sexta-feira, 11 de maio de 2018

PÉROLAS VOADORAS

UMA BAITA PÉROLA!


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(por Solange Galante)

Em jornalismo, temos algumas gírias. Chama-se "barriga" uma matéria falsa ou errada, publicada com o estardalhaço de uma grande novidade. É o oposto de "furo", que todo mundo sabe que é uma notícia em primeira mão, quando determinado veículo é o primeiro a publicar uma informação e, a partir dele, causa grande repercussão.

A "ação" se torna uma "barrigada".


No caso, essa "barriga" foi oriunda de outro verbo, o "cozinhar". Em jornalismo, isso significa "Reescrever texto já publicado em outro veículo. Geralmente, quando utilizam esse recurso, um jornal ou uma revista citam a publicação de origem (ou não...).

Volta e meia a indústria aeronáutica tem que encarar problemas mais do que normais em novos projetos. Foi assim com os Comets, os Electras II, o supersônico soviético, vários modelos militares também, ou com o A380, com o 787 Dreamliner. Os fabricantes já têm problemas demais, pra que criar outros problemas de imagem?

O link a seguir denunciou, para quem ainda não havia percebido ou lido, uma "barrigada"
Buscando na internet esse artigo original (a que achamos em cache) descobrimos que ele se baseou em notícia publicada na verdade exatamente um ano antes, também na segunda semana de maio (mas de 2017), e apareceu em diversos links.como estes a seguir:

https://airway.uol.com.br/boeing-suspende-voos-novo-737-max/
https://www.panrotas.com.br/noticia-turismo/aviacao/2017/05/boeing-suspende-voos-do-737-max-por-problema-no-motor_146479.html
https://newsavia.com/boeing-suspende-temporariamente-voos-do-737-max-8/

Entre outros.

De qualquer um deles a revista certamente "cozinhou" a matéria original, encheu linguiça e a publicou sem apurar. Depois, no "esclarecimento" supra citado, dizendo que retirou do ar a notícia desmentida pela Boeing, não fez mea culpa, creditou o "erro" a "uma fonte de dentro da própria Boeing" (sem citar "quem", e a Boeing deve estar se perguntando até agora quem seria) para tentar livrar a cara de seu repórter.


Qualquer um sabe que a rapidez (ou melhor, a pressa) é o tendão de Aquiles da imprensa e é onde ela pode tropeçar e cair, como nesse caso.


Isso nos recorda o caso da Qatar/Etihad. No final de 2016 a mesma revista publicou esta notícia... (abaixo) MAS citando a Qatar Airways e não a Etihad, e só depois corrigiu (depois de muita gente ter reclamado, óbvio...).


http://aeromagazine.uol.com.br/artigo/qatar-airways-deixara-brasil-2017_2989.html

Assim como no caso da Qatar/Etihad...

...o erro do Boeing MAX foi "desvendado" pelos fóruns e redes sociais...


http://forum.contatoradar.com.br/index.php/topic/124827-boeing-suspende-voos-de-seu-novo-aviao-por-falha-no-motor/

...Deste acima, pinçamos o comentário de A345_Leadership:

"Isso é perigoso, porque imagina se publicasse se fosse a Gol, Embraer, Azul ou qualquer empresa de capital aberto. As ações podem cair e ter prejuízo para os acionistas, mesmo que seja temporário.

Como foi de terras distantes nem arranhou a imagem da Boeing, imagina se fosse o Financial Times, Wall Street..."

Ou seja, todo mundo sabe que um erro desses pode custar muito caro. C-A-R-O...

Recordamos também o famoso caso do Repórter Invisível que esteve visitando o Antonov-225 em São Paulo  sem que NINGUÉM o tenha visto, muito menos lhe dado uma credencial para ir até o avião! O histórico desse caso está nos links abaixo: 


Outra definição de "barriga" é bem apropriada no nosso caso: "Notícia inverídica publicada na imprensa, geralmente com grande alarde e sem má-fé, na tentativa de furar os concorrentes. Causa grande desgaste e descrédito ao veículo de imprensa e ao repórter."

Nitidamente foi mesmo sem qualquer má-fé mas deve ter causado sim desgaste e descrédito diante de qualquer leitor e/ou profissional SÉRIO da aviação (os não-sérios vão achar apenas um errinho besta).


Recado final: "Não se cozinha com ingredientes podres. Pode fazer mal aos outros e a si mesmo."

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