VOLTARÁ A VOAR O PT-ZNF? (CONTINUAÇÃO)
Logo após o último feriado e também na semana passada, após muitos comentários desencontrados via redes sociais, e após termos recebido informações de fonte muito próxima da Embraer, rebatemos a tese de que foi apenas um voo normal de ensaios aquele que, no último dia 12 de outubro, resultou em pouso antecipado do PT-ZNF, o primeiro protótipo do KC-390, promissor avião multimissão militar de transporte da fabricante brasileira. Ao contrário da nota – oficial, mas não expedida amplamente, ou seja, apenas para quem a solicitava – redigida pela Embraer, o jato sofreu um estol abrupto – desceu aproximadamente 17 mil pés em pouco mais de um minuto, chegando a apenas mil pés do solo – após estol do estabilizador horizontal e antecipou seu retorno à pista de Gavião Peixoto declarando ao controle "Mayday". Durante a queda, o avião ultrapassou os parâmetros de força G e de velocidade possíveis de registro pelos instrumentos. A imagem abaixo mostra a variação de velocidade e altitude que fogem ao teste de estol normais, realizados sempre com total controle e rápida recuperação.
Indagada a respeito de mais detalhes, a fonte – que, pela proximidade com a Embraer, não quer se identificar, e, para isso, a Constituição brasileira garante seu sigilo – não recusou comentar mais e, em acréscimo à nossa notícia de 18 de outubro (acesse http://caixapretadasolange.blogspot.com.br/2017/10/plantao-caixas-preta.html) , disse:
"O avião perdeu um flap e outros pequenos pedaços estruturais, mas o mais importante foi, sem dúvida, o flap. Arrancou junto atuadores, roldanas, polias etc. Lá na Embraer, estão com dificuldade de avaliar o fator G atingido. Posso afirmar que 4 G negativos foi medido e comprovado porque é o batente do medidor. Foi mais, portanto, mas para se saber quanto será necessário calcular periciando o quanto o avião teve de deformação estrutural para chegarem a alguma conclusão."
E não ficou só nisso:
"Eu afirmo que esse mesmo avião, no ano passado, já havia sofrido outro dano estrutural em um voo chamado 'stall natural', sem gelo (natural ou artificial), e serve para medir o maior coeficiente de sustentação em função do ângulo de ataque. O avião estolou e despencou também mas, ao contrário do dia 12 passado, não entrou no dorso, atingiu apenas G positivo, mas também foi sério e não previsto. O que eu soube foi que os pilotos tiveram dificuldade para limitar o ângulo de ataque até o máximo durante os ensaios porque não tinham acesso a medidor de AOA (angle of attack), apenas o engenheiro de voo de ensaio a bordo teve acesso a esse parâmetro. O que não é usual neste ensaio específico."
Desde nossa divulgação do dia 18 a repercussão na internet foi acrescida de comentários de toda ordem, alguns sérios, outros acreditando que se tratava de teoria da conspiração, sabotagem, brincadeirinha de mau gosto etc, mas instigou a curiosidade de leigos e de especialistas em aviação. Meus comentários pessoais são estes, resumidamente:
1) Ensaios e voos de certificação existem para isso mesmo, ver onde a aeronave precisa de ajustes e, com certeza, o programa KC-390 receberá esses ajustes. É mais do que natural.
2) Todas as grandes indústrias aeronáuticas já passaram por problemas como esse, em seus novos projetos. Defendo, no entanto, que os fatos sejam esclarecidos, e não ocultados – a Embraer simplesmente blindou seus funcionários, não se toca no assunto, e pronto. Como no caso das falhas das baterias do Boeing 787, por exemplo, tudo deveria vir às claras.
3) O KC-390 não é um avião "de fundo de garagem": é um projeto de uma fabricante de quase 50 anos de tradição que exporta para o mundo todo, aliás, sendo hoje muito mais internacional do que brasileira, o que exige ainda mais de sua competência.
4) A perícia dos tripulantes foi digna de destaque e esperamos que estejam realmente bem, inclusive psicologicamente (não temos informações detalhadas a esse respeito, mesmo sabendo quem são eles).
