segunda-feira, 29 de agosto de 2016

MATÉRIA ESPECIAL

O QUE FAZER A BORDO?

BEM-VINDO À TECNOLOGIA DO ENTRETENIMENTO !


 por Solange Galante / fotos fornecidas pelas assessorias de imprensa ou da própria autora

                                                                                                                                                                                                Hoje, o espaço ocupado
por cada passageiro é mais tecnológico. E a preocupação
da indústria de aviação comercial do século XXI em como entreter o cliente é cada vez maior.




Você entra a bordo, localiza sua poltrona, acomoda-se e aperta o cinto de segurança. Centenas ou milhares de quilômetros estão à sua frente para serem percorridos a jato. Sentado confortavelmente, você terá muitas horas livres para fazer o que quiser dentro do cardápio de entretenimento disponível pela companhia aérea, e ele poderá ser amplo o bastante para fazê-lo se esquecer que está fora de casa ou do escritório. Essa interação com o ambiente disponibilizado pela companhia aérea poderá torná-lo um passageiro frequente ou mais um crítico que vai reclamar nas redes sociais. Por isso, a indústria investe pesado nesse importante detalhe da viagem.

Como entreter o passageiro a bordo sempre foi um desafio, acompanhando o avanço das tecnologias. Hoje, muitas empresas disponibilizam entretenimento digital o suficiente para o passageiro grudar os olhos numa telinha bem à sua frente e esquecer do resto do mundo até voltar a colocar os pés no chão. Melhor ainda se puder pausar o filme para ir escovar os dentes, ou até dar uma espiadinha no que acontece lá embaixo, acessando o canal de TV via satélite.

Uma sigla resume, hoje, essa preocupação das airliners na disputa por passageiros: IFE ou In-flight entertainment. De olho na concorrência, os diferenciais incluem telas maiores, mais interatividade, lançamentos de filmes simultâneos ao cinema, acesso à internet sem fio. “A Airbus se esforça muito, em termos de engenharia, no desenvolvimento de IFE, na linha de produção e aquisição de programas. O investimento anual é de 2,4 bilhões anualmente em pesquisas e desenvolvimento para suprir toda nossa família de aeronaves”, informa a fabricante, por meio de sua assessoria de imprensa. Todas as fábricas desenvolvem aviões atentas ao que há disponível no mercado, para que as plataformas que produzem aceitem o que já existe no estado-da-arte em Tecnologia da Informação. Por sua vez, as companhias aéreas são as responsáveis por escolher quais aviões irão compor sua frota e o que irá dentro deles para agradar o cliente, inclusive, escolhem minuciosamente seus fornecedores de entretenimento a bordo e definem configuração e nível de serviço desejado. O Grupo Air France-KLM, por exemplo, conta com um time dedicado à inovação, focado principalmente na experiência digital a bordo, e monitora de perto a concorrência e as tendências do mercado ao mesmo tempo em que sempre testa novidades em alguns de seus voos.

A indústria é unânime em afirmar que, após o conforto do assento em si, o IFE é, hoje, o segundo critério mais importante na decisão dos passageiros sobre com quem voar. Uma pesquisa de 2014 da Honeywell evidenciou exatamente isso, que a disponibilidade de wi-fi a bordo influenciava na escolha de voo de 66% dos passageiros e que, aproximadamente, um em cada cinco deles trocaram sua companhia aérea preferida por uma com conectividade de mais qualidade.



O Grupo Air France-KLM tem uma equipe dedicada à atender os anseios por entretenimento a bordo de seus passageiros. 


SEGURANÇA, CONFIANÇA, VARIEDADE E MENORES CUSTOS

A palavra-chave do entretenimento a bordo dos dias atuais é a Tecnologia da Informação (TI), o conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos de computação que visam a produção, o armazenamento, a transmissão, o acesso, a segurança e o uso das informações. A confiabilidade do IFE é extremamente importante, inclusive para não afetar outros sistemas das aeronaves, como os de navegação. O software para sistemas de entretenimento deve ser esteticamente agradável, confiável e compatível ao comunicar-se de e para o processador principal de entretenimento durante o voo, além de também ser amigável, características responsáveis por uma engenharia cara. Os IFE atuais são quase sempre sensíveis ao toque e sem fio, permitindo a interação entre cada assento na aeronave e os comissários de voo. As empresas envolvidas estão constantemente em batalha para cortar custos de produção sem sacrificar a qualidade e a compatibilidade do sistema. “Na Rockwell Collins, temos um time de engenheiros de Fatores Humanos para considerar o design de todos os nossos produtos. Nossa abordagem está sempre baseada em três premissas de desenho: ele precisa ser intuitivo, simplista e fácil de usar, quer se trate de uma interface de usuário em nosso IFE sem fio ou o acesso a um conector USB” informa Richard Nordstrom, diretor sênior de Marketing Global e Soluções de Cabine de Rockwell Collins.

