ACOMPANHAMOS COM EXCLUSIVIDADE O VOO
VIRACOPOS-LAGES DA AZUL
(Por Solange Galante, texto e todas as fotos)
Como única jornalista presente no voo inaugural VCP-LAJ-VCP, presenciei
a força da aviação regional, que ainda resiste às dificuldades.
Dia 28 de junho de 2016. O PR-AQV, ATR-72-600 da
Azul Linhas Aéreas Brasileiras, aproxima-se da cidade de Lages, em Santa
Catarina, comandado por Helder Martins. A seu lado, outro piloto catarinense
(de Curitibanos), Luan De Domenico Ferdinan, o assessora. O comandante –
escolhido a dedo pela companhia para esse momento – anuncia aos passageiros que
fará um sobrevoo de sua cidade natal, antes da aterrissagem, e que os ocupantes
das poltronas à esquerda da aeronave serão os primeiros a desfrutar da
belíssima vista da cidade de cerca de 158 mil habitantes. Em seguida, curvaria
o turbo-hélice para que também os passageiros à direita pudessem apreciar Lages
do alto. Enquanto isso, ninguém fica alheio à paisagem e todos comentam
animadamente entre si os marcos e pontos turísticos lageanos vistos lá de cima.
O entusiasmo é de verdadeiras crianças e a satisfação é geral entre os nativos
e os não-nativos da cidade encravada na serra catarinense.
A serra catarinense
Ao toque do trem de pouso na pista 35, aplausos. Lá
fora, podia-se avistar, junto à cerca de proteção do aeroporto, à esquerda, e
também à direita, muitas pessoas junto a automóveis e bicicletas. Dentro da
aeronave, percebendo a plateia, os passageiros sentiram-se orgulhosos e na
expectativa de, logo mais, aparecerem na imprensa, jornais, TVs. Lages havia
ficado desde 2013 sem voos regulares – última tentativa de trazer a aviação para a cidade.
Todos ansiosos pela chegada do primeiro voo.
Junto ao prédio do terminal do simpático aeroporto,
jornalistas acotovelavam-se em área reservada para a produção de imagens. Atrás
de paredes de vidro, eram passageiros que embarcariam logo mais naquela mesma
aeronave, rumo a Viracopos, e visitantes com suas famílias, curiosos e cheios
de si. A impressão era de que pelo menos metade da cidade havia ido ao
aeroporto para ver aquele avião e testemunhar o retorno da aviação ao aeroporto
local.
Um dia especial para a cidade serrana.
Nem sempre as companhias aéreas consideram rentável
operar em cidade de pequena e média demanda. Voar com prejuízo, é claro, não
vale a pena. Todas as cidades, entretanto, por um motivo ou outro, querem
aviação, e muitas delas precisam de aviação comercial, especialmente aquelas a cerca
de 180 km de uma capital, como é o caso de Lages, na divisa com o Rio Grande do
Sul em relação a Florianópolis. Eis a razão de tanta festa. São seres humanos, não números e cifrões.
A memória do aeroporto Antônio Correia Pinto de Macedo.
Nem mesmo o atraso de cerca de meia hora para
decolagem em Viracopos desanimou a companhia e seus clientes. Tentando fugir
dos famosos e constantes nevoeiros de inverno da região sul brasileira, a Azul
marcou para às 13h25 a partida diária de seu voo para Lages, saindo de
Viracopos. Mesmo assim, e bem no voo inaugural, não escapou da fatalidade. Mas a
festa não foi prejudicada.
O primeiro desembarque.
Com o voo 6958, que retornou como 6959 partindo por
volta de 16h35 – o horário normal de partida será 16h10 –, a Azul ressaltava
que não só não abandonava os voos regionais, tão essenciais para um país como o
Brasil, como estava ampliando as opções, por exemplo, no estado catarinense.
Embora tendo encerrado operação em outras cidades pequenas, especialmente as do
norte, devido principalmente à falta de infraestrutura aeroportuária em vários
destinos, segue ocupando o espaço abandonado por outras empresas aéreas. Nos últimos três anos, a prefeitura investiu mais
de R$ 1 milhão para adequar cerca de 100 itens no aeroporto, obedecendo às
exigências da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) culminando na
certificação operacional e a homologação dos voos, bem como a constatação de
que a estrutura já tem capacidade de receber até três voos diários.
Foto oficial, com as bandeiras de Santa Catarina, do Brasil e de Lages.
Com este voo, bem como outros regionais, a Azul
mostra que aposta na aviação regional brasileira, mesmo sem que o Plano de
Desenvolvimento anunciado há alguns anos pela presidente Dilma Rousseff saia
finalmente no papel. Lages não tinha voos regulares desde 1º. de julho de 2013
quando a Brava, sucessora da NHT suspendeu as operações. Os voos, iniciados em
Curitiba (PR) em 10 de junho do mesmo ano partiam de Curitiba e sofriam atrasos
ou cancelamentos devido às condições climáticas. Portanto, após outras
tentativas infrutíferas e promessas anteriores, mais esta durou pouco.
Lages é a
sexta cidade servida pela Azul em Santa Catarina e a 54ª base da companhia
atendida por voos diretos a partir de São Paulo (Campinas). As demais cidades
do estado atendidas pela Azul – que possui a maior malha doméstica do país –
são Florianópolis, Criciúma, Chapecó, Joinville e Navegantes. A companhia tem
aproximadamente 30 voos diários entre todos os seus locais de operação em Santa
Catarina, o que a coloca em uma posição de liderança no estado.
A instantes da primeira decolagem para Viracopos.
Lages é o
maior município em extensão territorial do estado e está localizado na Serra
Catarinense. A cidade é conhecida nacionalmente como a Capital do Turismo Rural
e a Terra da Festa do Pinhão, que chega a receber até 500 mil visitantes
anualmente. Os voos serão de domingo à sexta-feira, com duração
aproximada de uma hora e meia. As partidas de Viracopos são às 13h25 e, de
Lages, às 16h10. Em Campinas há 50 opções de conexão para todas as regiões do
Brasil e também para os Estados Unidos (Fort Lauderdale e Miami).
O embarque em Viracopos (Campinas)
Padrão Azul para Lages.
O terminal do Aeroporto de Lages.
Balcão de check in da Azul em Lages.
Os pinheiros catarinenses.
Mimo para os passageiros.
O lageano Cmte. Helder Martins e o primeiro oficial Luan, de Curitibanos.
Missão cumprida, Azul. Só por hoje, amanhã tem mais!
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