sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Plantão Caixa Preta

FALHA DE MANUTENÇÃO CAUSOU O ACIDENTE COM O D-ALCM EM 2016.


(foto: Seba Borsero)



No dia 10 de novembro de 2016, há quase dois anos, o MD-11F da Lufthansa Cargo D-ALCM (Buongiorno Italy), com dois pilotos a bordo, que fazia o voo LH8273 de Curitiba (PR, Brasil, Aeroporto Afonso Pena) para Buenos Aires (Argentina, Aeroporto Ezeiza), ao aterrissar, teve sua roda esquerda do trem de pouso dianteiro separada da perna do conjunto e arremessada contra a fuselagem do próprio avião, avariando-o.

Inicialmente, pensou-se que havia ocorrido a explosão de um dos pneus mas os spotters locais publicaram fotos da falta da roda da aeronave. A JIAAC (Junta de Investigación de Accidentes de Aviación Civil), autoridade local, foi a responsável pela investigação, com a qual a Alemanha colaborou.
O relatório final foi publicado pela autoridade de segurança aérea argentina no último dia 31 de outubro de 2018. Embora contrariando o Anexo 13 da ICAO por ter sido divulgado, ao menos por enquanto, apenas em espanhol – o que limita e dificulta a prevenção global da repetição das causas do incidente, classificado como “acidente” pelos argentinos –  as conclusões foram as seguintes:
- falta de trava de segurança no espaçador da roda
- falta de supervisão e controle de qualidade na escala de Dakar (o voo era Frankfurt-Dakar-Viracopos-Curitiba-Buenos Aires).
Segundo divulgou o boletim do site The Aviation Herald (AvHerald), a roda só foi encontrada após dez dias desde o acidente – a aeronave, aliás, permaneceu por algumas semanas em manutenção em Buenos Aires, antes de ser transferida também para manutenção para os Estados Unidos (Victorville / California), só voltando aos voos regulares meses depois.
O AvHerald prossegue informando que  “A investigação relatou que a roda do nariz esquerdo foi substituída durante uma escala em Dakar (Senegal). A Lufthansa realizou a troca de rodas e verificou o funcionamento correto da roda.”
O JIAAC analisou que nem o pessoal de manutenção nem a tripulação podiam detectar que faltava o mecanismo de bloqueio,  que deveria manter fixo e impedir que o espaçador e o conjunto se desenroscassem. A separação da roda, portanto, foi causada por uma tarefa de manutenção deficiente.
Observo que eu comentei o caso na Caixa Preta em janeiro de 2017 e, a princípio, acreditei que pudesse ter sido uma explosão de pneu por corte provocado por FOD – à semelhança do acidente com o Concorde na França, em 2000 – mas essa versão preliminar logo foi enfraquecendo, após comentários de especialistas em pneus aeronáuticos. Enfim, a  aeronave voltou ao voo está na ativa até hoje.


Veja outras fotos quanto ao relatório final diretamente no site:

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