As companhias aéreas devem estar aptas para adquirir pacotes de atualização para sua frota já existente, um custo que chega a US$ 5 milhões para cada avião. “A importância de ter uma aeronave, ou seja, uma plataforma flexível vem de um constante monitoramento do mercado, conversas com clientes e fornecedores, e análise das tendências de comportamento dos passageiros. Porém cabe à própria empresa aérea avaliar qual sistema instalar no avião e tomar a decisão final, direcionada por fatores como concorrência, etapa média dos voos e posicionamento de marca”, informa a Embraer por meio de sua assessoria de imprensa. A fabricante brasileira trabalha próxima a todos os fornecedores para avaliar os impactos na instalação dos equipamentos das diversas opções existentes no mercado nas aeronaves e também para acompanhar de perto todas as tendências de tecnologia. “Sistemas mais leves, simples e com menores impactos de instalação e de retrofit estão surgindo mais e mais.” Os novos sistemas de entretenimento são cada vez mais confiáveis, o que previne problemas como acontecia nos anos 1990, e pelo menos um terço mais leves que os antigos, enquanto que as telas são bem maiores, o que abranda o efeito do peso.



As companhias aéreas preocupam-se muito em ter a maior variedade possível de entretenimento disponível.


A Rockwell Collins oferece um portfólio completo de soluções de entretenimento para aeronaves comerciais. Essas soluções incluem sistemas IFE sem fio, banda larga de alta velocidade, aplicativos para passageiros e mapa Airshow independentes dos servidores centrais, ou seja, com tecnologia seat-centric, por meio do PAVES – Programmable Audio Video Entertainment System. A fabricante tem soluções para todo o mercado e consegue auxiliar na missão de qualquer companhia aérea e maioria das plataformas tanto para retrofit quanto instalação desde a linha de produção da aeronave.

Exceto as comunicações importantes, da tripulação para os passageiros, como instruções de segurança e para preenchimento de papeletas de imigração, bem como as revistas eletrônicas apresentadas antes da decolagem ou transmitidas em determinados momentos do voo, hoje o acesso ao entretenimento segue a filosofia AVOD (Audio and Video On Demand). O AVOD armazena programas individuais separadamente no computador principal do sistema IFE de uma aeronave, e eles podem ser vistos por demanda, por cada passageiro, de maneira independente da programação dos demais clientes, e cada um pode controlar sua reprodução, avançando, retrocedendo, pausando ou parando a programação que acessa, em completa interatividade. Seguindo a mesma facilidade hoje as companhias também oferecem jogos de vídeo e até curso de idiomas e chats, como parte do entretenimento.



Áudio e vídeo por demanda: hoje, o passageiro só perde o final do filme se quiser.


INTERAÇÃO E CONECTIVIDADE

O IFE foi se expandido para incluir conectividade em voo — serviços como navegar na Internet, mensagens de texto, uso de telefones já disponíveis pela companhia aérea e envio de e-mail, por isso, seu nome foi ampliado para “IFE&C” (entretenimento de bordo e conectividade ou entretenimento e comunicação a bordo). Pois, se antes os passageiros queriam deixar os problemas para trás e apenas relaxar, há algumas décadas passaram a não se contentar mais em ser passivos diante de uma tela de vidro mas interagir como se estivessem em terra vivendo sua própria rotina com amigos, família, redes sociais e, além de acessar conteúdos oferecidos pela empresa aérea, também têm a opção de se manter conectado à internet em todas as fases do voo. Por causa disso, têm sido requisitados pelo mercado, e cada vez mais, a internet e o acesso a conteúdo wi-fi dentro das cabines. Essa conectividade vale tanto para a operação, ou seja, interação por parte do tripulante, quanto para o passageiro. “Os novíssimos E-Jets E2 são aeronaves e-enabled, ou seja, fazem uso da conectividade de modo que dados/informações estejam disponíveis no momento certo da forma mais eficiente” informa a Embraer. “Nossa empresa vem trabalhando para que o avião seja uma plataforma flexível que permita a instalação das diversas opções de IFE&C atualmente disponíveis, incluindoTV ao vivo, telefonia a bordo, conectividade nas mais diversas tecnologias disponíveis, além de acessórios para um melhor uso das mesmas como, por exemplo, tablet holders. Itens como tomadas de energia em assentos das classes business e econômicas (USB e tradicionais), mesas de trabalho e suporte para tablets integrados foram pensados e inseridos desde o começo do desenvolvimento dos E-Jets E2 para melhorar a experiência do passageiro e permitir o melhor uso do IFE/conectividade.”



