sábado, 7 de março de 2020

SPEECH

8 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DA MULHER. DA MULHER QUE VOA, TAMBÉM!


E da mulher que faz voar. E da mulher que controla quem voa. Etc

Durante séculos a mulher foi vista apenas como provedora de novos seres humanos, para a perpetuação da espécie. Sua reduzida força muscular, em relação aos homens, a colocavam em segundo plano em muitas atividades. A necessidade de cuidados durante sua gravidez e cuidados com os filhos pequenos faziam com que muitos homens preferissem colocá-las em espécies de redomas culturais e morais, distanciando-as de todas as demais atividades que não se relacionassem com a maternidade.

Mas as mulheres perceberam que eram capazes de fazer muitas outras coisas além de amamentar, cozinhar, tecer, tocar piano etc. E resolveram colocar a cara pra fora de casa.
Fico imaginando as mulheres que lutavam nas guerras – não falo das enfermeiras, mas das combatentes, mesmo – e aquelas que desafiaram as regras sociais de época.

Na aviação, mulheres me deram sempre muitos bons exemplos. Quando comecei a gostar de aviação, no final da década de 1970, destacavam-se Lucy Lúpia, primeira PLA brasileira de direito, e este reconhecido décadas depois, apenas. Por preconceito masculino. Também era pauta Márcia Mammana, acrobata. Essas duas mulheres me inspiraram a escrever "A Ás", meu romance cuja principal personagem é uma suposta primeira PLA da  aviação comercial brasleiira, que despertava igualmente tanta admiração e curiosidade quanto preconceitos.

Minha interação com a aviação me levou a saber do preconceito de Hélio Smidt, então presidente da Varig contra suas candidatas a pilotos. Enquanto que a Vasp já colocava algumas nos "cockpits" de sua frota.

Quando resolvi reescrever "A Ás" conheci Claudine Melnik, então primeira piloto da  aviação regular brasileira a ascender ao posto de comandante, pela Brasil Central.

Muitas outras conheci, da Varig,Vasp, Transbrasil, TAM, quando eram apenas 10 ou 11 na aviação comercial  brasileira toda (meados da década de 1990). Conheci mulheres da regional Rio Sul, controladoras de voo civis e militares e pilotos mulheres da aviação geral.

Voei com a primeira copiloto internacional da Transbrasil. Voei com uma das copilotos de Sikorsky S-76 em missões "offshore" no Rio de Janeiro. Voei com a primeira copiloto da Varig na ponte aérea Rio-SP. Anos depois, voei com duas pilotos da Lufthansa Cargo, entre dacar e Frankfut.

Em todos esses voos pude testemunhar seu profissionalismo e até, na prática, teorias de que elas têm um certo cuidado a mais que os homens, por exemplo, no delicado voo dos helicópteros.
participando das reuniões de grupos de aviadoras, que também admitiam profissionais como mecânicas, controladoras de voo .comissárias, acrobatas etc em suas atividades. E sempre precisa se superar para ser aceita, ou seja, sempre fazer "a mais".

Todas, aliás, ajudaram a compor em definitivo minha personagem principal de "A Ás" para o lançamento definitivo do livro, em 2016.

Por minha vez, embora o jornalismo possua profissionais mulheres no Brasil, em várias áreas, algumas das quais até predominando o sexo feminino, por eu escrever sobre aviação isso chegou a causar estranhamento. Hoje, além de ser a mais premiada jornalista (incluindo homens premiados) de aviação brasileira, acredito ser pelo menos uma das mais longevas ininterruptamente profissionais, no Brasil.

O preconceito ainda existe, inclusive na aviação, mas a verdade é que as mulheres tiram de letra qualquer atividade na área e, com isso, o futuro é cada vez mais promissor para elas.Sorte "deles", seus colegas homens!


Enfim, parabéns a todas as mulheres, de todas as profissões!

 E Feliz 8 de Março!!!


(Foto: Coleção Solange Galante)

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