sábado, 6 de setembro de 2025

SPEECH

 EU TENTEI FAZÊ-LO VOAR!

 lufthansa


(texto e fotos abaixo: Solange Galante;

fotos de abertura: divulgação Lufthansa)


Está sendo muito comemorada a montagem de um Constellation nas cores vintage da Lufthansa para o avião ser exposto em breve no "Conference and visitor center" da companhia em Frankfurt Am Main.

A história desse Super Star da Lufthansa, que nunca voou pela empresa alemã, começou, na verdade, nos Estados Unidos, onde ele estava desde maio de 1983, após seu último voo cargueiro pela TWA, a Trans World Airlines. Havia planos, do novo proprietário Maurice Roundy (Maine Coast Airways), em restaurar a bela ave mas o tempo foi passando, isso não se concretizou, e o Constellation permaneceu no Aeroporto Municipal de Auburn-Lewiston, no Maine aguardando seu destino. Estava matriculado N7316C e era chamado “Star of Tigris”.

O quadrimotor a pistão estava entregue às impiedosas intempéries estadunidenses, com chuva e neve.

Mas a sorte do N7316C começou a mudar em 2007. Ele e mais dois semelhantes seriam colocados em leilão e Bernhard Conrad, diretor de tecnologia aposentado da Lufthansa ficou sabendo. Conrad é o presidente da Fundação Deutsche Lufthansa Berlin, que está operando ou restaurando outros cinco exemplares de aviões comerciais antigos que já fizeram parte da frota da Lufthansa, incluindo um Junkers Ju 52. "Não tínhamos nada em nossa frota que representasse o início do pós-Segunda Guerra Mundial", diz Conrad. Ele acrescentou que a Lufthansa estava interessada no Constellation porque o Starliner foi o avião que estabeleceu o primeiro serviço internacional sem escalas da empresa.

Em dezembro do mesmo ano, ele e seu advogado viajaram da Alemanha para o Maine e deram um pagamento de US$ 745.000, arrematando os três aviões. Um deles hoje está no icônico terminal da TWA no aeroporto John F. Kennedy, de Nova York (EUA) com as cores da companhia estadunidense. Outro foi canibalizado para a restauração do primeiro.

A equipe de restauração começou desmontando a fuselagem e inspecionando cada peça. Encontraram muita corrosão. Partes teriam que ser construídas para substituição das antigas. Parte do trem de pouso dianteiro era aproveitável mas as rodas mas as rodas de magnésio originais não estavam mais disponíveis e foi necessário usar rodas de um Airbus A320 moderno, que funcionaram perfeitamente. A cabine foi customizada estilo  década de 1950, e com 44 assentos antes usados ​​no Airbus A300, reformados e remodelados para caber na cabine de um Starliner. Entre outras adaptações.

 

DEVERIA VOAR MAS...

Quando viajei pela primeira vez para a Alemanha, em 2011, estive na feirinha de memorabilia de Frankfurt e lá vi uma mesa comercializando material para apoiar a restauração do Starliner. Como também adoro os Constellations, adquiri a peça que pode ser vista pelas fotos. Uma parte que foi retirada do avião original para ser substituída.

Portanto, meus euros (hoje não lembro qual foi o valor) foram usados no projeto de restauração, que, então, visava fazer o Starliner voar de  novo.

No entant, infelizmente, o trabalho de restauração foi cancelado em 2019, e a aeronave foi transportada para e armazenada em Bremen (Alemanha), após US$ 160 milhões terem sido gastos no projeto – dinheiro oriundo de doações e patrocínios.

Ou seja: ficou muito caro mesmo para os padrões alemães...

Se a Lufthansa tivesse conseguido retornar a aeronave ao serviço, seria a primeira das 44 aeronaves Starliner produzidas a voar novamente. Além da companhia alemã, a Trans World Airlines, já citada, e a Air France eram as principais operadoras do Lockheed Starliner, e todas as companhias o substituíram por aeronaves Boeing 707 no início da década de 1960. Duas aeronaves da Lufthansa foram convertidas em cargueiros antes de serem aposentadas em 1966.

A Lufthansa foi a última companhia aérea a comprar o Starliner, adquirindo quatro aeronaves em 1957. Ela as comercializou sob o nome "Super Stars" em vez de Starliner (a TWA fez o mesmo, nomeando seus Starliners como Jetstreams). Com a Lufthansa, a empresa operava serviços transatlânticos de passageiros sem escalas, incluindo entre Hamburgo e Burbank, e entre Nova York e Frankfurt.

Como o Star of Tigris nunca mais voará – ao contrário do Starliner original da foto lá do alto – optou-se pela exposição estática em Frankfurt, onde o avião será a grande atração do novo Centro de Conferências e Visitantes da Lufthansa, previsto para inauguração na primavera de 2026. O Starliner L-1649A será exibido ao lado do Junkers Ju 52 “D-AQUI”, outro clássico da frota histórica da companhia, em uma área envidraçada que permitirá a visualização das aeronaves tanto do interior quanto do exterior do Centro.








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