Roll-out do novo Embraer E2: as plataformas precisam ser adequadas para toda a tecnologia de IFE. Foto: Solange Galante


No passado, os telefones por satélite integrados ao sistema, encontrados em locais estratégicos na aeronave ou integrados ao controle remoto usado pelo passageiro para o entretenimento de bordo individual permitiu que eles pudessem usar seu cartão de crédito para fazer chamadas telefônicas a qualquer lugar no chão, mediante o pagamento de uma taxa. Mais recentemente, a Emirates Airline tornou-se uma das primeiras companhias aéreas a permitir que telefones celulares pudessem ser usados durante o voo. Utilizando os sistemas fornecidos pela empresa de telecomunicações AeroMobile, a empresa dos Emirados Árabes lançou o serviço comercialmente em março de 2008, tendo sido instalado pela primeira vez em um Airbus A340-300. No mesmo ano, a norte-americana AirCell debutou na aviação comercial com sua rede de celulares ATG (Air-to-Ground) na American Airlines e, em 2011, trocou de nome para GoGo, que é, hoje, um dos maiores provedores de serviços de internet embarcada e outras conectividades para aviões comerciais e executivos. Em cinco anos, a GoGo já disponibilizava duas mil aeronaves com internet. Suas parcerias com empresas provedoras de serviços de satélite permitiram-lhe também desenvolver a tecnologia 2Ku, hoje disponível para clientes como as companhias Japan Airlines, Virgin Airlines, Delta Airlines, entre outras. Os diversos produtos da GoGo fornecem amplo leque de entretenimento como informações aos passageiros, troca de mensagens de texto e de voz por meio de celulares e, transmissão de TV por wi-fi. Atualmente há várias tecnologias para acesso à Internet, com velocidades de conexão muito superiores às existentes cinco anos atrás, permitindo, assim, por exemplo, que passageiros de negócios trabalhem com relatórios enquanto voam entre duas reuniões, mantendo-se conectados o tempo todo.



Emirates Airline: uma das pioneiras na liberação do celular a bordo. 

Se caso do destinatário estiver a bordo do mesmo avião, sistemas modernos permitem que um passageiro possa chamar outro simplesmente digitando o número de seu assento. Com isso, pode-se disputar jogos, conversar via chat ou até namorar. Comissários podem receber solicitações por escrito somente se deslocar até as poltronas tendo já providenciado, por exemplo, alimento ou bebida e levar serviço adicional ao passageiro que já terá pago online pelo mesmo.



Chat a bordo: fale com qualquer passageiro sem levantar do assento. Foto: Solange Galante


A AVIAÇÃO EXECUTIVA COMO PONTO DE PARTIDA

Muitas soluções que estão hoje disponíveis em aviões comerciais começaram na aviação executiva. O próprio sistema GoGo, antes um produto da AirCell, e que teve seu esboço rabiscado em 1991 em um guardanapo de uma churrascaria texana, visava inicialmente aviões particulares e, em 1997, já iniciava serviço telefônico na aviação executiva. Sistemas de gerenciamento de cabine na aviação executiva como o Ovation Select, da Honeywell, permitem que tanto passageiros quanto comissários de bordo controlem, além do entretenimento na cabine, a iluminação, temperatura e outros itens de conforto. O Ovation Select é utilizado em diversos jatos executivos, especialmente os de longo alcance, incluindo o Boeing 777 em configuração business. A Honeywell e a Inmarsat são fornecedoras pioneiras de hardware e largura de banda, trazendo tecnologia para a indústria aeroespacial, aumentando a segurança do voo, aprimorando a produtividade da tripulação e auxiliando no entretenimento do passageiro. A rede de telecomunicações via satélite Global Xpress da Inmarsat, juntamente com o hardware JetWave da Honeywell, criou o primeiro serviço de conectividade realmente global e consistente disponível atualmente para a indústria da aviação. “É 100 vezes mais rápido e 20 vezes mais barato do que as opções existentes”, informa Ben Driggs, presidente da Honeywell Brasil. As soluções disponíveis pelas duas empresas já são utilizadas também por diversas companhias aéreas e estão ou estarão disponíveis em várias aeronaves das empresas Singapore Airlines, Qatar Airways, Air Caraibes e Jazeera Airways. Também irão certificar ou testar o JetWave as empresas Air China, Airbus, Haitec Aircraft Maintenance e Boeing.



