos trabalhar também com duas escolas de aviação, com as quais já mantenho contato, e haverá treinamento para comissários. Outra parceria também será com psicólogos, para ajudar pessoas que têm medo de voar de verdade."
 
O avião, segundo ele mostrou por fotos (todas de seu acervo e que tivemos autorização para publicar), está inteiro, com poltronas e demais equipamento e instrumentos, estava bem envelhecido e feio apenas por fora. Shioga disse que ele será pintado com padrão "Boeing" e será feita uma enquete para a escolha do nome do espaço.

Em meio a tantas más notícias envolvendo a  aviação comercial, inclusive a brasileira, desde antes do início da atual pandemia, nada como ver crescerem ideias para tornar a aviação cada vez mais próxima dos entusiastas, leigos e alunos de cursos de aviação!

Confira as fotos da desmontagem em São José dos Campos e internas da aeronave
(todas imagens são do acervo do Cmte. Shioga!)














segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Speech BIO

 



(por Solange Galante)

Bem-vindos ao Speech BIO!!!

Mas, o que é Speech BIO???

Aqui, BIO é de "Biografia". São trechos da minha biografia pessoal profissional comentada!

que eu vi... e/ou

que eu soube... e/ou

que eu fiz... e/ou

que me contaram...

(Do qual tudo tenho provas/testemunhas/registros!)

Você vai gostar de saber verdades, e até vai se divertir também!!!

Afinal, este é um Blog de bastidores!!! Aqui sempre se foge do previsível!!!  😉😉😉

"Bastidores do verdadeiro jornalismo de aviação!"


Curiosa, assisti, na semana passada, a uma Live a respeito de "verdades" sobre o jornalismo de aviação. Assisti a tudindo, e me decepcionei um pouco.
Cadê as "verdades"???
Não, não que fossem "mentiras" o que foi comentado. No mundo existem "Verdades", "Mentiras" e "Omissão da verdade". E foi o que ouvi. Então, resolvi falar um pouco sobre os "bastidores" omitidos. Sempre que for conveniente, não citarei nomes, porque os pecados – e as virtudes – interessam mais do que os pecadores e os santos (santos?).
Sou a única representante do jornalismo especializado que, ao longo de 25 anos, escreveu única e exclusivamente sobre a-vi-a-ção. Ops! Não fosso omitir a verdade: escrevi UMA matéria que não tinha nada de aviação, foi uma sobre "trens turísticos" – escrita sem viajar em qualquer deles, escrita à base de telefone e email, como encomendada e solicitada que fosse dessa maneira, para a extinta revista de bordo Céu Azul. E foi só. Todas as demais reportagens que escrevi ao longo de minha carreira profissional tinham asas – fixas, rotativas, ou de aves, como a primeiríssima, publicada no também extinto Jornal de Aviação nos idos dos anos 1980. Que ilustra este texto.

    Minha primeira e pequena matéria publicada, ainda sem ser jornalista profissional


Mas vamos ao foco deste texto...

E as tais "verdades" da Live?

