(Foto: Coleção Calebe Murilo)
Todos sabíamos que um dia isso iria acontecer mas fazíamos de conta que não aconteceria nunca.
MAS ele chegou: o último voo de um Boeing 727 a serviço no Brasil, operando por uma empresa brasileira.
O voo 5682 da Rede Postal Noturna foi cumprido pelo PR-TTW na noite de 20 de setembro de 2024 entre Vitória e Guarulhos, e foi registrado pelo amigo Calebe Murilo, um jovem incrivelmente apaixonado pelas aeronaves do passado, com seus painéis analógicos.
Anos atrás, mais exatamente em 2018, tive o privilégio de voar com Calebe em seu primeiro voo nesse mesmo avião e na mesma rota. No início do mesmo ano, meu voo foi com outro amigo, Afonso Delagassa, entre Curitiba e Guarulhos no PR-TTP. E, em 2013, estreei exatamente no Whiskey escrevendo duas reportagens para a revista Avião Revue, uma sobre a Rede Postal Noturna da Total e outra sobre a profissão em extinção: os engenheiros de voo.
Nada nunca irá se comparar a voar em um avião dessa geração, transportando carga , sob o céu estrelado e com motores fora das asas, o que permitia ao Boeing 727-200 ser uma verdadeira flecha, liso, muito veloz, imponente, daqueles aviões que, estacionado no aeroporto, atraem a curiosidade até mesmo dos tripulantes dos Airbus e dos Boeing de última geração: sempre havia visitantes antes do próximo voo da Flecha!
Além de reportagens, os três voos round-trip me permitiram fazer amigos e fortalecer amizades já feitas, ao compartilhar esses momentos mega especiais!
O primeiro deles condensei em um texto aqui no meu Blog, em 2014, e está no link a seguir: https://caixapretadasolange.blogspot.com/2014/03/caixa-preta-102.html (role a página mais para baixo).
Chama-se 90% DE SUOR E 10% DE INSPIRAÇÃO: OS VOOS porque, ao contrário do que muitos imaginam, não foi nada fácil de conseguir. E é importante que as várias pessoas que me pediram para ajudá-los nesse objetivo saibam disso.
Já no início de 2018 voei no PR-TTP, o avião que teve final melancólico, tornando-se sem querer um símbolo do Aeroporto de Porto Alegre inundado em maio deste ano. Por questões financeiras esse Boeing não foi recuperado para voltar ao céu.
Quis os deuses da Aviação que eu não fosse premiada em voar no PR-TTO, o mais velho dos três irmãos restantes da outrora frota de seis trijatos da Total Linhas Aéreas. Mas quiseram os mesmos deuses que eu voasse uma segunda vez no PR-TTW meses depois. Meus agradecimentos especiais ao então gerente de operações e comandante "das Flechas" Marcelo Steenhagen!
Enfim, a modernização da companhia aérea chegou e era hora dos trijatões cederem espaço para os bijatões Boeing 737-400F que já estão operando na RPN para a Total. TTW e TTO continuarão suas vidas beirando as quatro décadas operacionais voando fora do Brasil. É hora de trocar de uniforme.
Convido os leitores saudosistas a apreciar meu pouso no TTP no voo de fevereiro de 2018 no Aeroporto Afonso Pena. Está no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=AZ2PQnJTSyk
É sempre triste terminar um capítulo, virar uma página, iniciar outra fase da vida. Mas o mais importante, caros apreciadores da "Flecha", é saber que a folha corrida desses três últimos herdeiros foi maravilhosa e a serviço da riqueza do Brasil! Bons e derradeiros voos no prosseguimento de sua carreira, Whiskey e Oscar! Sempre amaremos vocês!
(fevereiro de 2018 - Aeroporto Afonso Pena, avião chegando de Florianópolis
crédito: Solange Galante)
(A última viagem - crédito: Murilo Cuzzuol)
Infelizmente aeronave está obsoleta vários aspectos(TTP a prova), peças rotativas(freios/módulos eletrônicos etc) e instrumentos como Ângulo de Ataque e TAT difíceis de encontrar e negociar a preços decentes , especialmente instrumentos,
ResponderExcluircélula/fuselagem e borrachas diversas com micro-vazamentos de
pressão tanto que evitava se voar próximo a VMO/MMO de 0.88 mach. Boeing esse ano soltou uma
Diretrizes de Aeronavegabilidade nas
longarinas próximas a barriga-pickle fork/porão de trem
principal, partir de 2025 o sistema Inerte de geração de Nitrogênio no tanque central será obrigatório devido RBAC 121. Tem também questão das Seguradoras
caso aconteça sinistro, valor cada vez menor,
então chegou ao fim infelizmente sem uma despedida pomposa, a Total não soube fazer festa...
Sim, com certeza, toda máquina um dia fica obsoleta mas não conseguimos evitar a saudade que deixará. E, em relação à despedida, concordo em gênero, número e grau. Obrigada por compartilhar suas observações técnicas e tenha um grande abraço meu!
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