Sistema Ovation Select da Honeywell em um Gusfstream G550: tecnologias que começam na aviação executiva e migram para a aviação comercial.


ACESSE ONDE QUISER

Esqueça a tela embutida no braço de sua poltrona ou atrás do assento do passageiro da frente. A tendência mais marcante da tecnologia IFE é seguir os hábitos do passageiro que diariamente, em terra, já caminha de olhos grudados em seu aparelho pessoal e não quer ficar dependente de um monitor do próprio avião. O futuro, inevitavelmente, chama-se BYOD – Bring Your Own Device. O passageiro da década atual carrega consigo sua própria parafernália de entretenimento. Seguindo o conceito BYOD, basta o passageiro se conectar e ver a programação do avião em seu próprio iPhone, tablet ou notebook, não mais utilizando entradas USB apenas para alimentá-los de energia, e também acessa sua própria programação vendo-a na tela da poltrona. Ter certeza antecipadamente de que poderá carregar seus dispositivos a bordo já é imperativo para a maioria dos clientes das companhias. Além de usá-los a bordo, eles não querem mais ir à caça das tomadinhas no aeroporto de destino. Por isso, a Air France é uma das empresas que começam a disponibilizar entradas USB que vão permitir que não só smartphones mas também tablets sejam carregados no voo. “Também estamos trabalhando para aumentar o tamanho da tela e a qualidade dos programas futuros” informa Hugues Heddebault, diretor geral da Air France-KLM na América do Sul.



O futuro é agora, dentro do conceito BYOD: traga a bordo seu próprio dispositivo para acessar através dele toda a programação disponível a bordo.


A Airbus se orgulha de ser a única fabricante de aeronaves a oferecer conectividade in-flight em todos os aviões que produz, da família A320 ao A380, já na produção e disponibilizando integração inteligente dos sistemas sem interferir com o espaço para as pernas dos passageiros, ao mesmo tempo em que permite facilidade de acesso aos próprios dispositivos eletrônicos do cliente. “O A350 XWB oferece a primeira plataforma genuína de IFE de quarta geração – que é a mais recente – superando outras aeronaves em termos de conforto e visualização para o passageiro. Telas de 12 polegadas, totalmente sensíveis ao toque e em alta definição, estão pela primeira vez presentes na classe econômica e sua arquitetura simples resulta em uma integração física mais enxuta” garante a empresa. Com o advento da quarta geração, os custos de equipamentos, manutenção, peso e consumo de energia dos sistemas IFE vêm se reduzindo drasticamente, sem mencionar as melhoras no desempenho e conforto na visualização.

O QUE ALGUMAS EMPRESAS DISPONIBILIZAM A BORDO

Heddebault, da Air France-KLM, informa que “o mais novo sistema de entretenimento de bordo do Grupo oferece uma tela touchscreen de alta definição, navegação em 12 idiomas, incluindo chinês e árabe, mapa em movimento 3D interativo e um aplicativo de chat entre assentos que permite comunicação com outros passageiros sentados em qualquer lugar da cabine.” Em todos os voos da KLM, os passageiros já podem utilizar muitos tipos de equipamentos eletrônicos pessoais, inclusive tablets e e-readers. Nas classes Economy e Premium Economy, cada cliente tem sua própria tela touch screen de 12 polegadas na Premium Economy e nove polegadas na Economy – no Boeing 787-900, é de onze polegadas. Na World Business Class, a tela pessoal de 16 polegadas oferece um controle remoto tátil que foi projetado como um smartphone e que também permite navegar pelos vários programas independentemente da posição da poltrona. “Ele pode ser utilizado para fazer chamadas telefônicas e serve como uma segunda tela que exibe informações extras sobre a viagem ou o filme, sem interromper o programa na tela principal. Já na classe La Première, a tela de 24 polegadas é uma das maiores já vistas a bordo.”



Telas maiores em todas as classes para agradar todos os passageiros.


Em seus novíssimos A350 XWB já disponíveis no Brasil, os clientes da Latam têm acesso a um serviço IFE individual, com tela widescreen full HD de 18” na Premium Business, e de 9” na Econômica. A tecnologia utilizada é de fibra ótica de alta velocidade e tela de última geração sensível ao toque. A nova tecnologia do entretenimento de bordo permite também a execução de mídia por meio de USB e transmite imagens, ao vivo, de câmeras posicionadas estrategicamente na área externa da aeronave, para que os clientes possam acompanhar o voo e a movimentação do avião em solo.
Para os clientes que voam com a British Airways em voos de longa distância, Richard D’Cruze, gerente de Tecnologia e IFE da companhia britânica, informa que as últimas inovações estão disponíveis nos Boeing 787-9 Dreamliner da BA, com novíssimos design e serviços. “Na cabine de primeira classe, o console IFE possui um aparelho semelhante a um smartphone que permite ao passageiro ao mesmo tempo olhar, por exemplo, o Moving Map e assistir a um filme, na tela fixa de 23 polegadas. O entretenimento pode ser apreciado ‘gate-to-gate’, sem que seja necessário guardar a TV para decolagem e pouso. Todos nossos clientes nos Boeing 777-300ERs, 787 Dreamliners e Airbus A380s têm acesso à conexão USB para fornecer energia a seus dispositivos pessoais, inclusive os maiores, e o áudio dos filmes é em ‘3D’, levando os passageiros para o centro da ação.”



