08 de março de
2012
ÀS MULHERES,
O CÉU
Escrevo
este editorial na semana do Dia Internacional da Mulher.
Quando
comecei a gostar de aviação, no Brasil eram raríssimas as pilotos (ou
“pilotas”). E eu tive o privilégio de conhecer várias delas nos anos que se
seguiram.
A
CLAUDINE MELNIK eu conheci após vê-la em uma reportagem da Caras e caçar seu
endereço e telefone na lista telefônica. Ela estava sendo promovida a comandante
na Brasil Central Linhas Aéreas, que pertencia à TAM. Voando um monoturboélice
Cessna Caravan até sobre o “deserto verde” da Amazônia, tornou-se a primeira
mulher comandante da aviação regular brasileira e tenho muito orgulho de
ser sua amiga até hoje!
Também
conhecia a GRAZIELA SANTOS quando me foi solicitado fazer a revista de 25 anos
do SERAC - 4, o antigo Serviço Regional da Aviação Civil, ligado ao
Departamento de Aviação Civil, antecessor da ANAC. Fizeram questão que eu a
entrevistasse, pois ela foi a primeira mulher piloto registrada como Piloto
de Linha Aérea no Brasil, conforme documentos comprobatórios a que tive
acesso no próprio SERAC, onde foi registrada a licença dela. Graziela também
foi checadora do DAC mas não seguiu carreira na aviação regular. Também somos
amigas até hoje.
Conheci
pessoalmente ou pelos jornais muitas outras mulheres voadoras, algumas das
quais perdi contato, nem sei por onde andam (ou voam), ou o que fazem. Algumas
dessas mulheres estão presentes nessa edição especial de Caixa Preta e a
maioria delas, em menor ou maior grau, me ajudaram a compor uma personagem que
revelarei quando lançar o livro de ficção cuja redação estou finalizando.
Um
abraço especial às aviadoras CARLA ROEMMLER, ARLETE ZIOLKOWSKI, SIMONE SIMÕES VAZ,
TERESA PAZ PARNES, LARA ELIASQUEVICI, MÁRCIA GALUCCI, MARINA DELUQUI, KALINA
COMENHO, MARI SATO, ANA MERCANTE e muitas outras, tantas que nem consigo
relacioná-las todas aqui e agora (me desculpem!). Afinal, hoje vocês não são
mais apenas 10, como em 1995!!! Também em todo o mundo, as mulheres ainda são
minoria na aviação, mas estão aderindo cada vez mais ao vôo e mostrando sua
qualidade.
Homenagem
também às acrobatas TEREZINHA BERTOLINI (in
memoriam), MÁRCIA MAMMANA (in
memoriam). Falando em acrobacia, minhas homenagens também à ex-comissária
que decidiu que o melhor lugar para voar era fora, e não dentro do avião: a wingwalking MARTA BOGNAR
Também
não me esquecerei das comissárias de voo, das mecânicas de aviação, das
recepcionistas, das secretárias, das atendentes em geral e das pioneiras (essas
a seguir, in memoriam) Tereza de
Marzo, Ada Rogato e Anésia Pinheiro Machado. E também lembrarei das novas
pilotos militares brasileiras, o que ainda é novidade no país, voando em
aeronaves de transporte e caças, bem como das controladoras de tráfego aéreo e
das paraquedistas que abrilhantam os shows
aéreos.
Meu
coração voa com todas vocês!
Estamos
aqui para provar que mulher não gosta apenas dos pilotos em seus belos
uniformes... mas também gostam de avião, de cheiro de gasolina ou querosene de
aviação e de usar elas próprias os diversos uniformes da nobre arte de voar!
Presenteando
as homenageadas e os leitores em geral da Caixa Preta publico de maneira inédita
na internet minhas reportagens prediletas sobre as mulheres, entre tantas que
escrevi. Uma, “Mulheres na Cabina de Comando”, foi minha primeiríssima matéria
profissional e minha primeiríssima reportagem vencedora do Prêmio Santos Dumont
de Jornalismo, em 1996 (sinal que de que o tema agrada!). Foi publicada em 1996
na revista Aero Magazine.
A
outra, “As Mulheres no Especializado Vôo Offshore” foi publicada em 2001 pela
Aviação em Revista.
E
minha homenagem à primeira comandante de avião a jato da aviação regular
brasileira, a Cmte. Carla Roemmler, na foto logo abaixo, quando ela voava
pela saudosa Vasp (foto divulgação). Hoje ela é comandante na Azul Linhas
Aéreas Brasileiras.
“NOSSAS PRINCIPAIS
SEÇÕES”
NOSSA NADA MODESTA COLEÇÃO DE PÉROLAS VOADORAS
(Erros da imprensa que capturamos por aí. Vamos contar os pecados, mas vamos manter sigilo dos pecadores.)
A Pérola da imprensa especializada em setembro de 2006 (revista 4)
“A Embraer
esteve pela primeira vez em Oshkosh para mostrar os mock-ups (modelos em escala
natural) de seus VLJ Phenom 100 (quatro
ocupantes) e Phenom 300 (seis
ocupantes).”