Há os ossos do ofício. O trabalhão que dá concluir cada matéria bonita que o leitor lê – bem aquilo de "10% de inspiração e 90% de suor, chute na canela, exaustão e frustração". O leitor abre a revista ou o site/coluna/blog de aviação e acha que foi lindo e maravilhoso para se materializar aquilo – texto jornalístico se chama "matéria" justamente porque é uma ideia que se materializa para o leitor, telespectador ou internauta acessá-lo. Acham que o cara amanhece com a ideia de ensaiar um determinado avião, vai até onde ele está, troca umas ideias com o proprietário do mesmo, embarca e voa. Mas o público em geral não têm ideia do trabalhão que dá arrumar uma aeronave para ensaiar em voo, contratar piloto, abastecer, torcer pra São Pedro colaborar e deixar o céu "de brigadeiro", pedir autorização a um aeródromo (maioria das vezes) para passagens baixas... E ainda ia me esquecendo de citar: qual será o avião paquera, ou seja, onde estará o fotógrafo, garantir que haverá segurança máxima na missão, porta aberta e "zero janela" em voo, e "o sol tá indo embora, vamos fazer rápido as fotos!" pois ficaram o dia todo tratando dos probleminhas inerentes à missão mas o astro-rei não fica parado esperando... E, para isso tudo, vai uma grana considerável: elementos humanos, taxas, pedágios, tarifas, vale-refeição, pernoites, seguro, telefonemas etc etc etc.
Não só para ensaios e voos e fotos ar-ar. Reportagens bem arroz-com-feijão também dão um senhor trabalho! Ir até o entrevistado (o ideal), ou ele vir até você ou fazer por email, telefonema, Whatsapp, Skype etc? Você pode marcar, o cara te retorna desmarcando, "Não, no dia que você pode eu não posso porque tenho outra pessoa para entrevistar no mesmo dia!", você responde. Ou, então, você é escalado para ir a um evento onde a pauta não rende tanto assim, e você perdeu metade do dia ou um dia inteiro para uma notícia pouco interessante e menos ainda lucrativa... 
Para, depois disso tudo, muitas vezes (quase sempre, na verdade) o leitor passar direto pela matéria e ir ler textos mais curtos (ensaio em voo, por exemplo, nunca é matéria curta) ou então, ler e nunca ter a curiosidade de ver quem escreveu, quem fotografou, quem realmente se empenhou em fazer tudo aqui acontecer! E os louros acabam indo para o editor (editor-chefe, ou único editor)  que, não raras vezes, cobra, pressiona, até xinga mas que não faz lá muita coisa, em vários casos...
Mas, para os poucos (dentro do número global de supostos leitores, e geralmente os poucos já são da área, são raros os leigos) que têm essa curiosidade, nomes como o do saudoso Fernando Almeida (nos ensaios em voo) são relevantes, admirados e aplaudidos. (Ufa! Alguém foi reconhecido, pena que ele não esteja mais entre nós).
Justamente, o que mais acontece nos bastidores das redações (e hoje "redação" praticamente se transformou em home office) é a falta de reconhecimento e respeito pelo redator, o escritor de fato. A não ser que ele seja da "panelinha", aí pode ser que escape da regra.
Enquanto escrevo este ou qualquer outro texto a ser publicado, como sempre acontece, escolho e meço cada palavra para impactá-lo, leitor, da melhor maneira possível, e o jornalista precisa saber fazer isso com maestria, tanto para chocar, no caso da notícia negativa e pesada, quanto para elevar seu moral e admiração pelos personagens e pelos objetos da reportagem. Frequentemente, para o jornalista que redige (ou fala na TV, no rádio etc) "andar" e "caminhar" não são sinônimos (e não são mesmo!). Cada palavra tem sua própria energia e dimensão na linguagem humana. Daí, vem um editor que se acha a última bolacha do pacote (aquela sempre esfarelada, por sinal) e reescreve o texto que você redigiu e assinou com todo carinho e profissionalismo, e, sim, dentro das regras da empresa. Já aconteceu "N" vezes comigo. Mas em 0,5 % das vezes, foi uma boa troca, que aceitei e até agradeci, pois também, é claro, há editores humildes, cavalheiros, que pedem permissão ao redator antes de tirar uma virgula sequer do texto dele.. E "ficou melhor assim". Mas, em 95,5% das vezes, foi pura arrogância hierárquica, justificada pelo editor como "Eu simplesmente não sei ler o texto de alguém sem 'canetar', sem 'corrigir', sem 'reescrever trechos'." Mesmo que tenha que inventar qualquer coisa pra isso. É, às vezes a "caneta" (hoje substituída pelo mouse) tem vontade própria, é pelo menos o que parece. Daí, surgem coisas como trocar a esposa de Getúlio Vargas por sua filha no batismo do Brazilian Clipper, um dos hidroaviões da Pan American Airways em reportagem sobre esse tema ou antecipar a criação do Grupamento Águia da PM de São Paulo em outra reportagem, esta sobre o incêndio do Edifício Andraus. Trocas feitas sem nenhuma base histórica e zero consulta ao redator. Por quê? Por pura arrogância do editor. Nessas horas, o redator (quem realmente tinha escrito e teve seu texto adulterado) dá graças a Deus quando o leitor não lê seu nome lá publicado, para não passar tanta vergonha, pois o erro, quando identificado, será imediatamente lhe creditado, o editor arrogante jamais terá SEU nome exposto. 
Continuarei com esse tema aqui no Speech BIO!!!

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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

SPEECH

 O OXIGÊNIO DA VIDA E DA MORTE


(por Solange Galante)


(Atualizado em 22/01/2021, 18h05)

Elemento químico essencial para a vida aeróbica, como a das plantas e dos animais em geral (ser humano incluído) o oxigênio está fazendo falta a pacientes vitimados pela covid-19 no Amazonas. Esse gás, no corpo humano, participa das reações químicas da respiração e é o mais comum dos comburentes (um dos ingredientes necessários à combustão; ele reage com um combustível liberando energia).

Por isso, ainda mais em se tratando de Manaus, a capital amazônica sem acesso rodoviário com importantes núcleo brasileiros que tem urgência de oxigênio para os doentes afetados pela pandemia, o avião se mostra o meio mais rápido para fazer chegar esse insumo aos hospitais locais.

No entanto, o risco de seu transporte, seja qual é o meio, é grande. Trocando em miúdos: transportar oxigênio requer o máximo de cuidado e obediência às normas em vigor. Por isso, segundo informa a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), os cilindros contendo oxigênio comprimido (UN 1072) estão entre os artigos perigosos classificados pela OACI (Organização de Aviação Civil Internacional) e sua movimentação só pode ser feita por empresas especializadas. No Brasil, essas empresas devem ser certificadas pela ANAC seguindo as disposições do RBAC 175 e Doc.9284 da OACI. As regras permitem o transporte do oxigênio em cilindros com capacidade até 150 kg do gás em aeronaves de carga ou com configuração cargueira aprovada, limitado somente à capacidade e à segurança disponível.