Muitas companhias já permitem que os passageiros permaneçam conectados desde antes da decolagem até após o pouso ("gate-to-gate").


Os investimentos da norte-americana Delta Airlines na experiência do cliente levaram à modernização de seu sistema de entretenimento durante o voo e a primeira aeronave com esse novo recurso foi um Airbus A330 que fez o voo de Atlanta a Honolulu. “A experiência se assemelha mais a uma interação com iPhone”, garante Joe Kiely, diretor-gerente de Produto e Experiência do Cliente da Delta. Nesse sistema, segundo ele, “A nova interface ficou mais fácil e intuitiva e facilitou também para os comissários de bordo, que muitas vezes têm de ajudar os passageiros com os sistemas de entretenimento durante o voo. As modernizações incluem melhorias na funcionalidade de busca, um nova seção Spotlight que destaca promoções e temas do mês, e informações sobre conexões do voo, com mapas de terminais que permitem selecionar os destinos.” O novo sistema já foi instalado em aeronaves Airbus A321 e A330 da Delta e a implementação deve estar concluída em toda a frota até 2017.​

Destacando-se no Oriente Médio, a Etihad Airways recebeu recentemente o prêmio de “Melhor Lançamento de IFE/Conectividade por uma companhia aérea em 2016”, pela revista PAX International. A companhia foi premiada com base nos elevados níveis de tecnologia e inovação do seu sistema E-Box e pelo conteúdo oferecido em sua rede aérea global. Shane O’Hare, vice-presidente de Marketing da Etihad Airways, informa ainda que a empresa opera uma frota totalmente conectada. “O serviço Live TV da companhia aérea está disponível em 50 aeronaves de fuselagem larga, trazendo conteúdo de qualidade de sete canais de televisão, incluindo a BBC World News, Sport 24 e CNN.” A Etihad Airways utiliza sistema de entretenimento pessoal de próxima geração e interativo Panasonic EX3, e foi a primeira companhia aérea a instalar esse IFE de ponta em um Airbus A380.



Etihad Airways: premiada por seu entretenimento de bordo. Foto: Solange Galante


A Emirates ampliou as telas de seu sistema IFE de 27 para 32 polegadas na First Class, 40% a mais, o que as torna, segundo a companhia, a maior do mercado em qualquer aeronave. Segundo Patrick Brannelly, vice-Presidente Divisional de Experiência do Cliente da Emirates, na classe econômica, as telas são de 13,3”, inclusive nos A380 configurados em duas classes. Na Business Class são telas de largura de 23” . Com capacidade três vezes maior de armazenamento de dados que a media da indústria, o novo IFE agora disponibiliza mais de 2.100 canais de entretenimento por demanda e mais de 1.200 canais de música, totalizando cerca de 4.300 horas de entretenimento, em 14 idiomas.  Quanto à conectividade, a companhia oferece wi-fi grátis até 10 MB em todas as aeronaves A380 e na maioria das B777, desde o ano passado –  mais da metade de sua frota – e TV ao vivo em 75 delas. Apenas o investimento em conectividade de dados em 2015  foi de US$15 milhões.


O FUTURO É AGORA, INCLUSIVE PARA ROTAS MAIS CURTAS.

