Como não alugar um imóvel
(compilação por Solange Galante)
Eu ainda era recente como colaboradora da revista Flap Internacional quando assisti a uma "Spagatice" da qual jamais me esqueci...
Como sempre, Carlos André Spagat atendia tudo e todos ao mesmo tempo, especialmente quando queria um "público" para sua irreverência nata lá na sua famosíssima sala dividida em três ambientes: o de trabalho e recepção a visitas, a área com dois sofás frente a frente, para quando a quantidade de visitas era grande ou diversificada e alguns visitantes sentavam-se lá para aguardar a "audiência" com o "publisher" ou eram atendidos, em paralelo, por outro funcionário da revista, e a sala de almoço, onde, não raras vezes, ocorriam reuniões após o expediente também.
Naquele específico dia, lá estava eu, diante dele, naquelas reuniões de várias horas, e testemunhando suas ligações telefônicas – parece mesmo que nasceu grudado a um telefone – sendo que algumas delas ele botava no viva-voz. Naquela época, aliás, Spagat usava muito o viva-voz, quase sempre sem avisar quem lhe ligava que sua conversa seria compartilhada com quem estivesse na sala naquele momento. Esse hábito de colocar quase todo mundo no viva-voz ele foi deixando de lado rapidamente nos anos seguintes, após, creio eu, por alguma dessas ligações não terem sido bem recebidas por alguém. Mas, quando necessário que mais pessoas ouvissem seu interlocutor, ele colocava
Bem, eu lá estava quando o secretário e recepcionista Eneilson abriu a porta para avisar seu chefe que havia uma pessoa interessada em um imóvel dele – se não me engano, junto ao Rodoanel – e que o homem estava ao telefone querendo mais informações. Então Spagat pediu para o Eneilson passar a ligação para o telefone de sua mesa e vir colocar o aparelho no viva-voz – ou Spagat não sabia colocar no viva-voz ou estava com preguiça mesmo de fazer aquilo sozinho... O secretário assim o fez, e logo o chefe estava falando com o interessado em um de seus, dizia-se, centenas de imóveis para aluguel espalhados por São Paulo.
O diálogo ocorreu aproximadamente dessa maneira após, inicialmente, a pessoa do outro lado da linha pedir algumas informações básicas sobre o imóvel que, parecia-me, era uma casa:
O interessado: – Bem... ele está vazio, certo?
Spagat respondeu que sim.
O interessado: – Pretendo montar um laboratório lá.
Spagat: – Ótimo. Já temos uma imensa cultura de vírus lá...
O interessado ficou por uns segundos mudo, sem resposta. Mas prosseguiu com as perguntas:
– O prédio tem laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros?
Spagat:
– Depois dos três incêndios que lá ocorreram, com certeza!
E eu lá, testemunhando a conversa e pensando: "Mas, pérai... será que o Spagat quer realmente alugar o imóvel?!
Segundos depois, o interessado (ou ex...) agradeceu, se despediu dizendo que voltaria a ligar e desligou assim que o Spagat também se despediu.
Realmente não sei se o negócio chegou a ser concretizado.
* * * * *
Você também conhece, leu ou presenciou alguma "Spagatice"? Colabore você também com esta coluna. Mas, atenção!
Apenas serão aceitas colaborações identificadas, não aceitarei colaborações anônimas e vou considerar apenas aquelas enviadas para o email aguiadomar@yahoo.com.br, com o assunto “Spagatices”.
Até a próxima!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário