quarta-feira, 20 de março de 2024

SPEECH

 ALGUNS COMENTÁRIOS

SOBRE O MINISTRO NA RODA


(Veja o programa na íntegra em: https://www.youtube.com/watch?v=QG6US8pmmGs&t=4796s)


(por Solange Galante)

O Ministro de Portos e Aeroportos Sílvio Costa Filho foi o entrevistado do programa Roda Viva (TV Cultura) na última segunda-feira, dia 18 de março. Esses são meus comentários iniciais a respeito de sua participação, em relação à Aviação.

Os jornalistas presentes, em sua maioria especialistas em economia e atividade portuária – nenhum especializado em aviação especificamente – foram diretos na questão do programa Voa Brasil, situação das cias. aéreas brasileiras e sistema aeroportuário nacional.

Falando da situação das nossas aéreas, considerando a recuperação judicial da Gol e a passada recuperação judicial da LATAM – embora ela não seja uma companhia brasileira, apenas tendo uma subsidiária brasileira, o Ministro disse:

"É importante registrar que o problema da aviação não é um problema apenas do (nosso) país, é um problema mundial. Para você ter uma ideia, muitas das empresas aéreas nesses últimos cinco anos entraram em recuperação judicial, a exemplo da American Airlines, a exemplo da Delta, a exemplo da própria Latam, da Canada Air ..."

Na verdade, a American entrou no chamado Chapter 11 em 29 de novembro de 2011 e dele saiu em 8 de dezembro de 2013. Portanto, NÃO foi nos últimos cinco anos.

Por sua vez, a Delta Air Lines entrou em 14 de setembro de 2005 e saiu dessa condição em 30 de abril de 2007. Também, NÃO foi tão recente como disse o Ministro.

A Latam SIM, ficou no Chapter 11 entre 26 de maio de 2020 e 03 de novembro de 2022.

Agora, como NÃO existe "Canada Air", ele deve ter intencionado dizer "Air Canada", que ficou no Chapter 11 entre 1o. de abril de 2003 e 30 de setembro de 2004. Também NÃO foi nos últimos cinco anos.

(Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_airline_bankruptcies_in_the_United_States)

Prosseguiu o Ministro:

"O aumento que nós tivemos nas passagens aéreas no mundo foi em torno de 15 a 18 %. E o que é que houve? Na minha avaliação, passagem aérea e aviação é utilidade pública. Infelizmente, o governo anterior não deu nenhuma atenção para as companhias aéreas no Brasil. (...) No momento da pandemia, da crise aérea, que as cias. aéreas não estavam voando, os EUA aportaram mais de US$ 50 bilhões em créditos do tesouro, Alemanha, aportou US$ 12 bilhões, a França, US$ 20 bilhões, Portugal US$ 1,2 bilhão. O Brasil, efetivamente, nada. Nós não temos agenda de crédito para o setor aéreo, o setor de construção civil, o agronegócio, indústria têm, mas quando analisamos aviação, não temos praticamente nenhuma linha de crédito, nos últimos 10 anos não houve por parte das companhias aéreas nenhuma linha de crédito que efetivamente pudesse ajudar no financiamento e na recuperação dessas cias. aéreas."

É chato colocar política no meio mas, vamos lá: antes do governo de Jair Bolsonaro (2018-2022) os governos foram do Partido dos Trabalhadores (Lula, Dilma e Temer), então, a (total) falta de apoio às cias. aéreas comerciais nacionais é tão longeva que incluiu os primeiros anos do atual presidente em seu primeiro período como governante (desde 2003). Convém lembrar que duas grandes companhias aéreas brasileiras, as tradicionalíssimas Varig e Vasp, pararam de voar, sendo depois liquidadas, dentro desse período (A Vasp em 2005 – e sua falência foi decretada em 2008; e a Varig foi a leilão e foi dividida e vendida em 2006).

Já sobre o famoso Voa Brasil, que está prestes a (finalmente) ser anunciado, o Ministro deixou claro que não é bem do jeito que foi divulgado inicialmente:

"Naquele momento, da forma em que foi passada, por setores da imprensa, por setores da sociedade brasileira, por conta das redes sociais, o povo brasileiro achou que a passagem seria 200 reais, seria insano a gente desenhar um programa dessa natureza. O que nós fizemos? Desenhamos um novo programa Voa Brasil, que esperamos lançar até o final de março. Na primeira etapa vamos atender 21 milhões de aposentados que ganham até dois salários mínimos e 700 mil alunos do Pró-Uni. São 5 milhões de passagens que serão disponibilizadas pelas cias aéreas sem nenhum real do tesouro. Porque em algum momento saiu uma nota, uma matéria, dizendo que iria ter recurso público sobre isso. Não, foi um trabalho de construção coletiva, de muito diálogo para a gente poder atender públicos específicos."

O povo "achou" NADA, foi dito MESMO! Mas, nada estranho, a meu ver, já que logo que o ex-Ministro Márcio França criou do nada essa ideia populista de passagens a 200 reais eu duvidei, pois, com certeza, faltou combinar com os russos, ou seja, as companhias aéreas (as mesmas que estão em dificuldades!)

Farei mais análises em breve. Aguardem!




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