O Phenom 100, sob definição da própria
Embraer, não é um Very Light Jet (VLJ) mas um Light Jet (LJ).
A Pérola da imprensa especializada em setembro de 2006 (revista 2)
“(...) foi o
único piloto a apresentar-se no Salão Aero Espacial do Brasil, feira internacional
de aviação realizada em São José dos Campos, em 1972.”
O famoso Salão Aeroespacial de São José dos
Campos ocorreu na verdade em setembro de 1973.
A Pérola da imprensa especializada em setembro de 2006 (revista 2)
“Alberto
Bertelli faleceu aos 66 anos enquanto dormia em 09 de dezembro de 1980, na cidade de Rio Claro.”
A
data oficial do falecimento de Alberto Bertelli é 08 de dezembro de 1980.”
A Pérola da imprensa especializada em fevereiro de 2008 (revista 2)
“Fotolog
interessante que traz algumas curiosidades e fotografias da aviação antiga no
País, da época da visita dos zeppelins, Não deixe de ver a imagem tirada da
cabine de comando de um velho Junker-52,
em aproximação para pouso no Rio de Janeiro.”
Um erro bem comum de revistas sem um revisor
que entenda de aviação: o nome correto é Junkers.
Mesmo no singular.
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VALE A
PENA LER DE NOVO
De Caixa Preta # 49 / janeiro, fevereiro, março e abril de 2006
RISCO
IMINENTE DE COLISÃO EM TERRA
Eu
estava indo para o Rio de Janeiro pela TAM, sentada na poltrona 20F junto a uma
das janelas à direita da nossa aeronave, um Airbus A319, que foi autorizada a
entrar na pista 17 R pela última pista de táxi antes da cabeceira. Enquanto
alinhávamos com a pista 17 R pude ver um 737 da Gol, pela pista de táxi
anterior, cruzar a pista onde estávamos para se dirigir à paralela 17 L. Com
absoluta certeza, a não ser que um demente estivesse ao comando da aeronave,
haviam tido autorização da Torre de Controle para isso, como normalmente
ocorre.
Fou
quando um dos passageiros atrás de mim, em bom tom de voz, audível a pelo menos
metade da cabine, disse ao amigo e companheiro de poltrona:
–
Olha lá o Gol! Ele passou na frente do nosso avião! Cara, isso não pode! Esse
comandante deveria ser punido! O DAC deveria punir! Já imaginou se...
– ...
A gente colide com ele?
–
Nooooooossa!...
Sentada
bem diante deles, eu tinha simultaneamente vontade de rir às gargalhadas... ou
de bater neles!!!
Mas
fiquei na minha, apenas lamentando o caso e anotando-o para esta Caixa Preta.
Não valeria a pena qualquer outro gesto, muito menos violento...
Pouco
antes, a mesma dupla havia comentado entre si sobre os aviões “145 da Embraer”
da Varig. Um dos passageiros já havia voando em um deles. Até aí, tudo bem, e
até pareciam pessoas que entendiam de aviação. Porém, o sujeito confirmava que
a Varig AINDA tinha tal equipamento, e ainda o considerava “antiquado”.
Na
verdade, a Varig, então através da Rio Sul, já não tinha há muitos meses
qualquer “145” voando com suas cores.
Isso
foi apenas um aperitivo ao que viria depois, vitimando o pobre comandante da
Gol que nem sequer eu ou eles conhecíamos...
DIRETAMENTE
DA PRÓPRIA CAIXA PRETA:
(diálogos
verídicos)
PARA ONDE EU VOU,
AFINAL?
– Teresina, Vasp
dois meia dois.
– Dois meia dois, Teresina, prossiga.
– Dois meia dois, Teresina, prossiga.
– Autorização para
acionamento e posterior pushback.
– Qual é o nível
requerido para Brasília do (plano) repetitivo, três uno zero? Confirme.
– Dois nove zero.
– Dois nove sete...
(sic)
– Prossiga.
– Confirma o nível
para Brasília?
– Teresina, chamou
o dois meia dois?
– Positivo.
Confirme meu nível para Brasília. Três uno zero no repetitivo, dois nove zero é
incorreto no sentido Teresina - Brasília.
– O dois meia dois
está indo para Fortaleza, não é Teresina, não, é dois nove zero, ok, de acordo
com o nosso plano.
– Desculpe, dois
nove zero, Fortaleza... Voa direto ou vai na aerovia?
– Na aerocia via
mesmo.
– Prossiga, meia
dois, Terê.
– Para o táxi, está
com 36 o P.O.B Três horas de autonomia,
altera Teresina e São Luiz.
– Táxi livre, no
ponto de espera chame pronto...
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N O V I D A D
E S
Veja na Aero
Magazine de fevereiro de 2012 minha reportagem sobre Schiphol, um legítimo
Aeroporto-Cidade.
(foto Solange
Galante)
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