Não pense que você irá se divertir apenas em voos de longa distância, já que mesmo se o voo for mais curto e doméstico, os passageiros procuram por algum entretenimento eletrônico. Por isso, o cliente que viaja com a Avianca Brasil tem acesso aos últimos lançamentos da indústria cinematográfica, com exibição simultânea a das salas de cinema, muitas series de TV, conteúdos de variedades (com temas atuais de tecnologia, gastronomia e viagens), documentários, vídeo clipes de artistas em evidência, canais com vários gêneros musicais, além de ambiente kids, especialmente elaborado para os pequenos viajantes curtirem jogos, desenhos e músicas selecionados para sua faixa etária. “Toda a programação é atualizada mensalmente e os jornais e conteúdos esportivos são atualizados todo dia” informa a companhia, por meio de sua gerência de relações com a imprensa. Atenta às tecnologias do mercado, o mais importante, na visão da Avianca, é saber usar a tecnologia certa para entregar a experiência desejada pelos clientes. “Estamos atualizando a versão do software que alimenta o sistema de entretenimento individual. Como resultado, os clientes terão à sua disposição um produto com qualidade técnica superior: passaremos a oferecer resolução de tela e qualidade de imagem melhores.” As aeronaves novas que a Avianca Brasil está recebendo desde 2014 já possuem melhorias relevantes. Os USB ativos nos Airbus A319 e A320 permitem carregar os dispositivos eletrônicos dos clientes. Na maioria dos assentos oferecidos, é possível até visualizar fotos e ouvir músicas pelo pendrive ou celular. Quanto ao conteúdo, a empresa busca permanentemente incluir novidades, como um canal de gastronomia que está fazendo sucesso.



Avianca Brasil: atenção ao entretenimento mesmo em rotas domésticas.


Para ampliar a conectividade e aprimorar a experiência a bordo em trajetos domésticos no Brasil e em viagens na América do Sul, os passageiros que voam Latam já podem desfrutar do Latam Entertainment, sem fio e totalmente gratuito. O sistema foi desenvolvido para dispositivos móveis pessoais e permite ao cliente assistir a uma seleção especial de conteúdo com mais de 50 filmes e 42 episódios de séries, além de acompanhar o mapa do voo em seus próprios smartphones, tablets ou laptops. Por meio dos mesmos dispositivos, o cliente pode ainda selecionar episódios e algumas temporadas completas de séries mundialmente reconhecidas. Como a companhia informa por meio de sua assessoria de imprensa, o conteúdo é disponibilizado por meio de streaming, ou seja, é transmitido em tempo real, o que dispensa a armazenagem no dispositivo do passageiro. O Latam Entertainment apenas não permite acesso à internet ou às redes sociais.

De olho em voos e companhias aéreas de qualquer perfil, a Lufthansa Systems, empresa desenvolvedora de Tecnologia da Informação do Grupo Lufthansa, apresentou em Hamburgo, na feira Aircraft Interiors Expo em abril passado as soluções sem fio IFE BoardConnect e BoardConnect Portable. O BoardConnect é uma solução sem fio para IFE que os passageiros podem utilizar para transmitir o conteúdo disponível pela companhia aérea para seus próprios tablets ou smartphones durante o voo utilizando um aplicativo. Entre os recursos também estão incluídos vídeos e áudios sob demanda, jogos, loja virtual e Moving Map com pontos de interesse relacionados a vários tópicos. Segundo Eckart Wallis, diretor de Gerenciamento de Produtos da Lufthansa Systems, o BoardConnect é muito mais do que um sistema convencional de IFE porque permite às companhias aéreas fornecer a seus passageiros serviços adicionais ao longo de toda a cadeia de viagem. “Com o novo On-Ground Portal, os passageiros agora podem ver que entretenimento estará disponível a bordo antes mesmo de embarcar e encontrar seus filmes favoritos ou montar playlists de suas músicas favoritas, com download antecipado.” Já a versão portátil do BoardConnect é, segundo Wallis, ainda mais fácil de usar e mais flexível. Ele foi lançado no último outono europeu e é projetado para as transportadoras que pretendam evitar altas despesas em implantação permanente de hardware e instalar o IFE principalmente em aviões menores, usados para voos de curto e médio alcances. “A vantagem dessa nova solução ‘tudo em um’ é que todos os componentes técnicos necessários para um sistema IFE – tais como um servidor e pontos de acesso – são combinados em um único dispositivo, a unidade de streaming móvel (MSU). Um MSU pode suprir até 50 passageiros com alta qualidade de fluxo de conteúdo. Isto significa que em aviões narrow-body dois ou três MSUs são suficientes para prover todos os passageiros de uma experiência em IFE muito especial.”

Outro aspecto positivo, como explica Wallis, é a facilidade de instalação, pois um MSU tem o tamanho de um tablet convencional e pesa menos de 1,5 kg, então não há nenhuma necessidade de cabeamento elaborado. O BoardConnect Portable da Lufthansa Systems já conquistou um prêmio este ano, o Crystal Cabin Award na categoria “Sistemas eletrônicos”.



A premiada tecnologia BoardConnect da Lufthansa Systems permite às companhias aéreas fornecer muito mais que entretenimento aos passageiros, como, por exemplo, informações importantes sobre a viagem, e facilita a interação deles com a tripulação.


