AS AVIADORAS BRASILEIRAS GANHARAM
UMA NOVA HEROÍNA.
(OS AVIADORES TAMBÉM, POR QUE NÃO?)
Nos
últimos meses chamei a atenção de meus leitores, durante a edição mensal de
Caixa Preta, com textos na cor laranja sobre personagens que seriam
conhecidos em breve.
Os
textos foram introdutórios para uma obra – do qual eles não fazem parte – que
acabou de ser lançada, meu primeiro romance, chamado “A Ás”.
A
razão desse título é porque a heroína é uma mulher piloto que, dentro da
definição de “ás”, “se sobressai
entre uma coletividade pelo que faz ou sabe”.
É um projeto que completou recentemente 35 anos
desde os primeiros rascunhos. Quando comecei a gostar de aviação, picada pelo
“aerococus” pela curiosidade acerca de um grave acidente aéreo nos EUA, como já
comentei neste Blog, adolescente que eu era, me vi apaixonada de maneira
arrebatadora e consumindo o máximo possível de aviação, devorando textos de
jornais, revistas e livros. O conhecimento adquirido foi enorme e eu quis
utilizá-lo de alguma maneira. Tendo já rascunhado alguns contos, crônicas,
romances e até poemas, mas desgostosa com o romance “No Ar e na Terra” que eu
começara a redigir de imediato ao ser infectada pelo “micróbio aeronáutico”,
parti para este outro projeto que logo ganhou o nome que ainda possui como
definitivo, tão logo eu comecei a ter conhecimento de mulheres aviadoras
brasileiras reais e sua luta contra o preconceito reinante.
Eu não sabia sequer se algum dia publicaria “A
Ás”. No início da década de 1980 ainda era caríssimo e difícil publicar um
livro. Não existiam as hoje predominantes opções de livros por baixa tiragem ou
por demanda, computador era raro e limitado e pouco se editorava com a ajuda da
informática. Mas eu não deixei de escrever e reescrever onde necessário.
Se hoje é fácil “voar” nos simuladores de voo
domésticos, instalados em computadores pessoais, minha opção, naquela época,
era criar empresas aéreas fictícias e voar “virtualmente” (melhor dizendo,
naquela época seria mais apropriado dizer “voar de faz-de-conta”) escrevendo
mesmo, criando voos escritos.
Logo não eram apenas voos. Tudo o que eu
aprendia sobre aviação, termos técnicos, definições, gírias, situações do
cotidiano ou não, eu “romanceava”. Nasceram personagens e capítulos como
contos, focando ou dando maior destaque, para cada um desses trechos do todo, a
uma área específica da aviação.
A maioria dos capítulos de “A Ás” é baseada em
alguma situação que vivi ou presenciei, ou que me contaram, por menor que fosse
o detalhe real, e ao redor dele a aventura tomou forma. Algumas dessas
situações eram, inclusive, rotineiras demais para terem sido presenciadas só
por mim: olhar os aviões do terraço de Congonhas, por exemplo.
Quem me conhece já ouviu falar que, entretanto,
fiquei nove anos longe da aviação, e longe, digo, uns “200%”, como sempre repito,
pois uma grande decepção na área me afastou dos aviões de maneira tão intensa
que tudo o que aconteceu no período eu só vim a saber ou conhecer depois do meu
retorno à atividade, por exemplo, a saída dos Electras da Ponte Aérea. Nesse
período, eu me desfiz, infelizmente, de uns 90% do meu acervo, que foi direto para
o lixo, exceto livros (romances, contos, nenhum livro técnico)... e os
originais de “A Ás” também sobreviveram. Manuscritos ou datilografados.
Ao término do “jejum” de nove anos, quando o
“aerococus” me picou de novo e eu verifiquei que aquela paixão era mesmo
incurável e era melhor não lutar contra ela, fui ver o que me restava da
primeira fase de apaixonada pela aviação e resgatei os originais desse meu
romance. Reli e pensei: “Eu escrevi essa DROGA???” E, ao invés de jogar no lixo
os rascunhos de um texto escrito por uma adolescente apaixonada e inexperiente,
resolvi, agora com cabeça adulta, reescrevê-lo todo, e foi o que fiz.
