MAS A LUFTHANSA CARGO, MAIS UMA VEZ, DÁ UM PASSO IMPORTANTE NO MERCADO BRASILEIRO
(Por Solange Galante)
A Lufthansa Cargo está prestes a substituir
seus equipamentos no Brasil. Os seis voos semanais operados entre a Alemanha e
as cidades de Curitiba (PR), Campinas (SP), Guarulhos (SP) e Natal (RN) serão
em breve realizados apenas com os novíssimos Boeing 777F que a empresa está
recebendo direto da fabricante Boeing. Ela já possui seis desses bijatos da
Boeing e receberá outros quatro com potentes motores GE90-110 que serão direcionados ao mercado da América
Latina, inclusive no México. Com isso, o Brasil irá se despedir do clássicos
trijatos McDonnell Douglas MD-11F. A empresa alemã de cargas opera atualmente
12 dessas aeronaves, inclusives os últimos produzidos pela Boeing entre 2000 e
2001. Com o Triple Seven, haverá cerca de 10 a 15% de capacidade adicional por
aeronave. Segundo Cleverton Vighy,
Diretor Regional Brasil, “É um avião com maior capacidade de carga, é muito
mais eficiente e verde porque opera apenas dois motores, pois é preciso levar
em consideração também a emissão de poluentes. Então, a somatória desses
fatores traz realmente o Boeing 777 para o nosso mercado, o que nos deixa muito
felizes com a chegada desse equipamento. Usualmente, a operação na América
Latina é um dos últimos mercados a ter rotas alteradas, foi assim nas
substituições do passado, mas, desta vez, não. Estamos no meio do processo de
substituição, o que demonstra a importância, o crescimento e o
aquecimento da economia na região.” Ele explica que, a partir da troca por um
equipamento com maior autonomia e alcance, a escala em Dacar (Senegal) deixará
de ser uma necessidade de escala técnica e passará a ser uma escala comercial,
porque aquele país na costa atlântica da África ainda é um mercado interessante
para a Lufthansa. “Então os voos vão descer todos diretos mas alguns vão
retornar passando ainda pelo Senegal.”
Na verdade, o Boeing 777F já opera no Brasil. A
rota de Natal foi a primeira em que a cargueira alemã substituiu o MD-11F pelo
777F, no caso, utilizando uma das aeronaves da Aerologic, joint-venture da
Lufthansa Cargo com a DHL. “Para nós foi interessante porque, de Natal, como
já estamos no extremo Nordeste do Brasil já temos autonomia para voar de volta
para a Alemanha com a capacidade total da aeronave, então foi ali que fizemos
nossos primeiros testes, e é um mercado que cresceu bastante para nós nesses
três anos e meio de operação – dos quais, pouco mais de um ano e meio, com o
Boeing da Aerologic –, o volume vem crescendo ano a ano, o carro-chefe lá é a
fruticultura e esse mercado muito importante continua crescendo muito dentro
das exportações brasileiras.”
Mas o avião com as cores cinza e amarelo no
logo da Aerologic também vai se despedir do Brasil. Todos os voos da malha
brasileira serão substituídos pelas aeronaves da própria Lufthansa, a Aerologic
vai passar a operar apenas entre Europa e Estados Unidos.
MAIOR
CAPACIDADE
“O 777F também possibilita o transporte de
cargas de grande volume. Então é um mercado que se abre, no transporte até de
grandes motores aeronáuticos, sem a limitação de 2m40 de altura do main deck do MD-11F, quer não conseguia transportar todos os motores do mercado, então, com
o 777F já conseguimos trabalhar com essa carga. Bem como acontece com
maquinários que existem no mercado brasileiro” explica Cleverton Vighy. Ele
destaca também o transporte de cavalos. “Sairemos de 15 no MD-11F para 54 no
777F. O fator limitante não é o tamanho do avião mas a quantidade de assentos
para os atendentes e, obviamente, todas as garrafas de oxigênio dentro do main
deck, porque se o atendente está lá dentro em atendimento ao cavalo e tem uma
emergência ele terá o oxigênio disponível lá dentro também. Para a Argentina, a
mudança do MD-11F para o 777F, será muito importante. Aquele país continua
sendo um mercado com grande volume de cavalos. No MD-11F são dois atendentes
para os cavalos, e no 777F esse número aumenta para seis.”
CLÁSSICO
LIMITADO
Quem
mora em Curitiba sabe que nem sempre o trijato da Lufthansa Cargo
consegue pousar lá, por exemplo, no voo 8268 (FRA-DSS-VCP-CWB-VCP-NAT). Além
do famoso problema de nevoeiro no inverno, ao longo de todo ano a chuva sempre
foi a inimiga do gigantesco avião. “Lá em Curitiba qualquer chuva impede a
operação do MD-11F, que é uma aeronave que pousa em alta velocidade. O MD-11F tem
dificuldade de operação em Curitiba devido à pista curta” explica Cleverton – a
pista maior de Curitiba (15-33) tem, hoje, 2.200 m. A expectativa do último voo
do MD-11F no Brasil seria na primeira semana de abril mas a entrega das
aeronaves pela Boeing está um pouco atrasada e depois da entrega vem todo um
processo de licença junto à agência de aviação civil alemã, adquirir todos os
certificados para a operação, de modo que haverá um atraso. Mas deverá ocorrer ainda
em abril o encerramento das operações do MD-11F no Brasil, embora a empresa
alemã não tenha a data específica ainda. “Eventualmente, ele poderá vir
para o Brasil para algum fretamento, alguma operação especial, se eu tiver
algum 777F em plano de manutenção programada pode acontecer a substituição por
MD-11F, daí continuaremos vendo o charme do MD-11F pousando ainda aqui no Brasil,
com certeza, ao longo do ano.” Mas, é claro que os quatro Boeing 777F,
novinhos, dificilmente entrarão em manutenção programada e longa tão cedo,
portanto, corra se quiser ainda ouvir o som dos três motores CF6-80 acima de nosso solo!
O fato é que a Lufthansa Cargo não precisaria
trocar de equipamento se não estivesse muito satisfeita com suas operações no
Brasil e necessitasse de mais capacidade!
(Fonte: Lufthansa-cargo.com)
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