A TELEVISÃO AO VIVO, DOS LARES PARA O CÉU

Em outubro de 2012 a Azul Linhas Aéreas foi pioneira no uso da TV ao vivo a bordo de aviões na América Latina. O trabalho para implementar o serviço aconteceu em conjunto com a Sky Brasil e a Embraer. Os desafios foram, principalmente, o desenvolvimento de uma antena e do software, compatíveis com o padrão de transmissão no Brasil. “Os clientes não precisam mais perder as partidas de futebol, capítulos finais de novelas ou estreia dos episódios de algum programa: eles podem assistir durante o voo” observa o vice-presidente de Receitas da Azul, Abhi Shah.  Hoje a empresa aérea conta com a Live TV oferecendo programas ao vivo e gravados a bordo da maioria dos seus jatos Embraer 190 e 195. São mais de 40 canais com opções de entretenimento, esportes e notícias em telas individuais, além de canais de música, e outras atrações. Por sua vez, os jatos A330 da Azul contam com o sistema de entretenimento Panasonic eX3. “É a solução tecnológica mais avançada hoje na aviação, operada por sistema Android e que tem uma novidade única da Azul em âmbito global: o sistema Picture in Picture: enquanto assiste a um filme, por exemplo, o cliente poderá selecionar outra produção e acompanhá-las simultaneamente, com uma das opções reproduzida em tela minimizada” explica Abhi Shah. Os televisores na classe Azul Xtra Business Class do A330 têm 16 polegadas e são equipados com controle remoto e também contam com modo touchscreen; na Economy Extra e na Economy, são de nove polegadas e têm manuseio exclusivo por toque. Em todas as classes, a qualidade de reprodução de vídeos é em HD. As telas são equipadas com uma porta USB, que servirá, sobretudo, para recarregar dispositivos móveis. Os A350 que a Azul já encomendou terão o mesmo sistema IFE da Panasonic eX3 que os A330 têm. “Também estamos analisando a possibilidade de oferecer conectividade a bordo desses aviões.” Um dos principais desafios, o executivo observa, é justamente relacionado à tecnologia, que muda constantemente no setor: assim que uma nova ferramenta é lançada, outra inovação é divulgada no mercado.



A Azul revolucionou o entretenimento nas rotas domésticas brasileiras com a TV a bordo.


E quem não tinha logo terá seu IFE, que o diga a Gol. Na metade de 2015 a empresa brasileira tornou-se a primeira parceira sul-americana da banda 2Ku da GoGo, que permitirá picos de velocidade de mais de 70 Mbps de internet para a aeronave. Com isso, a empresa aérea anunciou ao mercado o desenvolvimento da mais completa plataforma de conectividade e entretenimento a bordo e será a primeira aérea das Américas do Sul e Central a oferecer acesso wi-fi à internet durante o período de voo, com conexão via satélite. A solução permitirá o acesso a canais de televisão ao vivo e incluirá programação por streaming com filmes, desenhos, séries e jogos, conteúdo pay-per-view, músicas e mapa de voo. Todo conteúdo online e offline poderá ser facilmente acessado por meio do dispositivo móvel do próprio cliente, celular, tablet ou notebook. A primeira aeronave com esta tecnologia está prevista ainda para 2016.



Instalação de antena para acesso aos sistemas da Honeywell: as companhias procuram se adequar ao que há no estado-da-arte do entretenimento de bordo.


OPINIÃO DO CLIENTE

O Dr. Sergio Gonçalves é um advogado brasileiro que trabalha e reside nos Estados Unidos. Como passageiro frequente de viagens internacionais, nos últimos 12 meses, realizou mais de 80 voos, a maior parte de longo curso em empresas como, entre outras, Emirates, Singapore, Qatar, Etihad, British Airways, Cathay Pacific, Azul, Avianca (Brasil e Colômbia), TAM, Copa e United Airlines. “Destes, sem dúvida, para mim, os melhores serviços, no geral, são, pela ordem, Singapore, Qatar, Emirates e Cathay Pacific. O entretenimento é melhor, pela ordem, na Singapore, Emirates, Qatar e Cathay Pacific. Sérgio observou que, hoje, praticamente todas as empresas citadas e outras possuem tomadas USB, seja na classe econômica, seja na executiva. Apenas algumas aeronaves de voos locais nos EUA ainda não possuem.



Conforto não é somente poltrona espaçosa. Os clientes querem ter muito o que fazer dentro da aeronave. Na foto, classe executiva na Alitalia.


