10 de fevereiro de 2012
A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR
Quando eu era apenas um entusiasta da aviação (ainda nem sonhava em ser jornalista), trocava materiais com outros entusiastas por carta, pelo nosso bom e velho correio. Não havia internet, e-mail, facebook, nem celular! Eu havia escrito para um colunista de aviação fazendo perguntas sobre o assunto, minha carta foi publicada e como sempre foi curioso encontrar uma mulher que gosta de avião, muita gente (homens, principalmente) pediu meu endereço para o Jornal e acabei, com isso, fazendo muitas amizades.
De repente, recebi uma carta de um tal de Aldo Bognetti. A letra trêmula denunciava que não era um adolescente, como eu. De fato, ele era um senhor bem idoso e, adoentado, estava preso a uma cama. Mas ele fez questão de compartilhar comigo sua experiência e suas lembranças como piloto da Primeira Guerra Mundial!!!
Um dia, esse italiano me enviou fotos que me entusiasmaram. Fotos originais de seus tempos como piloto de guerra e até a página de um jornal italiano falando do avião que ele voara, um Farman. Fiquei fascinada!
Entretanto, anos depois, tive uma desilusão com a aviação, o que me faria ficar por nove anos 200% (sim até mais que apenas 100%) longe da área. Me desfiz de quase a totalidade de minha coleção, jogando-a simplesmente no lixo mesmo! E entrei em depressão.
Os amigos me escreviam e eu não respondia mais suas cartas. O Sr. Aldo foi um dos que questionou meu sumiço, minha ausência. Mas eu não lhe respondi mais. Quando ele parou de me escrever insistindo em manter contato comigo, acreditei que, como já fosse bem idoso e doente, já tivesse falecido...
Quase uma década depois, o “aerococus” me picou de novo, senti que era a hora de voltar e não mais desistir da aviação, e voltei ao mundinho com cheiro de querosene Jet-A1!
Senti falta de duas coisas, as últimas de que eu havia me desfeito quando em depressão: um livro sobre todos os aviões do mundo e uma foto grande de Congonhas na década de 1940, quase um pequeno pôster, que eu havia dado há poucos anos ao filho de minha colega de serviço, ele se chamava Antônio e era piloto. Como voltei à aviação, finalmente eu conheci esse rapaz e fomos juntos a alguns eventos aéreos. Mas não tive coragem de pedir de volta a ele minhas coisas...
Passaram-se mais alguns anos, e Antônio teve a iniciativa de me contatar e me oferecer de volta o livro que eu havia lhe dado, porque continha muitas anotações à caneta minhas, e ele acreditava que fossem importantes. Aproveitei, então, para perguntar da foto em Congonhas e ele disse que iria procurar.
Passaram-se mais uns anos. Ele disse que não havia encontrado a foto mas ele a mãe continuariam procurando.
Até que no ano passado, a mãe dele me contatou. No e-mail, dizia:
“Solange, como vai você?
Olha, desde aquela época eu continuei procurando, veja, encontrei algumas fotos que você deixou com o Antonio
Me manda seu endereço que te envio pelo Sedex
Fiquei muito contente em encontrá-las
Um beijão
Cristina”
Agradeci e pedi pra me enviar, então, o quanto antes, que eu iria viajar para o exterior em mais alguns poucos dias.
Apesar dela ter dito “fotos” e eu estava desejando apenas uma, julguei que as outras não seriam tão importantes.
Ao receber o envelope, pensei “Finalmente, a foto de Congonhas! Que bom!”
Mas não era ela. Ao abrir o envelope, tinha outro dentro, mais antigo, com letra trêmula nos campos destinatário e remetente...
Eram as fotos de Aldo Bognetti! Eu não lembrava que as havia dado ao Antônio! Eu julgava tê-las jogado fora!
Rezei em agradecimento a Deus e pela alma do velhinho a quem eu nunca mais respondi quando fiquei em depressão... E agradeci muito a mãe do Antônio, também.
Tinham que ser minhas, tinham que ficar comigo, e repartilho algumas dessas imagens com meus leitores, agora. Cenas de uma guerra ocorrida há quase 100 anos...
Sem dúvida, são as fotos originais de aviação mais antigas de minha coleção!
Tenham bons momentos!
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“NOSSAS PRINCIPAIS SEÇÕES”
NOSSA NADA MODESTA COLEÇÃO DE PÉROLAS VOADORAS
(Erros da imprensa que capturamos por aí. Vamos contar os pecados, mas vamos manter sigilo dos pecadores.)
A Pérola da imprensa especializada em abril de 2009 (revista 4)
“A sede da empresa fica no Aeroporto Jacarepaguá e as operações partem do Aeroporto Santos Dumont, com duas aeronaves turboélices Let 310, sendo que a empresa foi pioneira na utilização desse modelo no País.”
