TENHAMOS PAZ EM TODOS OS 17 DE JULHOS
Hoje foi inaugurado o Memorial 17 de Julho.
Coincidentemente, na hora da missa e da inauguração chovia na mesma intensidade
daquele 17 de julho de 2007 e a pista em uso em Congonhas era novamente a 35.
Mas, o que digo, se não acredito em coincidências? Portanto,
esses sinais são, com certeza, um recado para que jamais nos esqueçamos daquele
dia.
Também eu estive hoje prestando minha homenagem àquelas
vítimas. Fui lá buscar algum sentimento, fosse qual fosse, bom ou ruim, leve ou
pesado, de alegria ou de revolta. Felizmente, colhi um imenso sentimento de
paz. Foi bom, naquele clima de imenso respeito, sentir paz. Mesmo quando os
aviões decolavam e o chão chegava a estremecer. Mesmo quando um Airbus decolou
bem no momento do toque de silêncio executado por um policial militar no
horário preciso da tragédia, às 18h51 min. Aquelas 199 pessoas representam
todos nós, que já fomos ou podemos ser um dia vítimas do descaso da nossa
aviação por meio de seus vários atores. Mesmo quando, também naquele instante,
alguém chorou copiosamente, quebrando o silêncio que se seguiu ao toque,
provavelmente algum parente das vítimas do 3054.
Cinco anos atrás. Eu havia chegado em casa de cabeça um
pouco quente por motivos pessoais e profissionais, liguei a TV e o Datena era
chamado pelo o Cmte. Hamilton que filmava um incêndio em um posto de gasolina
do lado da cabeceira 17 de Congonhas. Poderia ser um acidente como outro
qualquer, como a explosão de um caminhão tanque, mas não era. Poderia ser uma
besteira sensacionalista do Datena quando ele disse que aquilo que se via pelas
imagens, no meio do fogo, parecia uma cauda de avião. Ele insistia tanto nisso
que comecei a acreditar... Liguei para um amigo meu, também repórter, que me
confirmou: Sim, era um avião, e era da TAM.
Anos antes da tragédia eu havia estado naquele prédio para a
inauguração da TAM Express. Ganhei de brinde uma trena com o antigo logo da
companhia de cargas. Tenho-o até hoje. Anos antes, eu também fiz meses de aulas
de capoeira no prédio da Academia que fica exatamente atrás da TAM Express. Anos
antes eu reclamava quando tinha que atravessar aquela rua que faz esquina com a
Washington Luiz porque a tabela de preços do citado posto de gasolina era uma
placa imensa que me impedia de ver se algum automóvel estava querendo virar
naquela rua, ou seja, a placa tornava a travessia dos pedestres muito perigosa.
Mas isso tudo hoje é passado diante da belíssima Praça, com uma
árvore que de maneira maravilhosa sobreviveu a todo fogo. E é bem provável que
aquela árvore jamais fosse notada, escondida que estava atrás do prédio da TAM
Express, antes. Uma árvore que saiu do anonimato para ser o maior símbolo de
vida da Praça.
Infelizmente, as mazelas da nossa aviação continuam mas
tenhamos fé que aquelas vítimas não tenham sido sacrificadas em vão.
Tenhamos PAZ. E para ter PAZ nem é preciso ter religião.
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