sábado, 12 de julho de 2025

SPEECH

 VOCÊ REALMENTE SABE O QUE É UM BOM JORNALISMO?

Talvez você saiba, mas, com certeza, muita gente,

 e bota "muita" nisso, não sabe!

(por Solange Galante)

Por hábito, costumo ler os comentários dos vídeos no Youtube ou no chat. Eles dizem muito mais sobre um canal específico do que o Thumbnail do mesmo. Claro que tem muita gente dizendo lorotas só para "causar". Mas também tem gente que realmente acredita nas lorotas que diz...

Nesses tempos de polarização, se determinado telejornal entrevista um político X, os fãs do opositor Y criticam o telejornal dando-lhe um rótulo a partir daí. E daqueles rótulos que grudam e não saem mais... Resumindo a encrenca, é assim que funciona: se entrevistam apenas seu político de estimação (e, de preferência, não entrevistam o opositor), jornalismo nota 10! Mas, se entrevistam apenas o opositor ao seu político de  estimação, jornalismo nota zero!

O CERTO é se entrevistar os dois lados: político X e politico Y ou defensores do veganismo e carnívoros convictos ou torcedores do Fla e do Flu ou religiosos e agnóticos. Mas, daí, a turma sem noção se rebela "Pra quê estão falando também com fulano, sicrano ou beltrano? Absuuurdooo!"

O Bom jornalismo SEMPRE ouve os dois lados. De preferência, mesmo quando há casos em que apenas há um lado: ninguém vai querer entrevistar o cara que matou a família toda e que tinha escrito que iria fazer isso "e pronto!" (já se entregou - pra que falar com ele?) 

Por que ouvir os dois lados? Para que ao leitor, telespectador, ouvinte, internauta etc tenha subsídios para decidir, por si só, qual lado acha correto.

Eu sei sim que isso não acontece sempre. É quando o jornalista pende para um lado, para defender o SEU lado, nem neutralidade. Imagina o jornalista esportivo falando da vitória ou da derrota do time de coração... Se vários órgãos de imprensa publicam que uma companhia aérea maltratou um passageiro e a própria companhia aérea, em defesa própria, apresenta um regulamento que estava seguindo (e, por isso, não acha que maltratou o passageiro), dizer que "não foi bem assim como a imprensa falou" porque "sou amigo de um diretor da empresa aérea e ele disse que foi diferente..." aí aparece a tendência pendendo para o lado A, e desacreditando o lado B.

O Bom jornalista precisa ser neutro e até frio, uma pedra de gelo (embora às vezes derreta e chore junto com a vítima, pois somos humanos, né?!)

Por isso, o jornalismo deveria ser uma prática isenta, mas, desde que é feito por seres humanos, não o é sempre. Nem o jornalista virtual, a IA, já que ela é alimentada pelo que jornalistas de carne e osso publicaram um dia!

Se um telejornal não é isento mesmo quando publica os dois lados, as duas versões de um fato, ao invés de desligar a TV, cabe ao público mudar para outro e analisar a versão do jornal concorrente. Isso é altamente recomendável para não se engolir uma determinada versão. Eu DUVIDO que ao comparar três, cinco, sete mídias, todas elas defendendo o passageiro maltratado, não se acrescentou no noticiário de alguma nenhum detalhe para subsidiar VOCÊ na interpretação que levará VOCÊ a tomar partido do lado A ou B!

Aí entram também as redes sociais, que pensam que não fazem jornalismo mesmo quando fazem. Mas, tem algo mais tendencioso que rede social? Acredite que não há! Sem compromisso com nada, de empresa contratante até cliente – como os jornalistas profissionais, pelo contrário, tem – disparam versões únicas, de preferência as que vem ao encontro de suas convicções.

Enfim, como sempre repito, telejornal não existe para mostrar (só) o que vc quer ver. Quer assistir  apenas a determinado assunto, a determinada versão, a determinado ponto de vista? Vá para os Netflix da vida, lá tem o que você tá procurando, normalmente fora do mundo real bidimensional.

Lembrei também de revistas de aviação que chamam para cobrir um evento bem segmentado justamente o consultor de um dos expositores! Exemplo concreto: cobrir uma feira de aeronaves de asas rotativas nos Estados Unidos sendo consultor da Bell, da Leonardo, da Airbus Helicopters. O que será que ele falará dos concorrentes expondo na feira? Por isso é altamente recomendável saber qual é o autor das matérias das revistas que você lê.

Enfim, Bom Jornalismo se faz ouvindo os dois lados, tratando sempre que possível com fontes neutras também e não fugindo da raia quando pintar a polêmica... 

 

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