Não existe nem existiu modelo Let 310, trata-se do Let 410.
A Pérola da imprensa especializada em novembro de 2010 (revista 4)
“Em Congonhas estão os Boeing 737-200 (...) e os Airbus A300 PP-SNL e PP-SNN. Em Guarulhos ficaram os 737-200 (...) e o A300 PP-SNN.”
Bem, um avião não pode estar ao mesmo tempo em dois aeroportos, especialmente se ele não voa mais... O de Guarulhos, na verdade, é o PP-SNM.
A Pérola da imprensa especializada em outubro de 2011 (revista 1)
“A Copa Airlines surgiu em 1947(...)O objetivo era atender os destinos domésticos com uma frota de três DC-47.”
Na verdade, nunca existiram aeronaves comerciais chamadas DC-47, mas C-47 (versão militar do DC-3).
A Pérola da imprensa especializada em outubro de 2011 (revista 1)
A Delta Airlines) “É detentora de mais de 700 aeronaves (...)”;
“Frota: (...) Total: 697 aeronaves”
Setecentas? 697?
A Pérola da imprensa especializada em outubro de 2011 (revista 1)
US Airways) “Seus hubs estão localizados nos Aeroportos de Charlotte, na Filadélfia, e em Phoenix, no Texas.”
Na verdade, o Aeroporto de Charlotte, hub da US Airways, fica na cidade de Charlotte localizada no estado norte-americano da Carolina do Norte.
Já Filadélfia (em inglês: Philadelphia) é a maior cidade do estado americano da Pensilvânia e não possui nenhum aeroporto chamado Charlotte....
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CAIXA PRETA DE CAMÕES
“Ele comemora o fato de não ter recebido nem um cancelamento dos pedidos que já fora, feitos no Brasil”.”
(Revista 1)
Não seria “nenhum”?
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CAIXA PRETA DE ERASMO DE ROTERDÃ
Por que não em holandês também mesmo quando, aparentemente, o erro é “só” de digitação?
“(...) três voos diretos, com saída do Aeroporto Schipol, na Holanda (...)”
(fonte: Revista 4)
Obs: o nome correto do principal aeroporto holandês é Schiphol. Se um H faz diferença? Qual seria a diferença entre Congonhas e Congonas? Guarulhos e Guarulos?)
VALE A PENA LER DE NOVO
De Caixa Preta EXTRA # 2/2000 – 12.08.00
FINALMENTE CONGONHAS RECEBERÁ PASSARELA NOVA!!!!
Graças ao motorista de um caminhão que nesta madrugada não leu a placa que significava “altura máxima 4,5 m” a passarela diante do aeroporto de Congonhas foi atropelada... e morta!!!!
Esse fato lamentável deverá ser comemorado pois, após décadas e décadas de assaltos, tropeços e quedas nos buracos do acabamento gasto (com o risco de tétano devido à estrutura férrea enferrujada), que enchiam de água a cada chuvinha e ainda a sujeira causada pelos ambulantes e transeuntes, a tendência é de construção de uma passarela nova, moderna, com rampa para deficientes, à semelhança da novíssima localizada diante do hipermercado próximo à rua Tamoios. Mesmo porque um novo hotel será erguido lá do lado (Você acha que os hóspedes iriam querer usar “aquela” passarela velha?)
Sabe-se que há tempos os caminhoneiros vinham tentando assassiná-la... Afinal, quantos já não entalaram sob a passarela mais próxima junto à rua Imarés, treinando para o momento histórico que hoje se sucedeu?
Na verdade, ela havia se tornado-se cumplíce da mais nova inimiga do fascínio da aviação. De uns tempos para cá, boa parte do público acostumado a usar a passarela para observar o movimento das aeronaves em uma parte do pátio e da pista, mesmo por pequeno (mas gratuito) espaço entre os prédios do próprio aeroporto, havia migrado para o lado oposto da mesma passarela para ficar observando, de olhos arregaladíssimos, as obras de fundação do futuro hotel, aquele que fará parte do futuro complexo aeroportuário de Congonhas (aliás, por enquanto, parece que só o hotel está saindo do papel).
O enorme buraco aberto por tratores e dezenas de trabalhadores andava atraindo público durante todo o dia e o lado mais próximo do aeroporto andava cada vez mais vazio, apesar de também haver tratores, buraco e muita terra também no pátio do principal aeroporto paulistano. Temíamos que a aviação estivesse perdendo seu fascínio, diante da engenharia civil. Agora, nossa preocupação mais imediata é a seguinte: os filhos terão que andar (muito) mais no Dia dos Pais para levar os papais para verem aviões...
(OBS: e não é que até hoje, fevereiro de 2012, mesmo com o hotel, nada de passarela nova???)
DIRETAMENTE DA PRÓPRIA CAIXA PRETA:
(diálogos verídicos)
COLABORAÇÃO
- Rio Sul XXX, informe sua razão de descida...
