terça-feira, 17 de julho de 2012

Plantão Caixa Preta

TENHAMOS PAZ EM TODOS OS 17 DE JULHOS

Hoje foi inaugurado o Memorial 17 de Julho. Coincidentemente, na hora da missa e da inauguração chovia na mesma intensidade daquele 17 de julho de 2007 e a pista em uso em Congonhas era novamente a 35.
Mas, o que digo, se não acredito em coincidências? Portanto, esses sinais são, com certeza, um recado para que jamais nos esqueçamos daquele dia.
Também eu estive hoje prestando minha homenagem àquelas vítimas. Fui lá buscar algum sentimento, fosse qual fosse, bom ou ruim, leve ou pesado, de alegria ou de revolta. Felizmente, colhi um imenso sentimento de paz. Foi bom, naquele clima de imenso respeito, sentir paz. Mesmo quando os aviões decolavam e o chão chegava a estremecer. Mesmo quando um Airbus decolou bem no momento do toque de silêncio executado por um policial militar no horário preciso da tragédia, às 18h51 min. Aquelas 199 pessoas representam todos nós, que já fomos ou podemos ser um dia vítimas do descaso da nossa aviação por meio de seus vários atores. Mesmo quando, também naquele instante, alguém chorou copiosamente, quebrando o silêncio que se seguiu ao toque, provavelmente algum parente das vítimas do 3054.
Cinco anos atrás. Eu havia chegado em casa de cabeça um pouco quente por motivos pessoais e profissionais, liguei a TV e o Datena era chamado pelo o Cmte. Hamilton que filmava um incêndio em um posto de gasolina do lado da cabeceira 17 de Congonhas. Poderia ser um acidente como outro qualquer, como a explosão de um caminhão tanque, mas não era. Poderia ser uma besteira sensacionalista do Datena quando ele disse que aquilo que se via pelas imagens, no meio do fogo, parecia uma cauda de avião. Ele insistia tanto nisso que comecei a acreditar... Liguei para um amigo meu, também repórter, que me confirmou: Sim, era um avião, e era da TAM.
Anos antes da tragédia eu havia estado naquele prédio para a inauguração da TAM Express. Ganhei de brinde uma trena com o antigo logo da companhia de cargas. Tenho-o até hoje. Anos antes, eu também fiz meses de aulas de capoeira no prédio da Academia que fica exatamente atrás da TAM Express. Anos antes eu reclamava quando tinha que atravessar aquela rua que faz esquina com a Washington Luiz porque a tabela de preços do citado posto de gasolina era uma placa imensa que me impedia de ver se algum automóvel estava querendo virar naquela rua, ou seja, a placa tornava a travessia dos pedestres muito perigosa.
Mas isso tudo hoje é passado diante da belíssima Praça, com uma árvore que de maneira maravilhosa sobreviveu a todo fogo. E é bem provável que aquela árvore jamais fosse notada, escondida que estava atrás do prédio da TAM Express, antes. Uma árvore que saiu do anonimato para ser o maior símbolo de vida da Praça.
Infelizmente, as mazelas da nossa aviação continuam mas tenhamos fé que aquelas vítimas não tenham sido sacrificadas em vão.
Tenhamos PAZ. E para ter PAZ nem é preciso ter religião.


Nenhum comentário:

Postar um comentário