terça-feira, 29 de outubro de 2013

CAIXA PRETA # 98



29 de outubro de 2013

O FIM DOS TRÊS IRMÃOS ARCO-ÍRIS

Existiu no Brasil uma companhia aérea que foi criada como cargueira, para transportar produtos de carne, embutidos e afins mas que depois conquistou os passageiros pela simpatia de seus funcionários e pelas cores alegres de seus aviões.

Ela sempre foi a menor das companhias maiores: tinha a menor frota, a menor variedade de modelos de aviões, a menor malha de rotas. Ainda assim, não deixou de voar para diversos destinos no Brasil e no mundo.

Seu apaixonado fundador e presidente era um artista que adorava tocar piano para seus passageiros nos aeroportos, sempre que podia. Um homem alto, enorme, aparentemente desajeitado, e que sempre que podia (sempre podia!) pilotava um pouco e pousava os próprios aviões da companhia, especialmente em voos especiais.

Mas os tempos mudaram e a doença levou o apaixonado fundador a afastar-se do comando da companhia do arco-íris. Nesse ínterim, ascendeu ao posto de maior executivo, seu genro, um homem bem diferente, nem de longe interessado nos destinos da companhia, especialmente quando faleceu o sogro.

Eram outros tempos, difíceis, para todas as empresas aéreas. Quem achou o pote de ouro não foi a companhia do arco-íris, mas uma novata alaranjada que surgiu  naquele trágico 2001.

As dificuldades aumentaram após o golpe do 11 de setembro e, menos de três meses depois, solicitada sua falência, a companhia colorida parou de voar. Para não se reerguer mais.

Uma receita muito indigesta de lentidão da justiça e tamanho da empresa seria fatal. Sendo pequena e com poucos bens, em comparação às outras empresas, inclusive duas que também teriam as asas cortadas posteriormente, foi uma das mais esquecidas. Restaram-lhe três aviões próprios, apenas, três irmãos até então bem cuidados e alimentados, mas que não puderam voltar aos céus e foram perdendo o brio e o brilho jogados num canto da Capital Federal.

O tempo passou e depreciou as aves, ao mesmo tempo em que restos de sua memória foram despejados pela administradora do aeroporto da Capital Federal.

O resultado? Última empresa a ter os bens leiloados, poucos bens e distantes dos grandes centros (São Paulo e Rio de Janeiro, principalmente), atraiu poucos interessados na última tentativa de ter sua memória preservada ao mesmo tempo em que se tentava pagar seus credores. Reduzida à sucata, deixará em breve de ser lembrada pelos futuros entusiastas, aviadores e aeronautas brasileiros.

Por favor, conte a seus filhos e netos que um dia existiu a Transbrasil Linhas Aéreas e seu orgulho: três irmãos Alfa, Bravo e Charlie, bravos guerreiros em um país onde a  aviação é tão maltratada quanto os mais honestos de seus cidadãos.



As opiniões abaixo, depois do resultado do leilão, são de colegas e amigos que também muito lamentam o triste fim da companhia:



“Infelizmente quem teve cacife nesse leilão está se lixando para a história desse avião. País de b... merece mesmo ter sua história transformada em sucata para depois, por desconhecimento da mesma, voltar a repetir os erros do passado e nunca sair dessa situação de m... na qual se encontra. Já tivemos grandes empresas aéreas mas por roubalheira e descaso do governo hoje elas são passado e nossa aviação comercial está nas mãos da...Lan Chile. Merecemos mesmo!! (Fernando Canteras)



“Voltamos ao assunto que já conversamos: Em um país em que falta todo tipo de cultura, (que começa com a falta de educação), é claro que ninguém se interessaria por "aviões velhos"! Se grande parte do povo desconhece até mesmo quem foi Santos Dumont, o que nós gostaríamos? Engraçado que nem mesmo instituições aeronáuticas costumam se interessar por aeronaves (vide Anhembi Morumbi) ! E o comandante Felipe Wagner ? Falou, falou e não vai ficar nem com a cabine do TAA ! (Luís Fernando Janeiro)
---------------------------------------------------

Aproveito para esclarecer ao amigo Luís Fernando Janeiro e demais internautas que o Cmte. Felippe Wagner se interessa sim por preservar a memória da companhia para a qual trouxe o PT-TAA, no início da década de 1980 e ainda luta, como também eu, para conseguir partes das aeronaves para preservação e exposição, somente não teve (não tivemos) cacife para arrematar os aviões inteiros.



