sexta-feira, 16 de outubro de 2020

SPEECH

 


(por Solange Galante)

Quem não conheceu não tem ideia do que era. Falo dos terraços panorâmicos do Aeroporto de Congonhas. Quando eu conheci, eram dois, um ao ar livre, muito extenso, sobre a área de desembarque. O problema era não ter abrigo quando chovia – pois, embora eu sempre diga que duas coisas não combinam com chuva, sendo uma delas praia e, a outra, avião – já que também era divertido ver os pousos e decolagem sobre pista molhada, e nem havia abrigo para quando fazia sol, que torrava a cabeça nos dias mais quentes. Já o outro terraço de acesso gratuito e livre era onde está a entrada para o terminal de embarque, na barreira com aparelhos de Raios X. Lá era uma varanda, facilmente identificável em fotos dos anos 1960 a 1980, não tão extensa como o terraço citado anteriormente, mas coberta, pelo menos. Era o local preferido de muito gente, eu, inclusive. Mesmo porque nos deixava bem de cara e não tão distante da maior parte dos aviões. Acima deste havia ainda um terceiro, inicialmente sem cobertura contra as intempéries, mas que era de uso exclusivo dos frequentadores do restaurante. Anos mais tarde ele foi tornado de uso livre, e coberto, especialmente quando o terraço inferior (coberto) tornou-se agência bancária (Banespa). Mas o gerente do restaurante começou a implicar com os spotters, houve um período durante o qual o acesso exigia consumação (uma lata de cerveja, de refrigerante ou água mineral), e momentos em que foi fechado e depois reaberto, e assim por diante. Aos poucos, o terraço descoberto, o mais identificado com o apelido "prainha de São Paulo" ou "praia de paulista", também sofreu interferência de obras e, finalmente, a construção do terminal hoje existente, a ampliação com o uso de fingers, tampou definitivamente a visão do pátio e, com isso, ele acabou sendo fechado por falta de utilidade.

Na época em que estavam ampliando o terminal do aeroporto havia planos da construção de um observatório que se estendia à frente do restaurante (onde está o terminal de embarque mas acima dele) todo envidraçado e em formato de meia lua. Os vidros eram verdes, á exemplo da extensão feita no Aeroporto Santos Dumont (SDU). pouca gente sabe que eu cheguei a falar com alguns dos engenheiros  para tomar ciência da cor e espessura dos vidros que seriam utilizados, pois na época eu era uma spotter bem ativa e preocupada com o destino de nossos locais para fotografar aviões. na ocasião, me garantiram que o vidro verde não seria tão maléfico assim para as fotos (o que não era verdade, pois era da cor dos vidros do SDU, eu descobri). O fato é que, como sempre, grandes obras públicas no Brasil acabam, cedo ou tarde, sendo investigadas por suspeitas de superfaturamento (com comprovação ou não) e, no para-e-volta dos trabalhos a meia lua foi completamente esquecida.

Mas alguns spotters se viravam subindo ao hotel que ainda existe n rua Baronesa de Bela Vista e dá belo acesso visual especialmente à cabeceira 17. Reunindo-se e rachando o custo do aluguel de uma quarto (e tinha que ser o quarto certo!) os fotógrafos passavam tardes incríveis clicando as aeronaves daquele ponto. Eu mesma nunca subi lá, por diversos motivos, especialmente excesso de serviço e de disponibilidade quando havia mais gente subindo até lá. Mas as fotos que vi de diversos frequentadores de lá sempre foram maravilhosas!

Mais recentemente, com a abertura do memorial 17 de Julho do lado do "barranco" da cabeceira 17, o local também se tornou um bom ponto para as fotografias. Esse ponto na rua assemelhava-se aos pontos para a cabeceira oposta (pistas 35), ou seja, sob intempéries e mais inseguro.

 A "era" Black List




Há alguns anos um edifício comercial próximo à famosa passarela diante do aeroporto e do lado oposto ao prédio da ANAC começou a chamar a atenção. Poderia ser um excelente local para fotos (ou não), a se verificar por quem conseguisse acesso à sua cobertura. Cobertura essa que chamou a atenção de Bruno Mattos, um jovem empresário que buscava um local para instalar um bar. E assim nasceu o Black List Lounge & Bar, que eu descobri pelo Facebook. 




Bruno é tímido e prefere não dar entrevistas mas disse que o aeroporto "veio de brinde" quando ele achou o local para seu bar, e está contente com a atração. O Black List tem visão de 360 graus, o que significa que, mesmo quem não gosta de avião, pode ficar no lado oposto. Mas, é claro, acredito que ver o movimento das aeronaves sempre será motivador do lado predileto. O desejado fim da pandemia ajudará a aumentar o movimento do aeroporto e do bar.




Fui visitar o Black List há duas semanas. O bar fica no 11o. andar do Edifício "Gate 1" local é muito aconchegante, sem excesso de luxo, com uma boa variedade de cervejas à disposição e deliciosas panquecas feitas na hora para acompanhá-las. 







Dizer que os bons tempo voltaram pode até ser força de expressão. Mas que essa alternativa a ficar na rua fotografando aeronaves é uma excelente notícia, com certeza é sim! Confira as fotos feitas do e no novo ambiente! Como já informei, a área dá visão de 360 graus, se por acaso alguém estiver lá e não tiver qualquer interesse por aviação, pode até fica no lado oposto ao aeroporto...
 


















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