5) O estresse por que passou o avião poderá sim ter comprometido sua estrutura. Ele poderá ou não voltar a voar. Mesmo este avião, se retornar ao voo, e outros protótipos poderão ou não ter modificações estruturais (como "aletas" ventrais ou geradores de vórtices para melhorar o projeto, que poderá ter seu ritmo alterado, aliás, já o teve, com alguns dias de aeronaves sem voar para os testes).
6) A única maneira de se desmentir as informações apuradas e aqui divulgadas é a apresentação de imagens e gravações originais do voo específico, como acontece em qualquer acidente ou incidente aéreo grave. Lembrando que a Embraer não é obrigada a divulgar tal material, embora seja desejável, em face da polêmica.
Enfim, esperamos mesmo que o primeiro KC-390 brasileiro volte sim a voar, e que isso não demore. É, no mínimo, um belíssimo avião.
Pois é. A Boeing foi bem mais transparente com os problemas de bateria do 787, assim como com as consequências e soluções. Pano preto sempre foi a especialidade da EMB, herança dos milicos, sob aquele “é segredo para sua proteção”. HAHA. E assim deu PT em 3 protótipos na moita nos últimos 10 anos...
ResponderExcluirMais "ispissialistas", trolls e haters anônimos e colonizados que dão diagnósticos ef azem comentários estúpidos, via internet, através de um simples relato de qualquer acidente ou incidente, coisa não rara em aeronaves em desenvolvimento, sem conhecer fatos, causas, detalhes, condições, depoimentos, análises, nem o apoio de equipamentos.
ResponderExcluirEsses indivíduos provavelmente até torcem para a queda de aeronaves brasileiras, assim poderão despejar seu ódio e frustração de suas desimportâncias, de seus recalques, com vigor da satisfação dos fracassados.
Poderia algum desavisado suspeitar que são trolls anônimos pagos pela concorrência, por oportunistas ou por políticos fascistas, mas não, ninguém pagaria por comentários tão simplórios, tão sem base, tão ridículos e desprovidos de qualquer indicação de inteligência.
Caro Roberto, respeito sua opinião, mas minha biografia profissional, a de minha fonte, com certeza têm uma base sólida na aviação superior a que o senhor imagina. O tempo dirá quando a verdade virá, enfim, à tona. Um grande abraço!
ExcluirAchei que estava claro que meus comentários não se referiam aos post do blog, nem ao blog, nem a profissional responsável, mas sim e apenas a certos comentaristas anônimos que parecem se comprazer em desmerecer sem qualquer base os produtos e as empresas nacionais, bem como fazer ilações ridículas e descabidas de ordem política desvinculadas do assunto aeronáutico.
ResponderExcluirEntendido, Roberto. Comentários sem base existem sim, e, infelizmente, são muitos. Abraços!
ExcluirO anônimo acima do primeiro comentário errou as contas ! Foram 4 protótipos perdidos em 10 anos. Vamos lá : (1) ejeção de ALX na região de Taubaté em 99 ; (2) Brasilia PT-ZBA perda de controle em ensaio stall com gelo articificial e protótipo condenado por perfuração da fuselagem e longarina deformada ; (3) acidente com pouso duro do 190-005 PP-XMJ em SBGP pouso duro em ensaio de certificação distância de pouso, com trem de nariz e toda a seção dianteira destruída, e avião fora do ar por mais de um ano (curiosamente classificado como incidente apesar de atender claramente a definição de ACIDENTE conforme a ANAC) ; e (4) perda total do KC-390 dia 12/10 por deformação estrutural e permanente por G negativo e perda em voo de partes estruturais, inclusive comandos de voo (FLAP).
ResponderExcluirO anômimo acima não estava tão bem informado, esqueceu um kkkkkkkkkkkkk
Grata pelo acréscimo. É, a Embraer teve, infelizmente, vários problemas assim... E o caso do último dia 12 provavelmente será classificado como "incidente" também. E tudo leva a crer que o avião não voará nunca mais.... Abraços!
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