Mais ainda, passada uma semana desde o leilão, minhas primeiras investigações resultaram em informações de que há ainda a possibilidade de preservação de partes dos três irmãos no Brasil. Os internautas deste Blog podem ficar certos de todas as informações, se confirmadas, serão divulgadas em Caixa Preta da Solange.


===========================================================================

FOKKER 100???



Não!!! Na verdade, um DC-9... (senão não teria esta cabine, né?)



(Fonte da foto/legenda: revista “1”, no 162, março/2013)

==================================================================



Não sou carga... mas fui de cargueiro!


VOANDO DE MD-11 FREIGHTER – PARTE 1

                                                                           por Solange Galante - texto e todas as fotos

Você já parou para pensar como são transportados os produtos que você consome, sejam alimentos, roupas, eletrodomésticos, eletrônicos, veículos? Muitos deles, inclusive peças para montagem de produtos da indústria brasileira, vem de muito longe. O urgente e o valioso, especialmente para cobrir grandes distâncias, segue de avião. E esse será nosso ambiente nessa viagem.

Diariamente e a toda hora rodovias, ferrovias, portos e aeroportos em todo o mundo levam e trazem não só passageiros, mas também carga, muita carga, desde parafusos até automóveis, desde arroz e feijão até geladeiras, desde celulares até TVs de 50 polegadas. Mas também são transportadas frágeis rosas colombianas, bulbos de tulipas holandesas e indispensáveis medicamentos e vacinas. E não são só produtos vistos diariamente em prateleiras, mercados, lojas e escritórios. Também vão de lá pra cá e daqui pra lá cavalos puros-sangues para competições olímpicas, pintinhos com um dia de vida que serão criados até o abate bem longe de onde nasceram, felinos selvagens da lista de espécies ameaçadas de extinção, helicópteros inteiros, peças extremamente gigantescas para as usinas de petróleo e construção civil... ou, então, todo o círco da Fórmula 1, com seus motorhomes e bólidos que aceleram em poucos segundos para 300 km/h.
Mais do que o custo do transporte para chegar ao destino, o tempo e a segurança para o fim da jornada é essencial para se definir se qualquer item desses relacionados acima, e muitos outros mais, irá rodando, deslizando pelas estradas de ferro, navegando pelos oceanos... ou voando.
Por isso, além de aproximar pessoas, a aviação revolucionou o comércio doméstico e internacional. O que antes rodava em carros de bois ou veleiros hoje pode ir pelo ar, na velocidade do jato, e proporcionar sentirmos no Brasil o sabor adocicado de berries norte-americanas e o perfume delicado de flores que foram produzidas no norte da Europa. Enquanto isso, o mundo longe da América pode saborear melões e mangas plantados no sertão nordestino e admirar peixes ornamentais cuidadosamente pescados e embalados com todo cuidado nos rios da Amazônia.

Missão logística.


