terça-feira, 16 de abril de 2019

SPEECH

RESPEITO COM RESPEITO SE PAGA

(por Solange Galante)


(Foto: Ana Laura Haddad)

Os fotógrafos de aviação por hobby – mais conhecidos como plane spotters – de décadas atrás sabem como viveram tempos difíceis no Brasil. Não raro, sua atividade era considerada marginal e vários chegaram a ter filmes apreendidos ou fotos digitais apagadas, ou eram proibidos de fotografar ao redor de aeroportos, isso quando não ficavam sob a mira de armas apontadas contra eles por seguranças que acham que todo mundo é criminoso. Ou, então, simplesmente não encontravam nenhum local de onde pudessem ter acesso visual às aeronaves desejadas.
Com a concessão de vários aeroportos brasileiros à iniciativa privada, grupos locais de spotters se mobilizaram para explicar sua atividade às concessionárias, embora todas tenham uma empresa gestora de aeroportos participando, várias delas já acostumadas a ver fotógrafos de aviação em aeroportos internacionais.
Com isso, com organização e, sobretudo, com respeito aos limites que qualquer aeroporto precisa ter, eventos foram sendo realizados com a participação de spotters locais e de fora da área de aeroportos de São Paulo, de Brasília, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, das capitais nordestinas e da Amazônia.
Aí se verificou um fenômeno bastante interessante a agradabilíssimo: a Infraero, que por décadas reinou absoluta como administradora de aeroportos em todo o país, e que havia se tornado até mesma inimiga de alguns grupos de fotógrafos pela rigidez de regras de segurança, começou a abrir espaço para o hobby em eventos regulares. De repente, spotters começaram a usar a famosa camiseta branca e azul dos "Spotters Days" e a atender à solicitação da empresa estatal para compartilhamento de fotos, assim, a Infraero não só realizou exposições com as imagens feitas pelos fotógrafos como aumentou sua disponibilidade de fotos institucionais.
O nome disso se chama "Respeito". A exemplo do que ocorre com as concessionárias privadas de aeroportos, para cada evento há uma chamada para inscrição, os fotógrafos selecionados participam de um briefing com os funcionários da Infraero, ficam sabendo de seus limites, há horários exatos para a atividade, e têm acesso a locais inacessíveis a eles no dia-a-dia de um grande aeroporto.
O último Spotter Day  foi na sexta-feira passada, dia 12 de abril, no 83o. aniversário do Aeroporto de Congonhas, o segundo mais movimentado do Brasil. Foi o 3o. Spotter Day de Congonhas, sendo que o primeiro aconteceu há três anos, quando o querido aeroporto paulistano se tornou "oitentão".
Mais uma vez a organização foi impecável, o clima foi descontraído e seguro, o resultado, que pode ser visto pelas fotos (como as minhas, conforme abaixo) foi excelente e todos saíram felizes do evento. Com a participação do Corpo de Bombeiros que atua dentro do aeroporto, tanto os mais jovens quanto os spotters mais experientes tiveram acesso visual à grande variedade de aeronaves do tráfego intenso e diário de "CGH", além de tirar duvidas com os "soldados do fogo" e funcionários da própria Infraero. Quem participou, desta vez, foi o próprio superintendente João Márcio Jordão. Tudo ocorreu na mais perfeita ordem, segurança, pontualidade e descontração.
Quem me conhece sabe que sempre fui crítica quanto à Infraero. Mesmo sabendo de suas limitações como empresa pública, sempre clamei junto aos spotters mais assíduos que eu pela oportunidade de exercer esse hobby tão belo e famoso mundialmente. Os fotógrafos de aviação por hobby não raras vezes registram aeronaves raras e situações de perigo como presença de pássaros e balões na área aeroportuária que servem como alerta para as autoridades. Ou seja, além de testemunhas da história da aviação, acabam realizando um trabalho que é muito útil para toda a comunidade.
Todos sabemos que o Governo Federal está se empenhando em concessionar à iniciativa privada a maioria de nossos aeroportos, em breve, todos os principais, por isso, o destino da Infraero é incerto. Mas, enquanto existir, ela está empenhada em ser a grande amiga dos fotógrafos de aviação e, acredito, já varreu para longe aquela má fama, felizmente!
Da nossa parte, além de agradecer imensamente à iniciativa da Infraero – antes tarde do que nunca! – desejo que também os spotters continuem sendo bacanas com a empresa. Pois respeito com respeito se paga!




























2 comentários:

  1. Quando existe respeito e sensibilidade de ambas as partes, a parceria é algo que fluirá com o tempo.
    Bastando que os entusiastas saibam seus lugares, e não queiram levar a lei de gerson falar mais alto.
    Parabéns pelo evento e aos entusiastas que tiveram momentos de puro prazer.

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