sábado, 16 de maio de 2020

Diretamente dos nossos "Archivos"

ALGUÉM ACENDE A LUZ, POR FAVOR!

Durante três anos, entre 1997 e 1999, eu morei a exato um quilômetro (em linha reta) do Aeroporto de Congonhas. Como meu pai era zelador do prédio onde morávamos, eu sempre dava um jeito de subir até o teto do prédio, lá debaixo das antenas coletivas e para-raios, de onde dava pra ver Congonhas. As fotos a seguir são algumas que tirei de lá naquela época (Não exatamente no mesmo dia desse texto). 





No dia da citada falta de luz, eu estava lá no teto do prédio e vi CGH escuro, no final daquela tarde.


Fim de tarde de domingo em São Paulo, céu de brigadeiro, pouco vento, pouco tráfego: tudo perfeito para voar. Congonhas operava pista 35. Porém, quase 18 horas, horário local., o balizamento noturno das pistas do aeroporto paulistano apagou-se cerca de dez minutos após ter sido aceso. As aeronaves em aproximação foram avisadas mas, como confirmassem ainda estar enxergando a pista receberam autorização para pousar. Entretanto o sol foi se pondo e nada de balizamento aceso. Problemão...
     Impossibilitadas de enxergar a pista, as novas aeronaves que se aproximaram foram orientadas a manter espera sobre o VOR Rede, sendo informadas que não havia previsão para o problema ser solucionado. Os primeiros aviões em órbita foram um bimotor particular, um jato do vôo 411 e outro jato do vôo 275. Como era de se esperar, todos constantemente perguntando ao Controle de Aproximação Final se havia alguma LUZ para o caso...
     A seleção brasileira de futebol entraria em campo às 19 h pela Copa América e isso preocupou o piloto do bimotor:
     -- Vai começar o jogo daqui a pouco! Não vai dar nem pra ver!
     -- É... não vai dar... -- comentou o controlador.
     -- E quando resolver o problema vai ser um Deus nos acuda!
     De fato: tráfego acumulado para pousar e para decolar. Todos sabem o que é Congonhas parado...
     Uma quarta aeronave recebeu instrução para permanecer em órbita. Ao contrário do que esperava, naquele dia e horário, entrou na "fila" para o pouso.
     -- Controle, o nível é este mesmo? Está cheio de avião por aqui...
     -- Justamente, estão abaixo do seu. Você é o quarto para a aproximação.
     -- Tem tanto avião aqui quanto peixe na água...
     O controlador procurou se informar quanto à autonomia das aeronaves pois ainda não havia previsão... Havia apenas a informação de que o gerador do aeroporto estava funcionando mas não estava passando corrente para as lâmpadas do balizamento.
     Combustível esgotando-se, o primeiro a desistir da espera foi o bimotor, que seguiu para o Campo de Marte. Ao abandonar a freqüência do Controle São Paulo, disse ao controlador:
     -- Bom jogo para nós!
     Pois é, já quase 19 h e os outros aviões também alternaram, indo para Guarulhos.
     Enquanto isso, as aeronaves no pátio de Congonhas recebiam a informação de que às 19:20 h o balizamento poderia ser religado.
     Britanicamente pontual, o aeroporto voltou a ter as pistas iluminadas no horário previsto. Não havia mais avião algum pronto para pousar mas muitos para decolar. Alguns vôos já partiram com atraso de suas origens para São Paulo, sabendo do problema que o manteve inoperante por mais de uma hora, e o aeroporto teve que receber vôos até após às 23 h, horário normal de seu fechamento.
     O jogo? Ah, claro: felizmente vencemos e fomos classificados para as semifinais do campeonato...

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