NO SENTIDO DOS PONTEIROS DO RELÓGIO

A Lufthansa Cargo é uma unidade autônoma dentro do Grupo alemão Lufthansa desde novembro de 1994 e rapidamente se tornou um dos maiores representantes do mercado aéreo de cargas do mundo, utilizando frota própria e também o porão das aeronaves de passageiros das empresas do Grupo. Seu foco é o chamado serviço “aeroporto a aeroporto”, ou seja, sua missão acaba ao chegar ao aeroporto de destino, o que não acontece com empresas de encomendas expressas, por exemplo, que complementam o serviço indo direto ao cliente final utilizando veículos terrestres.
No Brasil, um dos serviços com aeronaves full cargo da Lufthansa é realizado seguindo um traçado horário: duas vezes por semana, dois trijatos MD-11F (Freighter) partem da cidade alemã de Frankfurt am Main (FRA) repletos principalmente de peças para eletrônicos e medicamentos. Esses são dois exemplos de produtos, chamados de “alto valor agregado e/ou perecíveis” que são a carga preferencial do transporte aéreo, que cobra pelo serviço o valor adequado à velocidade necessária. Às vezes você mesmo nem percebe o quão rápido chegou aquele produto importado que você comprou pela internet. Imagine, então, uma indústria, que depende de delicadíssimos chips para instalar no mais novo modelo de smartphone montado na Zona Franca de Manaus.
Um dos 18 gigantes cargueiros da Lufthansa – que, em breve, receberão novos irmãos, com capacidade ainda maior, os Boeing 777F – vem duas vezes por semana para Viracopos (VCP), desembarca carga europeia e embarca carga para outros destinos na América do Sul – Quito (Equador) e Aguadilla (Porto Rico) –, além de ter a bordo carga europeia a ser desembarcada em Campinas e em Manaus. Pelos acordos de liberdade de transporte aéreo assinados entre Brasil e Alemanha, não é permitido à Lufthansa transportar cargas dentro do Brasil – ou seja, embarque aqui, desembarque também aqui, a chamada cabotagem. Pelo mesmo motivo, na ocasião de nossa viagem, encontrava-se suspensa a escala feita antes em Bogotá, devido a questões de direito de tráfego entre Colômbia e Brasil.
Ao decolar, depois, de Manaus, o MD-11F estará quase vazio e muito da carga que deixou na capital amazonense – principalmente para abastecer as indústrias da cidade do Pólo Industrial – agora dará espaço a um produto perecível muito admirado na Europa e que será embarcado na capital do Equador: flores, muitas flores frescas.

Todo tipo de carga pode voar.


