segunda-feira, 19 de setembro de 2022

SPEECH

 QUE SAUDADES DA INFRAERO!!!!!



(por Solange Galante)

Não: esse título não foi escrito em um momento de confusão mental, efeito de psicotrópicos ou coisa parecida. A Infraero, em alguns aspectos, era melhor, pelo menos até esse momento, que algumas concessionárias privadas de aeroportos brasileiros.

"InfraZERO", "InfraERRO" etc já foram apelidos maldosos dados à empresa estatal de infraestrutura aeroportuária. Mas, justamente por ser estatal – embora isso não seja a regra em outras estatais – e sofrer cobranças da opinião pública, pelo menos no atendimento à imprensa ela tinha um desempenho muito, mas muito melhor do que empresas X, Y e Z atualmente administrando nossos grandes aeródromos.

Nos últimos anos, de outrora perseguidora a spotters, a Infraero também se tornou amiga dos apreciadores do hobby de fotografar aviões. O que a motivou a mudar sua postura quando justamente estava começando a perder para a iniciativa privada a administração de seus aeroportos, não sabemos. Mas o contraste com as dificuldades hoje reinantes em se tratando de atendimento aos jornalistas só começou a aparecer mais recentemente.

SEM PADRÃO E SEM PATRÃO

Recebi há alguns meses a missão de coletar o máximo possível de informações sobre nossos principais aeroportos localizados em todas as capitais brasileiras. Com a cabeça de quem havia trabalhado com a Infraero durante a maior parte de minhas décadas como jornalista de aviação, achei que eu cumpriria a missão "com um pé nas costas", como se diz. Ledo engano... isso era pensamento daqueles tempos anteriores...

Temos por volta de oito concessionárias já atuando em grandes aeroportos brasileiros. A dificuldade começa na falta de padronização dos sites dos mesmos já concessionados. Cada concessionária adota um leiaute, caminhos e prioridades distinto. Em alguns, você clica em vários links até encontrar o que precisa. Ou clica e clica para descobrir depois que não está no site a informação de que você precisa. Com a necessidade urgente de recompor o caixa (altas quantias, aliás) investido a partir dos leilões, as concessionárias priorizam 100% o passageiro. Não sei se estes também estão tendo alguma dificuldade de acesso ao que precisam, mas o foco é neles. Porém, talvez as concessionárias e suas equipes se esqueçam que TUDO o que o passageiro sabe de antemão para voar confortavelmente, sem fake news, com responsabilidade e via fontes oficiais, ele fica sabendo... pela imprensa! Seja pelo rádio, TV, internet, celular ou até jornais distribuídos nos semáforos: acidentes e incidentes que interditam pistas, mudanças nas regras de transporte de bagagens, tendência de alta nos preços das passagens, aumento do valor das tarifas de embarque, regras de vigilância sanitária, greve de tripulantes e até dificuldades de empresas aéreas que podem vir a falir. É OU NÃO É?

Não bastasse não se encontrar o que se quer saber nos sites dos aeroportos, aos jornalistas é hora de seguir o plano B: o contato com a assessoria de imprensa, e é aí que se descobre que alguns sites não trazem essa informação: email, telefone, whatsapp, endereço físico, mesmo os códigos para o sinal de fumaça ou batidas nas raízes das árvores sumaúmas para que a mensagem ecoe quilômetros adiante. Ou seja: NENHUM canal de comunicação!

Daí, se recorre ao site da concessionária – não do aeroporto, exatamente – e ao email do canal de comunicação geral. O que também nem sempre garante o contato, essa é a verdade. Sendo que em alguns sites, seja dos próprios aeroportos ou seja da concessionária, há telefones e email de vários setores, aqueles que dão lucro, aliás – passageiros, cargas e aluguel de lojas internas – mas NENHUM relacionado à imprensa!

Parece empresa sem patrão: ninguém quer se responsabilizar por determinados "problemas" como, sabemos, a imprensa é costumeiramente identificada...

Casos pontuais, bizarros, por sinal, que encarei:

- Assessoria que se limita a responder: "Tudo o que você perguntou tem no site do aeroporto". Mas não tem, e volto a perguntar, sem obter resposta;

- Uma assessoria para cada grupo regional de aeroportos da mesma concessionária. Em que cada uma trabalha de um jeito, algumas piores, por sinal.

- Assessoria que não responde seu email, então você tenta outros, onde respondem que não é com eles, "tente de novo o primeiro endereço".

- Assessoria de imprensa que tem site próprio mas no seu site não tem sequer email ou telefone para você contatá-los! Juro que existe isso! Ah, sim, e nem mesmo o famoso formulário de "Fale conosco!"

Com isso, por DUAS vezes tive que recorrer à... ouvidoria do aeroporto! E, aí sim, algum ser humano leu minha solicitação (com reclamação) e encaminhou meu pedido a alguém da imprensa de fato...

Observação: nesses dois casos, embora a ouvidoria tenha puxado as orelhas das assessorias e uma delas me contatado pedindo mil desculpas, ainda NÃO RECEBI as informações solicitadas!

NOS TEMPOS PASSADOS

Com a Infraero havia/há um email central para onde as questões eram/são direcionadas, informando-se o veículo, a pauta e o deadline, que é o prazo final para receber o material para se poder fazer a matéria. Em alguns dias a resposta chegava/chega por email, com o cabeçalho padrão com o nome do órgão de imprensa solicitante, com as respostas – e se para alguma questão não havia como se enviar a resposta, isso era informado também. Além disso, há um site específico com todas as estatísticas dos aeroportos por ela administrados, para acesso livre e público. Isso para todos os aeroportos, facilitava muito, havia padrão, e "patrão", ou seja, o responsável pela demanda.

Aliás, com as concessões, hoje, de quase todos aeroportos administrados anteriormente pela Infraero, esta tira do ar os respectivos sites e, com isso, perdem-se dados preciosos pois as concessionárias se eximem de informar dados anteriores à sua gestão, alegando que "A Infraero não nos passou" OU, simplesmente  "Não é da nossa gestão." E nisso reside minha, agora sim, crítica à Infraero ou, pelo menos, ao Governo Federal, por meio da Secretaria de Aviação Civil, por não munir as concessionárias das informações anteriores para consulta pública. "Se" realmente não as muniram. 

Teriam os dados passados e presentes sido abduzidos por ETs? 

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