Neste final de um turbulento 2020, a Lufthansa Cargo
está descontinuando em definitivo a operação de seus restantes McDonnell
Douglas MD-11F na América Latina. Foram duas décadas de serviços dedicados em
especial ao Brasil, chegando a sete voos semanais.
A carreira do trijato na Lufthansa
foi "full cargo", embora a empresa tenha operado com passageiros vários DC-10, o modelo do qual o MD-11 se originou. A empresa alemã comprou novos, entre
outros, os últimos fabricados já pela Boeing (que tinha adquirido a McDonnell
Douglas em 1996), quais sejam o D-ALCM e o D-ALCN, sendo que o primeiro,
utilizado pela própria Boeing para testes, foi o último entregue à empresa da
Alemanha.
Com a extinção dos Douglas DC-10 da
aviação comercial regular, seu descendente direto e mais longo, o MD-11, mesmo
os cargueiros, tornaram-se uma atração à parte para spotters em todo o mundo,
inclusive nos principais aeroportos brasileiros com operação logística, como os
de Guarulhos, Campinas e Manaus, além de outros, como o de Natal. Aos
poucos, foram havendo modificações nas rotas da companhia dentro do Brasil, incluindo a introdução do Boeing 777, e o som dos
três motores GE-CF6-80 persistiu nos dois primeiros acima citados e em Curitiba.
Em 2013 tive o privilégio de acompanhar uma das operações, voando no jump-seat do D-ALCM (que passei a chamar de Mike e se tornou um dos meus aviões preferidos) entre Viracopos e o Aeroporto Eduardo Gomes, de Manaus, uma perna da viagem do mesmo avião rumo ao Equador antes do regresso a Frankfurt. O interessante é que, após meu desembarque, o avião decolou mas regressou à capital amazonense por suspeita de pane (desalinhamento dos flapes). Com isso, acompanhei as tentativas de identificação e solução do problema, ficando por mais de duas horas abrigada do calor intenso da capital do Amazonas exatamente sob o avião e aproveitando para fotografar com detalhes seu trem de pouso, asas e fuselagem.
Foi um presente
extra para quem é apaixonada pela companhia e pelo avião! No final, aeronave,
carga e tripulação pernoitaram na cidade e seguiram viagem na manhã seguinte,
sem terem descoberto nada que comprometesse a viagem de regresso para casa,
felizmente!
O texto completo dessa matéria está
em https://caixapretadasolange.blogspot.com/2014/08/materia-especial.html
Inclusive, ela foi finalista do Prêmio ABEAR de 2015.
Posteriormente, em 2017, ganhei um baita presente de
aniversário! A convite da própria empresa aérea, por total confiança em meu
trabalho, e a fim de cumprir diversas pautas jornalísticas oferecidas pela
Lufthansa, voei no D-ALCC (que passei a chamar de Charlie-Charlie e se
tornou outro dos meus aviões preferidos) entre Viracopos, Natal, Dakar (Aeroporto
Internacional de Yoff-Léopold Sédar Senghor - DKR) e Frankfurt, mais uma
vez no jump-seat,
exceto nos momentos de descanso em suas poltronas reclináveis 180 graus e
jantar a bordo, com direito até a feijoada! Como falei, era um presente
especial pois meu aniversário começou logo após a decolagem de Dakar, e fui
parabenizada inclusive pelas duas mulheres pilotos daquele trecho final. Foi
uma das viagens inesquecíveis da minha vida!
Link dessa reportagem: https://caixapretadasolange.blogspot.com/2017/09/materia-especial.html
Além dessas aventuras, já estive em vários aeroportos
para clicar as operações da Lufthansa Cargo, como em Manaus, ainda antes de
voar neles. O link dessa matéria está em https://caixapretadasolange.blogspot.com/2012/12/?m=0
Também filmei a decolagem do Mike de
Viracopos, fui ao aeroporto de Guarulhos apenas para fotografar o avião da
frota MD-11F de cuja pintura eu mais gostava, o D-ALCH, que apelidei de
"Pézinhos" (com acento mesmo), fora fotos feitas em Frankfurt de
alguns MD-11F na curta final para seu aeroporto base.
Por essas e por outras, as aeronaves trijatos da
Lufthansa Cargo deixarão saudades para a entusiasta, para a jornalista e para o
mercado brasileiro, onde prestaram relevante serviço à economia de nosso País.
Mas, como diz aquela música do grupo The Fevers, "tudo na vida passa, tudo
no mundo cresce" e seu lugar agora é ocupado pelos gigantes Boeing 777F,
maiores, mais econômicos e com operação ETOPS. A era dos trijatos acabou para
vários modelos, desde os Tridents até os Tristars, e para os MD-11F não poderia ser diferente.
Agradeço em especial à Lufthansa Cargo e à Aeroportos Brasil Viracopos pelos
maravilhosos momentos proporcionados, alguns com exclusividade!
O cargueiro MD-11 para o cliente:
Deck Principal
26 posições: 244 x 318 cm
Porta de carga lateral (H x W): 256 x 356 cm
Deck inferior
Área frontal: 6 posições: max. 244 x 318 cm
Porta da Área frontal: (H x W): 167 x 264 cm
Área traseira: 4 posições, max. 244 x 318 cm ou 14 LD3 containers
Porta da área traseira: (H x W): 167 x 264 cm
Para apenas cinco cargas soltas
Porta da área para cargas soltas: (H x W): 91 x 76 cm
Altura máxima para carga:
Deck principal: max. 245 cm
Deck inferior: max. 163 cm
Capacidade de carga padrão: 93,230 kg
O batismo de despedida (imagens: Assessoria de imprensa da Aeroportos Brasil Viracopos):
Meu pouso em Natal, em 2017, filmado pelo spotter Henrique Sodré!