MEUS PRIMEIROS CONTATOS COM A AVE

Ao concordar em me transportar em um de seus MD-11F para acompanhar a operação cargueira entre Viracopos e Manaus, a Lufthansa designou seu diretor de Comunicação Corporativa para a América Latina, Joerg Waber, para me acompanhar. Berlinense, mas já vivendo e tendo constituído família no Brasil há anos, Joerg estava me acompanhando profissionalmente mas confessou estar sentindo tanta ansiedade quanto eu – também seria seu primeiro voo em um cargueiro. Portanto, se eu aprenderia muito naquela viagem, ele também. Com isso, tornamo-nos passageiros e visitantes diante de quatro anfitriões que entendiam tudo de carga e de MD-11F, como verão a seguir.
Meses depois dessa viagem, Joerg deixou essa função para ir trabalhar na Alemanha, em outra unidade do Grupo Lufthansa. Portanto, esse foi o último trabalho em que ele me prestou assessoria, e deixará saudades!
Por várias razões voos cargueiros, especialmente os internacionais, são mais frequentes à noite e durante a madrugada. As temperaturas mais amenas favorecem a performance das aeronaves de grande porte, especialmente quando lotadas. Havendo menos voos domésticos com passageiros à noite, especialmente devido ao fechamento de alguns aeroportos centrais, como Congonhas, o que limita a malha das companhias, e após a partida de voos de longas distâncias com passageiros, geralmente até a meia noite, sobram mais slots – horários em que são permitidas as decolagens, dentro de determinada hora –, justamente em horários de madrugada. como ocorre no Internacional de São Paulo/Guarulhos e em Viracopos. Então, sob o luar, as cargueiras praticamente tomam conta dos aeroportos.
No caso do voo LH 8250, rumo a Frankfurt (FRA) com primeira escala em Manaus (MAO), o horário de decolagem não chega a ser noturno, mas ele já havia chegado cerca de uma hora e meia antes e o trabalho de descarregamento e carregamento procura ser ágil como sempre, pois a velocidade é o que agrega valor ao produto “serviço de carga aérea”. O horário previsto para decolar de Campinas rumo a Manaus era 07:50 h. A tolerância, dentro do slot designado para aquele voo, permita que ele decolasse com 15 min de antecedência ou de atraso.
Nem toda carga é tratada igual: são infinitas as modalidades de tratamento e prioridade para perecíveis, animais vivos, valores, grandes volumes, documentos urgentes. Os funcionários da companhia todo dia resolvem equações complicadíssimas para atender às necessidades dos clientes – de cada um deles em particular – da melhor maneira possível, contando para isso com disponibilidade maior ou menor de espaço em aviões totalmente cargueiros ou nos porões dos aviões também para passageiros. Por isso, às vezes os porões das aeronaves que também transportam pessoas, que, no caso da Lufthansa, voam diariamente para dois destinos na Alemanha – Munique e Frankfurt – podem ser a melhor opção, em alguns casos. Sem contar que a carga, depois de definida quando será embarcada, deverá também ser o melhor possível acondicionada, seja em conteiners, em pallets ou de maneira especial. Carga não fala, não se queixa, mas um monte de gente fala e se preocupa por ela – e reclama muito, se necessário – de modo que é fundamental a coordenação para que tudo o que precisar ser transportado seja encaixado da melhor maneira possível na aeronave. Onde, como e até qual temperatura a cabine terá em voo, tudo isso garante o conforto daqueles “passageiros” tão especiais.
Joerg e eu seguimos juntos de táxi até Viracopos para sermos recepcionados pelos funcionários da Lufthansa Cargo naquela estação – como o aeroporto é chamado, nesse caso. Quem também chegou para assumir o nosso voo foram os dois pilotos alemães, a quem seríamos apresentados depois. Voos cargueiros não têm comissários. Os aviadores seriam dois daqueles nossos quatro anfitriões que citei acima, os outros dois apresentarei a vocês em breve.
A manhã do sábado, 13 de abril, estava muito chuvosa em Campinas e necessitamos de guarda-chuvas para ir do carro da handling Swissport, já ao pé da aeronave, para seu interior, subindo pela escada. Mal consegui fazer as primeiras fotos do D-ALCM, onde voaríamos. Mas, agora que eu já havia identificado a “ave” posso falar um pouco sobre ela: Trata-se do penúltimo exemplar dos trijatos projetados pela McDonnell Douglas, e construído já pela Boeing, sob número de construção 48805 e entregue novinho para a Lufthansa Cargo em 22 de fevereiro de 2001.
No alto da escada, percebi que estavam secando o piso emborrachado naquela “antesala”, junto à galley, entre o porão superior (main deck) e o cockpit. Provavelmente pela aeronave, que não transporta passageiros, não ter carpete, era necessário, explicaram-me, secá-la para evitar o risco de infiltrações no porão eletrônico, que fica bem abaixo. Cuidado, aliás, que poucos operadores de MD-11 certamente dispensam àquele tipo de avião e é óbvio que a Lufthansa o faça, empresa que tem baixíssimo histórico de acidentes e incidentes, seja com passageiros ou cargas a bordo. Quem conhece aviação sabe como detalhes minúsculos nunca são exagero.
Para o embarque e o desembarque a empresa de handling Swissport normalmente usa 12 pessoas (o número varia com o porte da aeronave) Não havia mais portas de carga abertas, tudo o que tinha para ser embarcado e desembarcado já estava devidamente acomodado e amarrado.
Geralmente é a própria companhia aérea quem paletiza a carga – isto é, acomoda a carga nos pallets, quando ela não está naqueles caixotes de alumínio, os contêineres, mas a Lufthansa Cargo também oferece treinamento para clientes que desejem paletizar a própria carga. As equipes de paletização montam o pallet para utilizar o máximo do espaço do avião, lembrando, por exemplo, que próximo à cauda o compartimento interno da aeronave é mais baixo e estreito, devido à curvatura natural da fuselagem.


A loadsheet de nosso voo até Manaus.


