segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

***Colaboração***

APAGAMOS OS ERROS MAS... SERÁ QUE ELES DESAPARECERAM MESMO?

(por Solange Galante)

Semana passada eu entrevistei, em meu canal no Youtube "Solange Airways" uma doutora em comunicação, a professora Denise Paiero, da Universidade Mackenzie. Óbvio que temos uma opinião em comum, que errar, todo mundo erra, pois somos humanos, falíveis, limitados. Concordamos também na opinião, também óbvia, de que hoje, na era digital, todo mundo quer e pensa ser jornalista quando carrega conteúdos nas mais diversas redes sociais, mas ser jornalista é mais que escrever bem, aparecer bem num vídeo, ou despejar conteúdo informativo ao público, é, entre outras coisas, ter responsabilidade e buscar incessantemente eliminar erros de informação. Por isso que no meu Curso de Introdução à Aviação Civil para Jornalistas, Assessores de Imprensa e Fontes tenho um módulo chamado O Trabalho do Jornalista, que explica exatamente no que consiste a profissão, especialmente à luz da legislação, e outro sobre a Importância da Informação Correta, com, inclusive, análise de casos de erros na imprensa especializada ou não em aviação.

O slide abaixo, com um erro REAL de uma revista de aviação brasileira, é do meu curso:




Se numa publicação impressa o erro fica eternamente lá, disponível para os leitores, nas mídias de internet ele pode ser rapidamente apagado, corrigido, eliminado.

Mas, esquecido, jamais, quando seu público é muito mais rápido que a transmissão de bytes!

O slide abaixo, com um erro REAL, também é do meu curso:


As mídias digitais até reduziram a quantidade de "erratas", ou seja, o "erramos, desculpem-nos", ou seja, o reconhecimento de que uma informação teve que ser corrigida.

É claro que alguns erros viram apenas motivo de piada entre quem entende do assunto mas não canso de ver as pessoas menos conhecedoras da aviação replicando algumas informações erradas sem saber que estão... erradas!!!

É por isso que o disseminador de conteúdo deve ter como meta o máximo de cuidado, com responsabilidade, para ter credibilidade plena. No mínimo, não virará motivo de chacota, como uma revista virou, após ter cometido muitos erros no seu início no Brasil (mais um slide do meu curso):




É obvio também que, quanto mais enxuta a equipe ou quanto mais e mais se quer produzir para atender à audiência sedenta ("Aconteceu agora, daqui a dez minutos já quero um vídeo a respeito no Youtube!") mais nos afastamos da perfeição, não é mesmo? E é justamente essa rapidez desejada pela audiência que permite que flagrantes, como o do penúltimo slide acima, sejam gravados.

Mas vamos à COLABORAÇÃO da vez!

Recebi na semana passada um vídeo (mais abaixo) de um leitor deste Blog, acompanhado do seguinte email:


 

À princípio não entendi o contexto da observação, visto que, descobri depois, o Renato me enviou apenas um trecho do vídeo completo, mais exatamente um pequeno trecho que passou a circular nas redes sociais, onde a frase em questão é exatamente essa:

"... o 7700 é o código de emergência, é quando você vai alternar algum aeroporto por qualquer que seja o motivo." (sic)

Bem, claro que não é assim, um piloto precisa alterar por condições meteorológicas adversas e não coloca o 7700 no transponder... Mas, será que esse vídeo teria sido editado por quem compartilhou?

Então, a melhor coisa a fazer, nesse caso de erro de informação, é ir atrás e assistir ao vídeo original. O que, inclusive, é a regra número um para se evitar o compartilhamento de Fake News. Portanto, para ter certeza se esse trecho e essa frase eram reais, foi o que fiz, e também selecionei um trecho, assim como o fez quem compartilhou o vídeo acima. O trecho que eu selecionei está aí embaixo:




Primeiro, achei o outro erro apontado pelo Renato Rayal, que não constava do vídeo mais curto compartilhado pelas redes sociais e anexado pelo internauta no email que me enviou: ao explicar que 7600 era  código de "falha de comunicação" apareceu o banner errado ("Usado para interferência ilícita") e, logo em seguida, aí sim, o caso do 7700, onde a frase é a seguinte, exatamente: 

"... o 7700 é o código de emergência. Na tela dos controladores..." (sic)

Percebi, então, que o trecho "é quando você vai alternar algum aeroporto por qualquer que seja o motivo" havia sido retirado, ou seja, o vídeo havia sido editado – pelo próprio Canal – provavelmente após algum alerta de internauta – talvez, por que não, até mesmo o que pinçou o erro e o replicou nas redes sociais, vindo, enfim, chegar até mim pelo email do Renato Rayal.

Mais, achei nos comentários do mesmo vídeo esse, do próprio Lito Sousa:



Portanto, além de chamar a atenção para o erro do banner sobre o 7600 – que mais internautas também haviam percebido, conforme mais abaixo copio, a fala correta seria "... o 7700 é o código de emergência, é quando você vai alternar algum aeroporto por qualquer que seja o motivo da emergência." O final da frase faltou na edição do vídeo, então foi depois reeditado e toda a frase com sentido dúbio foi suprimida.



A
ssim, respondendo à pergunta do meu título, não, os erros jamais desaparecem por completo. Ainda mais na era digital, onde os internautas são mais rápidos que a velocidade da luz... e as redes sociais mandam o erro para o planeta inteiro e este se tornou mais um caso a ser discutido no eu curso!

MEU RECADO FINAL

Desde que nascemos fazemos cara feia para quem não atende nossos desejos ou aponta nossos erros, fazendo birra, ignorando quem nos ensina, falando mal de professores, hoje, até cancelando ou fazendo campanha contra aqueles que nos colocam na berlinda. Mas, infelizmente, é assim que eu, você e toda a humanidade aprende, encarando erros dos outros ou nossos próprios mesmo. Com humildade, de preferência.



2 comentários:

  1. Oi Solange, que análise importante! Para nósda aviação regular, sabemos que foi um equívoco, mas muitos que estão começando estarão aprendendo erroneamente. Uma correção imediata e seu alerta pra detalhes como estes são imprescindíveis! Parabéns👏

    ResponderExcluir