Para que, no desespero por atender aos pacientes que estão correndo risco literal de morte por asfixia, a segurança aérea não seja violada, a ANAC divulgou nesta semana a lista das empresas aéreas regulares e de táxi aéreo (RBACs 121 e 135) devidamente autorizadas a fazer o transporte de oxigênio.

A lista está neste link:

https://www.anac.gov.br/noticias/2021/arquivo/Empresasautorizadasaotransportedeartigosperigosos.pdf


Sikorsky S-92 da Líder. A Líder Aviação é umas das empresas sob regras RBAC 135 autorizadas desde hoje pela ANAC a transportar cilindros de oxigênio e ela está utilizando seus helicópteros usados nas operações offshore da indústria de óleo & gás.  Segundo a Líder, essas aeronaves podem atender fretamentos avulsos para essa missão. Todas elas estão configuradas para o transporte tanto de cilindros quanto de geradores de oxigênio, de acordo com as dimensões desses equipamentos, em configuração cargueira (isto é, sem o transporte de passageiros, como é usual), sendo necessário, para esse tipo de operação, atender à regulamentação de transporte de artigos perigosos da ANAC. Foto: Gustavo Andrade

 

Atenção: a ANAC alerta que o oxigênio líquido refrigerado ((UN 1073) é um artigo perigoso cujo transporte em aeronaves civis é proibido. O transporte desse produto é feito normalmente por via marítima ou terrestre e, quando há a necessidade de transporte por via aérea, utiliza-se, em geral, aeronaves militares, mais apropriadas para esse tipo de operação. Contudo, há na regulamentação brasileira a possibilidade de emissão de autorização especial da ANAC para o transporte do oxigênio líquido em aeronaves de carga em casos específicos, sob solicitação.


OXIGÊNIO FATAL

(Foto: AirLive.net/Creative Commons)

Quais as consequências da falta de cuidados no transporte aéreo de oxigênio e seus equipamentos? Um exemplo notório foi o acidente com a empresa aérea Valujet em 1996.

McDonnell Douglas DC-9 N904VJ da empresa aérea norte-americana de baixos custos/baixas tarifas fazia o voo 592 entre o Aeroporto Internacional de Miami, na Flórida, e o Aeroporto Internacional de Atlanta Hartsfield-Jackson, na Geórgia, com 105 passageiros e cinco tripulantes, quando, poucos minutos após a decolagem, fumaça e fogo surgiram na cabine de passageiros. A origem do incêndio era do porão de cargas. Com o sistema de eletricidade afetado gravemente pelo incêndio, o jato acabou caindo e mergulhando no pântano do Parque Nacional Everglades. Não houve sobreviventes.

Uma empresa terceirizada havia embarcado no porão do DC-9, em Miami, cinco caixas dos geradores químicos de oxigênio. Foi a primeira regra não obedecida, pois a Federal Aviation Administration já proibia o transporte de materiais perigosos em porões de carga de aeronaves de passageiros. Depois, tanto a empresa terceirizada quanto a própria Valujet embalaram e acondicionaram de maneira errada as caixas no porão da  aeronave. A informação de que eram cilindros de oxigênio vazios (portanto, seguros) também era falsa.

Os geradores químicos de oxigênio, quando ativados, na despressurização de uma aeronave, por exemplo, são capazes de produzir oxigênio para passageiros e tripulantes naquela situação de emergência (e caem as famosas máscaras). Mas, para isso, os geradores também produzem grande quantidade de calor nessa reação química. Os investigadores do NTSB (National Transportation Safety Board), encarregados de descobrir as causas do acidente, determinaram que, durante o taxiamento em Miami, o avião deu uma leve sacudida e um dos geradores foi acionado. O calor que ele produziu e foi aumentando inflamou as caixas e embalagens do porão, dando início ao incêndio. O oxigênio produzido manteve o fogo aceso. Apesar daquele porão ser hermético, isto é, vedado o suficiente para não receber ar externo, o que extinguiria (normalmente) um incêndio por falta de comburente (oxigênio). Não havia detectores de fumaça nem sistemas de combate a incêndios naquele porão, que era Classe D.

Não foi o único acidente e/ou incidente aéreo envolvendo oxigênio. Apenas como curiosidade, já que o contexto foi outro, um Boeing 707 (PP-VJR) da Varig se incendiou no Galeão, durante a manutenção, em 1968, por ocasião da troca dos cilindros de oxigênio, que teve contato com graxa. Por isso, especialmente no transporte dessa carga, todo cuidado é pouco e os usuários não podem se descuidar mesmo na urgência.


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