É hora de falar de nossos dois outros anfitriões, que também voariam conosco até Manaus. Adriano de Souza Campos era o loadmaster designado para aquele voo. Sem explicações detalhadas, técnicas e chatas, podemos resumir assim: ele é o maestro daquele voo cargueiro. Cada funcionário, seja da Lufthansa quanto da Swissport, excuta seu próprio instrumento, mas o loadmaster é o responsável e quem vai acompanhar tudo o que está sendo feito para que haja harmonia na operação. Adriano me apresenta o principal produto de seu trabalho e planejamento, a loadsheet, finalizada há pouco mais de 15 minutinhos. O loadsheet é o documento que contém todos os pesos do avião, contando tudo o que está a bordo, e o centro de gravidade do mesmo. Partiríamos bem leves, apenas com 27.838 kg – o MD-11F pode transportar até 95 ton de carga, quantidade esta limitada aos parâmetros do aeroporto, condições climáticas etc. “Aqui em Viracopos dificilmente ele sairá com 87 ton” informou Adriano, certamente se baseando principalmente pelo comprimento da pista (3.240 m) e altitude do aeródromo (mínimo de 2.139 pés). Das 27 ton, seriam desembarcadas em Manaus 17.219 kg e 10.619 kg em Quito. Nada seria desembarcado em Aguadilla. O peso do avião, sem a carga e sem combustível era de 115.180 kg. Mas ele foi abastecido com 35 ton de querosene de aviação e, tudo incluído, seu peso de decolagem para aquela etapa seria de 178 toneladas e mais 18 quilos. Gastando, como previsto, 20.624 kg de combustível até chegar a Manaus, lá pousaríamos com 157.394 kg, 65.546 kg a menos do que poderia ter de peso máximo de pouso para aquelas condições. Uma cópia da loadsheet fica na estação (no caso, Viracopos) e outra, a bordo do avião. Em Quito, o D-ALCM receberia carga relativamente leve mas suficiente para lotar seu compartimento principal: muitas flores equatorianas, rumando para a Europa.


Aquele voo estava leve.


“O voo hoje para Manaus não está tão cheio. Esse voo aqui melhora um pouco na terça-feira. Na terça-feira da semana passada carregamos 52 ton só para Manaus” observou Adriano. “Ele vem com bastante carga da Alemanha para cá. Normalmente são perecíveis, eletrônicos, e muitas motos – agora estamos transportando bastante da Triumph. Neste voo os perecíveis são especificamente vacinas. As flores que nós embarcamos em Quito é o que dá muito dinheiro, dedicamos este avião mais para Quito.”
A capital do Equador inaugurou no início deste ano seu novo aeroporto, que possui uma pista mil metros maior que a do aeroporto anterior, totalizando 4.100 m. Necessidade pura, pois o aeroporto de Quito continua sendo um dos mais altos do mundo, localizado a 2.400 metros de altitude. Mas o MD-11F opera com folga lá. “O que embarcávamos em Bogotá agora embarcamos em Quito e Aguadilla, em Porto Rico” informa Adriano. “Normalmente completamos o avião – o espaço que sobra após o embarque das flores – em Aguadilla, com farmacêuticos. É uma rota tão lucrativa que muitas companhias aéreas fazem isso. Tem muita indústria farmacêutica lá em Porto Rico. Dos voos da Lufthansa Cargo que ‘giram’ em Viracopos e voltam para a Alemanha, mais ou menos 30 ton são carga farmacêutica.”
Nesse instante, já estávamos dentro do main deck – duas passagens laterais unem esse compartimento superior para cargas a tal antesala antes da cabine de comando. As passagens e a divisão são protegidas pela Crash Net, uma espécie de rede bem resistente. “Ela tem a capacidade de segurar toda a carga do main deck se porventura acontecer alguma coisa e ela se soltar.” Isso significa segurar 70.760 kg, o que o MD-11 pode transportar de carga só no main deck.

A crash net aguenta toda a carga se ela se soltar para não ir para a frente do avião.


