SPEECH

O QUE O USO INCORRETO DA "IA"

PODE FAZER?

(por Solange Galante)

Abaixo, vemos a imagem mais conhecida e mais clássica de Alberto Santos Dumont, a partir de uma fotografia real do inventor. Tão conhecida e popular que foi colocada, nos anos 1960, numa nota da moeda brasileira na época, o Cruzeiro. O chapéu "panamá" amassado após ter sido usado pelo próprio Alberto para debelar um princípio de incêndio no motor de um de seus dirigíveis, aparece, inclusive, na vestimenta de sósias quando ocorrem eventos aeronáuticos.

(reprodução da internet)

Já a imagem a seguir, que fotografei no Domingo Aéreo no PAMA-SP, certamente produzida por IA, mostra um Santos Dumont com chapéu bem reduzido (não apenas "não amassado") e o colarinho alto que o inventor usava nem está tão alto assim. Tudo isso dá uma imagem que não remete ao que nos acostumamos relacionar ao Sr. Dumont, mesmo considerando outras fotos históricas dele.

(foto: Solange Galante) 

O uso não corrigido de imagens via IA já deram problema recentemente quando a Agência Espacial Brasileira também distorceu a imagem do inventor e de seu invento mais famoso, o 14 Bis, justamente em uma peça para redes sociais homenageando Santos Dumont em seu aniversário, 20 de julho. (Vide link a seguir - https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2025/07/29/agencia-espacial-brasileira-comete-erro-ao-usar-ia-para-homenagear-santos-dumont-entenda.ghtml)

Isso tudo pode ser resultado – aliás, com certeza É resultado – de três fatores: contenção de verbas – pois há desenhistas aos milhares plenamente capazes de produzir um desenho muito mais bonito e fiel ao original que se quer divulgar, mas que têm seu preço, mais do que justo, aliás, para fazer o desenho –, desconhecimento da história da aviação – como se diz por aí, "entrega-se determinado trabalho para um inexperiente estagiário", e, no caso da aviação, existe sim muito desconhecimento histórico inclusive por parte de nossas Forças Armadas – e preguiça de pesquisar o tema – pois toda tecnologia, afinal de contas, veio para simplificar processos e acelerar a execução dos mesmos. Mas, quando se usa cegamente a tecnologia, corre-se o risco de pagar mico diante de resultados duvidosos como esse.

Aliás, a preguiça é tanta que no caso da AEB, meses atrás, levou-se cerca de sete dias para se reconhecer o erro, e só após muitas reclamações e piadas – e publicar-se desculpas...

Como corrigir esse problema? 

1) Mais verbas para quem trabalha com divulgação cultural

2) Mais educação histórica

3) Mais interesse em obter resultados realmente verossímeis 

E é isso...

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