Desde 1995, portanto, a gestação de “A Ás” foi
retomada, desta vez, com o máximo de seriedade, pesquisas, entrevistas, trocas
de ideias. No entanto, por diversas vezes tive que priorizar outros trabalhos, por questão de remuneração e até por ter sido convidada para projetos especiais, como a biografia do Cel. Braga, que consegui publicar no ano passado.
Uma das pessoas que leu uma das versões
resultantes dessa nova fase foi Ernesto Klotzel, o primeiro jornalista de
aviação que eu li por intermédio do caderno de turismo da extinto jornal
Shopping News, que circulava gratuitamente aos domingos em alguns bairros de
São Paulo, onde eu morava. Eu fui conhecer o Ernesto, com toda a emoção de uma
fã, e ele não só leu como adorou o que eu havia escrito: foi meu primeiro
grande apoiador, o que, mais recentemente, me fez convidá-lo para assinar o
prefácio da obra.
Na mesma década de 1990, motivada pela minha
primeira reportagem profissional, “Mulheres na Cabine de Comando”, publicada na
revista Aero Magazine em 1996, conheci várias mulheres pilotos, quase todas as
citadas no texto da quarta capa do livro, e muitas outras, e, melhor do que na
minha primeira fase aeronáutica, desta vez eu as conheci pessoalmente, não
apenas por livros, TV e jornais!
“A Ás”, portanto, é a conclusão de pesquisas,
de resgate de algumas experiências reais e do convívio com pioneiras. Apesar de
seu alto número final de páginas – mais de 480 – desafio qualquer leitor a achá-lo
cansativo. Como bem percebeu ao lê-lo por duas vezes – a segunda vez, para redigir o prefácio – Ernesto
Klotzel mencionou a “sequência acelerada das centenas de
páginas aqui apresentadas”. Ou, como ele comentara comigo após a primeira
leitura, um rítmo de história em quadrinhos. Pois cada um de seus mais de 30 capítulo
é quase um conto por si próprio, destacando vários aspectos da aviação, que servem de ambiente para as
aventuras de nossa heroína.
E quem é essa heroína?
Uma Piloto de Linha Aérea chamada Sônia, que teria
sido (na minha ficção) a primeira mulher a chegar a esse degrau na aviação
brasileira. Seu combustível é o amor ao voo mas ela enfrenta vários desafios e
muito preconceito ao longo de sua carreira. A personagem Sônia, mais conhecida como “Cmte.
Sô”, começou a ser moldada a partir de apenas três mulheres reais mas, ao longo
das várias edições sofridas desde o texto inicial e original, acabou por se
tornar a representante de outras pioneiras reais da aviação brasileira. Ela personifica
especialmente Márcia Mammana, Lucy
Lupia Pinel B. de Pinho, Arlete Ziolkowski, Claudine Melnik e Carla Roemmler mas
presta homenagem também a várias outras, do passado e do presente, que têm
nela, agora, sua mais nova heroína!
Como recado final: “A Ás” terá
sequencia, que já está sendo redigida e levará muito menos de 35 anos para ser
publicada!
Para adquirir, acesse https://agbook.com.br/book/209097--A_As
ou https://agbook.com.br e digite A Ás na
busca. As primeiras 15 páginas estão disponíveis para leitura gratuitamente no
próprio site.
Em breve, o livro será
disponibilizado também por mim mesma, para remessa já autografado.
Parabéns Solange por mais esta conquista, quero adquirir o meu exemplar mas terá que ser autografado viu...
ResponderExcluirAssim que você tiver em mãos me avise por favor!!!
Mais uma vez parabéns e quero muito ler essa sua obra-prima......Sucesso!!!!
Obrigada! Já tenho em mãos, me contate pelo remigedeaguia@bol.com.br e a gente combina... Super abraço! ;)
ExcluirBom dia, Ricardo, tudo bom?
ExcluirTenho que lhe dar o prêmio do Blog pela sua foto e também o livro autografado!
Se vc mora em São Paulo, vamos combinar o encontro. Caso more fora de São Paulo, precisamos combinar o envio.
Grande abraço
Solange