Mas, naquele voo, não havia muita carga restante do desembarque de FRA e embarcada em VCP para seguir conosco ali. Lembrando que havia mais carga no porão, isto é, abaixo do main deck. Valores, autopeças e vacinas estavam entre os itens transportados. Por valores considere também metais preciosos como ouro para a indústria de informática amazonense, ou jóias, acomodadas no porão traseiro e inferior, e que só podem ser transportadas ali, que é para ninguém ter acesso durante o voo, sempre em contêiner fechado e lacrado, no porão de baixo. Adriano estava seguindo com o avião para cuidar do carregamento e descarregamento em Manaus “Eu ficarei até 3ª feira em Manaus, no próximo voo, VCP-MAO de terça, não terá loadmaster a bordo, porque eu já estarei lá em Manaus e já terei preparado o carregamento dele. Terça, depois que o avião for embora para Quito, eu volto para Campinas, para subir de novo no sábado, ou seja, o loadmaster só sobe de sábado.”
Adriano fez o balanceamento da aeronave – como distribuir carga e combustível de acordo com a disponibilidade e centro de gravidade do jato. “No escritório da empresa, em Viracopos, são feitos os balanceamentos até Manaus. Chegando o avião lá, eu pego os dados do combustível com a tripulação de acordo com o que eles decidirem de abastecimento para as etapas seguintes, vou para o escritório e preparo novo loadsheet.”
Ele explica que em Quito, às vezes, há um problema de balanceamento porque todos os pallets com as flores são leves e do mesmo peso, “e para você ter um bom balanceamento nesse avião tem que ter mais peso de carga na traseira. Procuramos sempre deixá-lo com centro de gravidade, mais peso, por incrível que pareça, na traseira, apesar dele já ter a cauda pesada. Isso reduz o arrasto e economiza mais combustível, no MD-11.
Pesada ou leve, a carga é movimentada facilmente dentro do avião graças aos PDU (power drive units) que vão rolando no piso do deque para movimentar as cargas palletizadas dentro da aeronave.

Adriano mostra como controlar os PDUs.



 O D-ALCD chega de Frankfurt e irá para Buenos Aires.


Enquanto Joerg e eu explorávamos a área livre do deque principal,  aterrissou um irmão do D-ALCM. O D-ALCD estava chegando de FRA (via Dakar), estacionou próximo à nossa asa esquerda, e seguiria depois para o Uruguai e a Argentina. Sua rota de retorno era exatamente Viracopos-Montevidéu-Buenos Aires-Dakar-Frankfurt, duas vezes por semana, também às terças e sábados.
Além de Adriano, quem também seguiria conosco para a capital amazonense seria o Antônio da Fonseca, português de Coimbra, que cresceu na Alemanha e está há três anos no Brasil. Ele é mecânico de aeronaves. Mas ele não ficaria até terça, como Adriano, retornando no dia seguinte para Campinas, em avião de passageiros de outra companhia. Qual é o motivo pelo qual tem que ser transportado um mecânico? Por não ter mecânico da companhia na estação Manaus, então ele seguiria a bordo para caso houvesse necessidade dele ser acionado.
Joerg e eu recebemos nossas passagens impressas. Sim, o voo era cargueiro mas nós dois, que não éramos tripulantes, como Adriano e Antônio, recebemos nossos tíquetes. Aliás, na véspera de nossa viagem já havíamos sido informados sobre a passagem e outros detalhes: Emerson Postal, agente de operações da Lufthansa Cargo, havia nos mandado e-mail – para mim, copiando o Joerg – com o número do meu e-ticket e localizador e detalhes da viagem: “Até o presente momento o voo LH 8250 encontra-se conforme programado, com chegada em SBKP no dia 13 de Abril de 2013 as 05:20LT (local time), saída programada às 07:50LT do dia 13 de Abril de 2013.”

E, mais: “Lembro-lhes que o voo esta programado para chegar em SBEG as 10:35 LT do dia 13 de Abril de 2013.”
Lembrando ainda que o fuso horário de Manaus nessa época era uma hora a menos que em Brasília.

Voar em cargueiro também dá direito a passagem aérea.

Essa aventura continua na próxima edição mensal de Caixa Preta! Aguarde!