Outro passageiro brasileiro, Eduardo Bentes, em sua última viagem internacional, utilizou várias companhias aéreas e equipamentos, quase sempre em classe executiva, para diversos destinos, quais sejam: Frankfurt, Madri, Tóquio e Zurique. “O melhor IFE experimentado na minha última viagem, foi, de fato, o da Qatar Airways. Denominado Oryx, ele conta com uma infinidade de filmes, em vários idiomas e CDs de músicas de diversos cantores e bandas. Mesmo tendo voado trechos que não incluíam o Brasil, era possível ter filmes no idioma português.” Ele também observou que, nas aeronaves grandes voadas, inclusive em um antigo 777 da Alitalia, foi possível utilizar tomada elétrica para carregar o smartphone. “Mas a tomada no avião da Alitalia está localizada no assento à frente, na parte inferior, então se você deixar o aparelho próximo à você, cria-se um ‘bloqueio’ para sair do seu assento, tendo que passar os pés sobre os fios. Já nos aviões da Qatar, a tomada está abaixo do console central, próximo às pernas, embora ache que deveria ficar mais acima, na lateral do console, onde normalmente está localizado o controle.”

Outro brasileiro, Marcos Vinícius Faustino Olasa, voou recentemente entre GRU-Milão-Doha-Bangkok a bordo do B788 da Lan, do A330-200 e do A380 da Qatar. Na volta, fez os trechos a bordo do A380 e B777W da Emirates e B789 da Lan. Em todos eles, viajou em classe econômica. “Como já havia voado anteriormente na Qatar (e aprovado) estava ansioso também para avaliar o serviço da companhia no ‘Superjumbo’. Como principal ponto positivo na Lan, todas as funcionalidades estavam disponíveis em inglês, português e espanhol em um sistema muito prático, fácil de se mexer.” Já no voo no A330 da Qatar, segundo Marcos, a aeronave já demonstrava sua idade: “monitores menores, o touchscreen não respondia imediatamente, mas não deixou de tornar a viagem agradável, pois estava disponível uma infinidade de filmes e músicas.” Depois, no A380, ele considerou esse como o melhor trecho voado em todos os quesitos: “aeronave novíssima, telas touchscreen enormes e que respondiam ao toque na velocidade do som. Imensa variedade de filmes, músicas e afins, com destaque para uma pasta de músicas brasileiras, mesmo que a aeronave não tivesse como origem/destino o Brasil. Os passageiros ainda tinham disponíveis 15 minutos de wi-fi gratuitamente, podendo estendê-lo por um pequena quantia em dólar. “Já na Emirates, a aeronave demonstrava alguns anos de uso, sistema de bordo em telas grandes que, entretanto, não mostraram a eficiência e nem a qualidade da Qatar. Poucos filmes com legenda em português. O voo no 777 seguiu basicamente o mesmo padrão, entretanto, telas menores e a aeronave demonstrava ainda mais anos de uso nesta que é a maior operadora do tipo no mundo.”

Para resumir sua experiência a bordo, segundo Marcos Vinicius, a Qatar apresenta um sistema de bordo incrível e, mesmo na econômica, havia de tudo para todos os públicos, gêneros e etnias. “Já na Emirates, confesso que fiquei decepcionado, esperava mais. E, finalmente, destaque também para Lan, a companhia deu um show!”



Saber onde você está exatamente também é importante para quem está a bordo. Foto: Solange Galante


DESAFIOS

Como observa Richard Nordstrom, da Rockwell Collins, a tecnologia para o consumidor evolui muito rapidamente. No mundo das companhias aéreas, ele é mais lento devido ao processo de certificação de aeronavegabilidade. Por isso, sua empresa é focada no desenvolvimento de tecnologias que não são apenas o que é relevante hoje, mas o que o serão amanhã. “Nossos projetos precisam ser flexíveis para permitir atualizações rápidas e similares e ser modular para que possamos construir em hardware básico e oferecer sistemas multifuncionais com custos mínimos” acrescentou. Hoje, quase todas as companhias aéreas estão analisando ou desenvolvendo sua própria estratégia IFE&C. A maioria delas sabe que precisa decidir 12 a 36 meses antes da entrega do avião sobre como a sua configuração de cabine será. Aplicativos e serviços IFE&C funcionam melhor quando toda a frota da companhia está usando o mesmo fornecedor e serviços para que haja tanto coerência quanto mobilidade dos serviços, o que cria uma maior sinergia e permite a otimização da estratégia de entretenimento e conectividade. Por isso, os desafios são constantes e os passageiros, para quem toda preocupação de fabricantes, fornecedores e companhias aéreas converge, permanecem ávidos para se entreterem da melhor maneira possível a bordo.




Aperte o cinto e divirta-se! Tenha uma excelente viagem!

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