Afinal, por que eu "saí" da revista
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Quanto mais expostos ficamos, especialmente nesta era digital, mais somos alvo de comentários os mais diversos possíveis, partindo, principalmente, de gente que acha que conhece determinado assunto sem tê-lo vivido ou presenciado. Foi assim que me atacaram, nos comentários de uma Live onde fui entrevistada, me acusando de ter escrito uma matéria horrível numa revista onde só comecei a colaborar muito depois do caso. Ou seja: não havia sido eu a autora da matéria citada (que, aliás, foi horrível sim, e já comentei sobre ela aqui no Blog).
Em outubro passado completei 26 anos ininterruptos de jornalismo de aviação. A maior parte desse tempo eu escrevi para a Aero Magazine, cerca de 17 anos. Também escrevi para a Aviação em Revista, que não circula mais, por cerca de 7 anos, para a Avião Revue por um pouco menos que isso, e ninguém me pergunta por que eu "saí" delas. Cada caso foi um caso e, de nenhuma delas fui "defenestrada", como outro Hater comentou, também após uma entrevista que concedi a outro canal.
Sempre fui jornalista (repórter, redatora, articulista, colaboradora) free-lance, ou seja, sem vínculo empregatício com publicações/editoras. Tanto que já escrevi simultaneamente até para três publicações, lembro de quando eu estava fazendo CINCO reportagens ao mesmo tempo, para três revistas. Free-lance, pelo seu grau de liberdade, pode até escolher se faz ou não um trabalho. Os fatores para escolher são: custo-benefício, simpatia pela pauta, disponibilidade de tempo, entre outros, esses são os principais.
Da mesma maneira, eu não "saí" da revista Flap, onde colaborei por 14 anos. Assim como também não "saí" das outras e – interessante – tem gente que diz que adora meu trabalho e acha que ainda escrevo para alguma delas, nem reparou que meu nome não aparece mais nas revistas onde me lia... Enfim, se custo-benefício, disponibilidade de tempo etc continuassem sendo fatores favoráveis, eu estaria colaborando com todas até hoje. Mas a vida é cheia de escolhas e em fevereiro de 2019 eu escolhi aproveitar a relativa tranquilidade da recente aposentadoria por tempo de contribuição – o que deixou de existir no Brasil poucos meses depois – para me dedicar a projetos pessoais, pois eu não estava mais conseguindo realizá-los em paralelo com os trabalhos na Flap Internacional, onde a dedicação plena é muito exigida. Eu já estava escrevendo dois livros, ambos com investigações jornalísticas reais, e planejando criar cursos e só arrumei o tempo de que eu necessitava deixando de escrever para as revistas. Tanto que dois outros livros meus, a biografia sobre o Cel. Braga e o livro de ficção só conseguiram ser publicados depois que a Avião Revue deixou de circular impressa e deixei de escrever para ela – 24 horas num dia era tempo insuficiente para mim.
Claro que eu também sentia falta de poder publicar na Flap as minhas pautas, aquelas que eu idealizei ou até nelas investi, não apenas as pautas da revista em si. Publicar as minhas pautas só no Blog, como ainda faço, já havia se tornado rotina. E até para publicar minhas pautas no meu Blog estava me faltando tempo.
Durante os 14 anos de revista Flap vivi uma experiência completamente diferente das outras revistas. Em uma delas, onde me reservo no direito de não especificar qual, eu tinha certa liberdade de pautas, muito respeito pela minha profissão mas a grana era muito curta. Na outra, reescreviam todas as minhas matérias sem um motivo real, até nelas enxertando informações erradas, que depois apareciam publicadas com meu nome, não de quem enxertou... O interessante é que ganhei muitos prêmios com a primeira revista – onde havia "respeito" – e apenas um onde o tal "respeito" faltava. E essa única premiação foi na época anterior ao início do desrespeito. Sinal de que onde minha redação havia sido alterada, a matéria não agradou...
Já na Flap, diante do polêmico, irreverente, divertido e dedicado Carlos Spagat, cujo jeito de trabalho, naturalmente, conheci muito bem, senti o que era realmente trabalhar com a pressão jornalística, geralmente mais comum aos jornais (e, hoje, à internet) mas com respeito, profissionalismo e remuneração totalmente condizentes ao trabalho realizado. Muitos prêmios eu também recebi com reportagens da Flap. Mas, como escrevi acima, eu queria mais, como colocar minhas pautas também – nesse quesito, atingi o nível máximo escrevendo para a Avião Revue, onde pelo menos 8 em cada 10 pautas sugeridas por mim eram aproveitadas e o respeito pelo que eu escrevia era enorme. Só não resultaram em prêmios para a Avião Revue porque lá trabalhei num período de inexistência de grandes Prêmios para esse segmento do jornalismo.
Outra vantagem de escrever para a Flap era estar dentro de uma equipe que realmente conhece o assunto "aviação", que realmente faz questão de estar presente aos grandes eventos e que realmente vivia cada novidade do setor aeronáutico bem de perto, como às vezes falta a algumas outras revistas.
Já conheci gente que espalhava pra todo canto que me odiava sem eu nunca ter deixado de sorrir e ser educada para com ela, e cuja audiência não entendia porque tanto ódio assim (nem eu mesma entendo). De modo que sempre haverá Haters, como comentei lá em cima, pessoas que defendem uma convicção veementemente e jamais a abandonam, mesmo sendo incoerentes, ou que idolatram cegamente quem lidera suas convicções, sem analisar suas outras características.
Quanto a acreditar em meus comentários, vale como prova o que está no papel. Ou em outro tipo de arquivo qualquer que tenha sido salvo.
Para terminar, uma dica: sabia que hoje, 13 de dezembro, é o aniversário de Carlos André Spagat, fundador, proprietário e publisher da revista Flap Internacional? Eu já enviei meus parabéns a quem dedicou uma vida inteira à aviação!
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