==================================================


CONCURSO DE ILUSTRAÇÕES

Voltamos a divulgar nosso Concurso. As fotos dos brindes estão na Caixa Preta # 94, de 30 de junho de 2013 (no ar em 01 de julho).
Quero convidar meus leitores a me ajudar a escolher a cara de uma das principais companhias aéreas fictícias da história que compõe o romance de aviação que estou finalizando. Batizada como “Manche Negro”, ela utiliza basicamente equipamento Boeing 737-300 e suas cores são quentes: vermelho, laranja e amarelo. Vamos às regras:
1) Usar como base um Boeing 737-300 com as cores vermelho, laranja e amarelo sobre fundo branco e o nome Manche Negro, criando também uma logomarca a ser estampada na fuselagem e/ou cauda;
2) Criar a pintura sobre desenho ou foto da aeronave de perfil, ambos os lados;
3) Evitar usar esquema visual de companhia aérea já existente (real);
4) Enviar o desenho somente por e-mail para remigedeaguia@bol.com.br com o titulo (assunto da mensagem) “Manche Negro”;
5) Acrescentar seu(s) telefone (s) e nome completo ao e-mail.
6) Utilize a técnica que quiser para desenhar/pintar a ilustração;
7) Caso use como base uma foto real de Boeing 737-300 (foto retocada) envie uma declaração de que a foto de base é de sua autoria, com seus dados completos (nome, idade, endereço e dados da foto: onde foi tirada, data, câmera), para o caso de contestação por parte de outra pessoa.
Justamente para o caso de contestação de foto quanto ao uso de foto original ou utilização de imagem de propriedade de outra pessoa ou de companhia aérea real, todos os trabalho recebidos serão publicados neste Blog para que demais leitores ajudem na fiscalização dos mesmos. Eles estarão expostos até o final de janeiro de 2014 (prazo prorrogável).
A escolha dos melhores trabalhos se dará por etapas, a meu critério pessoal, e será divulgada à medida que alguns trabalhos forem sendo preferidos, até restar apenas dois, quando estes sim serão escolhidos pelos leitores do Blog por meio de seus comentários postados unicamente no próprio Blog Caixa Preta da Solange.
Agora, os incentivos.
As fotos a seguir são de brindes que serão doados ao vencedor final, com envio gratuito pelo Correio (modalidade PAC) ao endereço do vencedor, conforme relação a seguir:
Livro “Luftwafe over America” (Manfred Grihel), 256 páginas, em inglês
Um caderno-agenda Safran Turbomeca
Um caderno-agenda Embraer
Uma agendinha da Gol Linhas Aéreas
Uma caneta esferográfica azul Embraer
Um chaveiro em metal Embraer Ipanemão
Uma camisa AgustaWestland AW 169, tamanho G
Uma camisa 10 Anos Expo Aero Brasil tamanho GG
Haverá ainda a possibilidade da ilustração ser utilizada futuramente como capa do livro.
Todos os objetos são novos, sem uso.
Restam dúvidas? Escreva-me!
PARTICIPEM!!!!



==================================================================

“NOSSAS PRINCIPAIS SEÇÕES”

NOSSA NADA MODESTA COLEÇÃO DE PÉROLAS VOADORAS

(Erros da imprensa que capturamos por aí. Vamos contar os pecados, mas vamos manter sigilo dos pecadores – para eles não ficarem magoados com a gente!!!)

 

A Pérola da imprensa especializada em abril (provavelmente) de 2013 (revista 02)

 

Compósito chega aos jatinhos.” 

O Título da matéria induz o leitor a erro. Antes do Learjet 85, tema da reportagem, o pioneiro foi o Bechecraft Premier I. Claro, o Learjet usa muito mais materiais compostos, mas estes já haviam chegado aos “jatinhos”, conforme fontes abaixo:  “(...) sua fuselagem é construída com materiais compostos de fibra de carbono, sendo o primeiro jato executivo na história da aviação certificado pelo FAA com essa tecnologia, que traz uma série de vantagens em economia de peso, maior resistência estrutural, menos mão de obra na fabricação e consequentemente na manutenção. Certificado desde março de 2001.”; ”The Premier is a pioneer as the first business jet to use carbon graphite epoxy as primary structure.”; “Fuselagem em materiais compostos, fibra de carbono e colmeia de epóxi: Até então, estes materiais só eram usados em aeronaves militares de última geração



Fontes:



 

A Pérola da imprensa especializada em maio de 2013 (revista 01)

 

“O voo AD 4416, LDB-VCP, partiria às 19h20, mas muito antes disso o ATR-42-600 prefixo PR-ATH já estava estacionado no pátio de Londrina.

Na verdade, essa aeronave é um ATR-72-600.


 

A Pérola da imprensa especializada em setembro de 2013 (revista 01)

 

“Dados do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos)(...)”


O nome correto desse importante órgão da aviação brasileira é Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.


 

A Pérola da imprensa não-especializada em 03 de outubro de 2013 (TV 17)

 

“O EMB 120 era um modelo Bandeirante com 20 lugares e foi o primeiro avião comercial da Embraer lançado na década de 1980.


