E X C L U S I V O
SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA!
Entre 1994 e 1997 a TV Cultura exibiu o programa infantil Castelo Rá-Tim-Bum, um dos de maior audiência da emissora até hoje. Um quadro do programa chamava-se 🍭"Senta que lá vem a história"🍭, frase usada, inclusive, por Flávio de Souza, roteirista da série, como título de sua autobiografia.
Nessa época eu estava iniciando minha profissão de jornalista especializada em aviação. E uma das primeiras revistas onde comecei a escrever foi a hoje extinta Aviação em Revista e seus Guias especializados.
Foi para o Guia de Manutenção da editora que fiz uma reportagem sobre formação de mão de obra para essa área, tendo ido entrevistar e fotografar o dono de uma escola de mecânicos na Zona Norte de São Paulo.
Uns dois anos depois eu descobri que a escola havia criado um site e nele estava usando uma foto e trechos de meu texto, da minha reportagem, na tal página comercial. Sem ter me solicitado o material e nem creditar meu nome.
Já sendo uma jornalista profissional, fui propor um acordo indenizatório. Caí no erro de adiantar o assunto por telefone. Presencialmente, dias depois, não teve acordo, então fui procurar meus direitos legais, aliás, eu já os conhecia, bastava reivindicá-los.
Onze anos depois, R$ 800,00 solicitados por mim e que não foram acordados em 2001 se transformaram em mais de R$ 13 mil líquidos na minha conta, quando a Segunda Instância do Judiciário deu minha reclamação como Justa.
Hoje esse caso serve para ilustrar a importância da Lei do Direito Autoral, que explico no meu Curso de Introdução à Aviação Civil para Jornalistas, Assessores de Imprensa e Fontes/Outros Públicos, online. Pois o curso também pretende facilitar a interação entre fontes do mundo aeronáutico (profissionais do setor) com a imprensa, especialmente a não especializada. A foto abaixo é um slide do curso, com reprodução do meu ganho de causa.
No mesmo ano em que me foi dada essa vitória eu publiquei neste Blog o texto abaixo, com destaque ao comunicado à imprensa sobre uma vitória de uma jornalista.
Link do Blog: https://caixapretadasolange.blogspot.com/2012/05/plantao-caixa-preta_17.html
Anos depois também publiquei no Blog alguns "puxões de orelhas" aos spotters que se contentavam com muito pouco, ou absolutamente nada, só por ter uma foto de sua autoria publicada em qualquer revista de aviação, site ou canal. Que, quase sempre podem estar ganhando alguma boa grana com material alheio sem recompensar o autor. A propósito, muitos desses spotters são jovens que, criando um canal ou participando de um canal desconhecem a importância de preservar sua "obra" e também a "obra" de outros, mesmo uma foto.
Eu também denunciei o uso indevido de material alheio por uma revista de aviação, que acabou indenizando com uns "trocados" o autor da foto utilizada sem seu consentimento.
Especialmente na Era Digital é mais difícil rastrear material de nossa produção (fotos, textos, músicas), mas não impossível, e toda ajuda para isso é bem-vinda.
Nesta semana eu soube que, no ano passado, uma pessoa residente em Portugal, que fez meu curso em 2020, lembrou do meu caso, inspirou-se nele e abriu um processo contra um dos canais de aviação brasileiros que está entre os TOP em acessos, "likes", curtidas, inscritos. Tudo porque uma foto dele, do residente além-mar, apareceu como Thumbnail de um dos vídeos do canal, sem autorização prévia e sem crédito da autoria.
Para os canais no Youtube, onde o vídeo estava hospedado, um Thumbnail (miniatura) é o equivalente à capa de uma revista ou de um disco musical, ou seja, é chamariz para atrair o leitor, internauta, etc. E é usado pelos motores de busca da internet para determinado conteúdo ser localizado. Ou seja: não é pouca coisa, muito menos apenas "a unha do polegar", que é a tradução do nome em inglês.
E nesta semana, eu soube que esse meu ex-aluno, spotter e empresário brasileiro, hoje residindo na Europa, participou de uma audiência remota de conciliação e conseguiu receber um valor próximo de R$ 4 mil (quatro mil reais) do réu, pelo uso da foto – mesmo ela já tendo sido retirada do ar.
A indenização poderia ter sido muito maior, dada a relevância do canal como um todo, mas o autor da reclamação ficou contente com o acordo, mais do que pelo valor monetário, pela Justiça ter sido feita e o réu ter, naturalmente, com o pagamento, reconhecido que errou.
Realmente é necessário dar os créditos e fontes necessárias pois o trabalho não se faz sozinho e na maioria das vezes é bem árduo.
ResponderExcluirSolange, parabéns por ser exemplo, estímulo e inspiração para os profissionais jornalistas que são sérios e éticos. Admiração pela sua premiada carreira!
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirO texto é bem válido.
ResponderExcluirNós da ASA estamos sempre falando para os nossos autores que registrem sua obra. E que quando usar algum material de outra pessoa pense como se fosse vc que está tendo o seu material usado.
Deve ser buscado quem é o autor, conversado com ele e citado junto ao texto, na página de créditos, e se houver, na páginas de referências.
E estamos continuamente buscando por todos os meios, cópias não autorizadas de livros de nossos autores. Incansavelmente.
Eu como fotógrafo acredito que todos devemos receber os créditos de trabalhos. Seja monetários ou citações.
Agradeço à Adriana, Cmte Teresa Parnes e ao Carlos Monteiro pelos comentários e compreensão quanto à importância do assunto. Abraços!
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