Sobre leitores que não prestam atenção em quem escreveu o quê (alguns nem procuram saber) e um mico que entrou para os anais do jornalismo especializado de aviação
(por Solange Galante)
Não acontece só comigo. Mas não deveria acontecer com pessoa alguma. Quem escreve, passa para uma publicação sua apuração ou sua opinião. E são produções únicas. Por isso, quem escreve é totalmente responsável pelo que escreveu.
Óbvio que com livros isso acontece menos. Talvez só os de auto-ajuda: o título atrai milhões de leitores mas... quem foi que deu aquela dica mesmo? A não ser que já seja um escritor bem famoso, a autoria pode ser esquecida, com o tempo... Mas até reportagens de TV podem gerar críticas contra as emissoras, não aos repórteres, se não forem os mais conhecidos entre os que seguram um microfone.
Por outro lado, os redatores mais conhecidos acabam pagando o pato dos erros dos menos experientes, talvez por uma associação instantânea e enviesada.
Há algumas semanas participei de uma Live do canal Pandaviation no Youtube. Ninguém era obrigado a gostar ou curtir o que eu falei na Live ou mesmo a ideia de Gianfranco Beting me entrevistar. No entanto, fizeram um comentário totalmente descolado da realidade, que publico aqui sem citar o nome do comentarista, embora ele esteja público lá na própria Live, e com minhas repostas:
Mas, a que caso ele se referia?
Muita gente ainda se lembra. Nem todos, porém. Vamos relembrar? Leia abaixo!
Na época da publicação, em maio de 2002, comentou-se muito que tanto a empresa aérea Rio Sul quanto a fabricante Embraer se pronunciaram duramente contra a reportagem – e eram anunciantes da revista – o que gerou um pânico na redação. O resultado foi a única vez em que vi uma errata como deve ser, imediatamente no site da revista e em página inteira (do tamanho da reportagem) na edição seguinte, de junho de 2002. O texto, em ambos os casos, foi o mesmo. Eis o texto na revista (obs: o trecho em cinza foi a seção de cartas, que ocultei por não ter relação com o nosso assunto aqui):
Iremos apedrejar a jornalista que praticamente "caiu de paraquedas" na edição 32 de Avião Revue? Claro que não! Ela foi mesmo muito mal orientada ao ser escalada para a missão e achou que deveria dar sua opinião pessoal, fazendo um texto claramente opinativo, que não deu margem para os leitores avaliarem por si mesmos o avião a partir de sua narração. O erro foi totalmente da equipe de editores mas eles souberam reconhecer o erro e pedir desculpas. É óbvio que nenhuma errata substitui um estrago, mesmo nos meios eletrônicos, onde pode-se apagar totalmente da tela e dos servidores o que houve de errado mas jamais da mente dos leitores, internautas, telespectadores, ouvintes etc – tanto que o cidadão que atribuiu à minha pessoa a autoria do texto sobre o ERJ-145 esqueceu o nome da redatora mas não esqueceu o texto em si!
Hoje, vemos acontecer o mesmo com "reportagens" de alguns sites especializados ("pero no mucho") cujo conteúdo, à boca pequena ou por grupos de redes sociais constantemente viram motivo de chacota. Sorte deles que a maioria dos leitores se esquece rapidinho de quem escreveu, mas jamais do que foi escrito.
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