quarta-feira, 24 de junho de 2020

ESPECIAL = Livros de Aviação




“A ÁS”

(por Solange Galante - autora)

Em junho de 1981 eu era apenas uma adolescente ávida por conhecer mais e mais sobre os aviões. Palavras como “manche”, “flapes”, “spoilers” e o trabalho dos pilotos e engenheiros de voo, bem como se processava um voo, desde antes do embarque dos passageiros até seu desembarque no destino, me fascinavam enormemente. Se, décadas depois, os jovens exercitavam o que aprendiam sobre aviação nos “flight simulators” domésticos, não era, na década de 1980, o meu caso, e nunca o foi, e o mesmo se deu com o hobby do plastimodelismo. Eu extravasava minha paixão sobre aviação, simplesmente, escrevendo, o que me era bem natural, já que, desde que me conheço como ser humano alfabetizado, nunca parei de escrever, seja o que fosse e sobre o que fosse: contos, crônicas, poesias, romances. Antes de ser infectada pelo vírus da aviação, eram outros os assuntos, mas a aviação passou a ser a prioridade após a “infecção”.
Extravasando e escrevendo, criei uma história inspirada especialmente em duas personagens reais: Márcia Aliberti Mammana, acrobata que “roubava” a cena nas reportagens de TV e nos shows aéreos. Outra pessoa que ganhava a mídia era Lucy Lúpia Balthazar, que reivindicava o título de primeira Piloto de Linha Aérea Brasileira. E acabava sendo assim que eu “voava” e registrava como eu via e como eu conhecia a aviação, sempre usando das cores de minha própria experiência de apaixonadíssima pelos aviões, mesmo sem nunca ter, até então, voado.
Nasceu, assim, uma personagem chamada Sônia Maria Munhez, a “Cmte. Sô”, supostamente a primeira PLA do Brasil, fã de acrobacia e cujo amor à aviação superava tudo. Mas tudo, mesmo.
Enquanto isso, a vida da autora a afastou um pouco da aviação durante longos nove anos e os originais datilografados de “A Ás” ficaram literalmente no fundo de uma gaveta.
Em 1995, com uma nova “infecção” do aerococus, abri a gaveta, deixei os olhos e os dedos correrem pelas folhas “escritas à máquina” e pensei: “Eu escrevi isto? Pois é hora de reescrever!” Pois a cabeça já não era mais de adolescente.
Contando com a ajuda de pilotos, engenheiros de voos, controladores de tráfego aéreo, até mesmo um professor de tupi-guarani e dezenas de horas enfiada em uma biblioteca –pois a internet ainda não era acessível a todos – “A Ás” foi sendo reescrito, embora sem perder sua essência original. Eu também já passara a conhecer muitas outras mulheres pilotos da  aviação comercial, que também acabaram me inspirando nos novos capítulos.
Mas escrever era a parte mais fácil. Difícil seria publicá-lo.
A oportunidade surgiu em 2016 ao conhecer melhor como se fazia a modalidade hoje conhecida como livro por demanda, e, um a um, alguns exemplares foram sendo impressos e vendidos dessa forma.
Nesta história, a interação entre dois amigos pilotos – os protagonistas Sônia e Mário – é, naturalmente, o grande destaque, mas os capítulos são quase contos independentes destacando, entre outros temas, o medo de voar, a aviação acrobática, a  aviação geral, e o sonho das crianças – tanto meninos quanto meninas – em ser pilotos.
O capítulo com que presenteio os leitores do Blog não traz nenhum “spoiler” para os leitores do romance e está, como outros capítulos com voos, entre meus prediletos. Convém que se observe que a “cronologia” original da obra foi mantida, iniciando-se a partir de cerca de 1978 até avançar por mais 25 anos depois – por isso, a palavra “celular” só aparece uma única vez, e bem próximo do fim do texto, por exemplo. Muitos dos capítulos foram baseados em situações reais, algumas vividas por mim mesma, outras, tendo vindo ao meu conhecimento, como situações de preconceito. De resto, nada que Hollywood não pudesse imaginar, inclusive atos de puro heroísmo!

A "livery" (imagem visual) da companhia fictícia Manche Negro da ilustração foi criada a partir de um concurso deste mesmo Blog, que presenteou o autor da mesma com alguns suvenires de aviação. Infelizmente, esse autor, posteriormente, quis devolver os brindes e pediu meu endereço para tal (recusei fornecê-lo e recusei a devolução) simplesmente porque me encontrou numa rede social e identificou minha posição política como oposta a dele. Desde então, não quis mais falar comigo, mas faço jus à identificação de sua criação, nessa ilustração de outro artista, o que inseriu a “livery” nas imagens de voo simulado. A ambos, meu agradecimento por dar vida a esta companhia aérea
.











Nenhum comentário:

Postar um comentário