- É para desembarque de passageiros, Controle...
----------------------
- Rio Sul XXX, confirme como recebe o Centro?
- De braços abertos!!!!
--------------------------
Outro dia, um pequeno bimotor, procedente de Angra dos Reis, cancelou seu plano IFR com destino a Congonhas e desceu em condições visuais, sobre a cidade de Mogi. Entretanto, uma camada de nuvens cobria toda a região, e não havia nenhum sinal de buraco. Quando indagado se estava em condições visuais, respondeu:
- Ahhhhnnn... Controle... estamos com a "expectativa" de obter condições visuais mais à frente... vamos manter esta altitude por mais algumas milhas....
Ao que o Controle respondeu, já ciente da "pelada" que rolava:
- Então, senhor, se sua expectativa não se concretizar logo, suba ao FL070 na proa de REDE, por favor!!!!....
-------------------------
(enviado por André Danita)
- É para desembarque de passageiros, Controle...
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- Rio Sul XXX, confirme como recebe o Centro?
- De braços abertos!!!!
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Outro dia, um pequeno bimotor, procedente de Angra dos Reis, cancelou seu plano IFR com destino a Congonhas e desceu em condições visuais, sobre a cidade de Mogi. Entretanto, uma camada de nuvens cobria toda a região, e não havia nenhum sinal de buraco. Quando indagado se estava em condições visuais, respondeu:
- Ahhhhnnn... Controle... estamos com a "expectativa" de obter condições visuais mais à frente... vamos manter esta altitude por mais algumas milhas....
Ao que o Controle respondeu, já ciente da "pelada" que rolava:
- Então, senhor, se sua expectativa não se concretizar logo, suba ao FL070 na proa de REDE, por favor!!!!....
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(enviado por André Danita)
E TEM MAIS...
Abril de 2008. Reportagem sobre a Fidae, a mais importante feira aeronáutica da América Latina, ocorrida no início daquele mês. A revista especializada “4” escreveu que “Como aeronaves de apoio, nos dias finais do evento chegaram um C-5 Galaxy e um C-17 Globemaster III.”
“Deveriam” ter vindo mas nós que estávamos lá não vimos nenhum C-5 (que não é nenhum avião pequenininho e discreto). O Globemaster, sim, vimos e admiramos. Para confirmar, checamos com um outro jornalista, fotógrafo, que ficou até o dia seguinte ao final do evento, quando nós também já havíamos retornado ao Brasil. De fato, acho que só o redator da reportagem supra citada viu o Galaxy, ou se mandou antes do fim da Fidae e escreveu sobre o que deveria ter acontecido... E ainda escreveu que outro avião “O A380 ficou na Fidae 2008 apenas na quinta-feira seguinte, ou seja, não ficou exposto nos dias abertos à visitação pública.”
A feira durou toda uma semana, chegamos lá no segundo dia, uma segunda-feira, o A380 JÀ estava lá e, portanto, não ficou lá somente na quinta. Embora não tenha ficado para o final de semana final da feira...
DESINFORMAÇÃO
Em abril de 2009 a revista especializada “4” publicou um texto falando sobre o hidroavião Princess, da década de 1940. A revista escreve assim: “Recentemente, pesquisadores da Inglaterra descobriram que o avião Princess, o maior hidroavião já fabricado até hoje no mundo, cujo protótipo data de 1948, seria comprado pela BSAA (British South American Airways) para utilização nas rotas que ligavam a Inglaterra ao Rio de Janeiro e Buenos Aires.”
Em primeiro lugar, a revista publica uma informação errada. O “maior hidroavião já fabricado até hoje no mundo” até onde sabemos, foi o Hughes H-4 Hercules, apelidado Spruce Goose. Que voou apenas uma vez, em novembro de 1947.
Pode-se argumentar: “O Princess seria o maior fabricado em série.” Mas foram fabricados apenas três deles, sendo que apenas um voou, e no caso do Hughes, foi fabricado apenas um, que voou.
O texto também não cita o nome completo do modelo, com o da fabricante: trata-se do Saunders-Roe SR.45 Princess, ou, simplesmente, Saunders-Roe Princess.
Lemos revistas especializadas para nos informarmos, e bem, não é mesmo?
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N O V I D A D E S
Veja na Avião Revue de fevereiro de 2012 minhas impressões de voo inéditas em um avião testando biocombustível (entre Frankfurt e Hamburgo).
(foto divulgação)
Outra reportagem é sobre minha visita, em Amsterdã, ao MRO da KLM, a mais antiga companhia aérea ainda com o nome original. São 90 anos de manutenção, reparos, engenharia e overhaul!
(foto divulgação)
ATENÇÃO!
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Veja o texto da Lei em:
http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2008/02/lei_9610-direito-autoral.pdf
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