O Brasília (EMB-120) e o Bandeirante (EMB-110) são aeronaves completamente diferentes...


 

A Pérola da imprensa não-especializada em 24 de outubro de 2013 (Jornal 21)

 

O Aeroporto Santos Dumont está com a pista auxiliar aberta para pousos e decolagens, na manhã desta quinta-feira. Apenas aeronaves do tipo 880, a maioria delas da empresa Gol, estão sendo afetadas pela interdição da pista principal. A empresa está trocando a operação para aviões do tipo 700, que podem usar a pista auxiliar.


Não são aeronaves inéditas, não se preocupe: são apenas Boeing 737-800 e 737-700, respectivamente.

=====================================================================


VALE A PENA LER DE NOVO

De CAIXA PRETA # 23/2001

(DIRETAMENTE DA PRÓPRIA CAIXA PRETA, ou seja, diálogos verídicos... )


DE ONDE SURGIU TANTO ESPAÇO?

Congonhas tem 24 boxes para aeronaves comerciais, em seu pátio. Portanto...

Controlador Solo para piloto de avião recém-pousado:
-- VASP 642, livre táxi pela (faixa) Mike, box QUATRO DOIS.
O piloto:
-- Confirme?!
Controlador:
-- ... é... box MEIA...


SÓ PORQUE SOU PEQUENININHO...

Controlador da Torre de Congonhas para avião na aproximação:
-- Confirme equipamento.
Piloto:
-- Alfa Bravo uno uno cinco.
-- “Alfa Bravo uno uno cinco”??? É avião ou helicóptero?
O piloto, irritado:
-- “AERO BOERO”!!!


                                               CRIANÇA

Piloto para Controlador Tráfego, avaliando interferência no rádio durante fonia:
-- Está apitando mais que festa de criança!!!

==============================================================

DIRETAMENTE DOS NOSSOS “ARCHIVOS”


=======================================================================

– “PENSAR PARA VOAR” –


(PENSAMENTOS E FRASES RELACIONADOS À AVIAÇÃO)

“O que precede um conjunto de um a cinco acidentes aéreos? Resposta: de 10 a 100 incidentes sérios. E o que precede de 10 a 100 incidentes sérios? De 100 a 400 incidentes. E o que precede isso? Mais de 400 mil situações latentes." (estudo da ICAO, segundo o Cmte. Sucupira, da APPA)

================================================================

CAIXA COR DE ROSA

Espaço dedicado à mulheres da aviação. Comissárias de voo, pilotos, esportistas de todas categorias, mecânicas: este espaço é SEU para publicar o que quiser, desde denúncias até humor, crônicas, contos etc. Participe! Vamos mostrar como são os sentimentos das mulheres em relação à Aviação!
O TEXTO ABAIXO FOI PUBLICADO NA REVISTA ÍCARO BRASIL EM DEZEMBRO DE 1999.




Segundo Milton Parnes, hoje o casal já tem duas filhas: Nathy já está com 16 anos e sua irmã Michaela tem 12. Teresa voa aeronaves  da na TRIP e ele voa na aviação executiva, fazendo atualmente seções de simulador de Legacy nos EUA.


========================================================

Em breve você contará com o ÍNDICE  de Caixa Preta!!!!

========================================================

COLABORE VOCÊ TAMBÉM COM ESTE BLOG!!!

Envie não só sugestões, comentários, reclamações como também denúncias de maus tratos em companhias aéreas, flagrantes em fotos e textos, desabafos, histórias, contos, crônicas, piadas, tudo o que lhe agradar divulgar, anonimamente* ou não.
(*podemos publicar anonimamente depois de comprovar se o autor realmente existe!)
========================================================================

ATENÇÃO!

Todos os textos e fotos postados neste Blog estão protegidos pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, a Lei de Direitos Autorias.
Algumas revistas, não só de aviação, se baseiam na Lei 5.988/73 que foi revogada pela Lei 9.610/98. Independentemente se você é jornalista formado e/ou registrado ou não, sendo autor de qualquer obra intelectual, fique atento!!!
Veja o texto da Lei EM VIGOR em:



Nenhum comentário:

Postar um comentário