domingo, 28 de julho de 2019

PÉROLAS VOADORAS!

NOSSA EXCLUSIVA 
COLEÇÃO DE PÉROLAS VOADORAS!!!


Erros da imprensa especializada e não-especializada sobre aviação.



“A aviação brasileira conta com um amplo leque de opções pra serviços de MRO (Manutenção, Reparo e Operações) (...)"

(Revista Aero Magazine, edição 279, agosto de 2017, pg.58)

Na verdade, serviços de MRO, em aviação, significa. Maintenance, Repair and Overhaul, ou seja, Manutenção, Reparo e Revisão (não Operations ou mesmo Organizations, termos que são usados apenas administrativamente).

Quer comprovação?

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“Durante 90 dias, a Voa São Paulo passa administrar os terminais em operação assistida com o Daesp (Departamento Aéreo do Estado de São Paulo)." 

(Revista Aero Magazine, edição 279, agosto de 2017, pg.61)

O nome correto do DAESP é Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo).

Quer comprovação? http://www.daesp.sp.gov.br/

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“Leonardo – A empresa italiana com sede em Roma é o resultado das consolidações da Leonardo-Finmecânica, depois Finmecânica, cujas origens remontam a 1948 (...)." 

(Revista Aero Magazine, edição 279, agosto de 2017, pg.46)

Não, o Grupo Leonardo nunca teve esse nome antes da Finmeccanica – aliás, com dois C e sem o assento circunflexo – se tornar simplesmente Leonardo em 2017.


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"Um avião bimotor caiu no norte do Havaí na madrugada deste sábado (22) e deixou nove mortos, segundo autoridades do estado americano. (...) O avião da King Air caiu pouco depois de decolar (...)"

(Folha de S. Paulo (e outros sites), 22 de junho de 2019)

O avião acidentado foi o Beechcraft BE65-90 N256TA. É um modelo King Air da fabricante Beechcraft.


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domingo, 21 de julho de 2019

***Colaboração***

***EXCLUSIVO***

O QUE OS ACIDENTES DA
AIR FRANCE, LION AIR E ETHIOPIAN AIRLINES TÊM EM COMUM?*




Muito se tem especulado nas mídias sociais a respeito dos acidentes envolvendo o novo avião da Boeing, o 737-MAX. O que não falta é gente se vendendo como profundo conhecedor do assunto e levando aos leigos informações que foram simplesmente copiadas de alguma informação vindo do fabricante. Muito se fala também do MCAS que, segundo alguns, a Boeing, com intenção de vender aviões e ganhar a competição contra a rival Airbus, escondeu até do órgãos homologadores em todos os continentes. Se é verdade, a mesma está pagando um preço alto por colocar o próprio nome em descredito junto ao público. Muitos até já trocaram o jargão antigo "If not boeing, I'm not going" para "If boeing, I ain't going", demonstrando a falta de confiança na até então maior e mais segura fabricante de aviões do planeta.

O que ninguém comenta é que os acidentes demonstram algo muito, mas muito mais sério. Como exposto na chamada deste artigo, os três acidentes com aeronaves de tecnologia bastante diferentes têm algo em comum e que precisa ser solucionado a fim de mitigar outros desastres futuros: a falta de treinamento e aderência às "velhas" normas e procedimentos pelas novas gerações mesmo quando voando um equipamento "State of Art". Basta ler o relatório final do acidente do Air France (AF 447, de 31 de maio de 2009) saindo do Rio de Janeiro para Paris e verificar que os copilotos não entenderam o que estava acontecendo e nenhum deles estava voando a aeronave, o nariz foi mantido alto em condição de estol e somente o comandante, ao chegar na cabine, infelizmente tarde demais, se deu conta de que um dos pilotos mantivera a condição de estol. Se o mesmo houvesse olhado para o PFD (Primary Flight Display) ou horizonte artificial, como queiram, teria entendido o que estava acontecendo.

No acidente da Lion Air, o copiloto foi solicitado para ler o check list de Airspeed Unreliable mas, como não o achava, o Comandante cometeu um erro grave que custou a vida de muitos: entregou a pilotagem em condição anormal para o copiloto, pode até não ser uma regra, mas sempre foi o padrão de que, em condição de emergência, o próprio Comandante voe a aeronave, partindo do pressuposto de que o Comandante é o que tem mais experiência e horas de voo na cabine de comando. Quando o Comandante atentou para a condição de nariz acentuado para baixo, não havia mais como recuperar a aeronave devido à inércia da mesma. No caso da Ethiopian aconteceu algo semelhante, ou seja, em todos os casos alguém esqueceu ou não lhe foi ensinado de que em aeronaves a jato se voa "Pitch" (arfagem) ou não cumpriram com o que esta escrito no FCTM (Flight Crew Training Manual) concernente à função de PF (Pilot Flying).

Hoje, na pressa de formar novos pilotos devido à falta de mão de obra, tudo é realmente feito às pressas, até o treinamento. No Brasil, a ANAC acabou, há alguns anos, com a obrigatoriedade do curso teórico de Piloto Privado, que é o primeiro degrau na vida de um aspirante a piloto de linha aérea, ou seja, a base de tudo foi relegada a segundo plano. Por outro lado, as empresas, com o foco nos lucros e confiando de que a alta confiabilidade dos aviões da Boeing ou na "build in protection" dos modelos Airbus não permitirão os pilotos de cometerem erros, cada vez mais apresentam cursos mais reduzidos para os novos candidatos. Infelizmente, a nova geração chegou, com falta de comprometimento, direto do aeroclube para a cabine de um grande jato, não tendo tempo para ganhar maturidade, e a dependência de um smartphone para tudo, ajudou na degradação do padrão da aviação mundial. Pergunte a um copiloto novo qual o "pitch" à ser mantido em caso de Airspeed Unreliable em voo de cruzeiro: a maioria não saberá responder ou tentará apresentar uma desculpa para o seu pouco interesse no assunto, que pode custar a sua própria vida. No simulador, é fácil identificar a falta de proficiência técnica devido à pouca experiência, pilotos querendo engajar o Piloto Automático mais os modos automáticos de navegação lateral e vertical como forma de resolver uma situação que o mesmo deveria fazê-lo até a completa estabilização da aeronave. O que é pior, delegam ao automatismo a sua própria vida.

O que esperar do futuro? Que as autoridades melhorem o nível de treinamento e que as regras básicos do voo não sejam esquecidas em detrimento do lucro, ou que os aviões venham mais automatizados e com mais proteções para evitar que uma simples pane possa ser a causa de um acidente fatal pela falta de comprometimento com a Segurança de Voo.

O que nos reserva no futuro, só o tempo dirá. Hoje, já se encontram em andamento testes com robôs na cabine de comando para comandar a aeronave, num primeiro momento para eliminar um dos pilotos e, provavelmente, mais tarde, a realização de voos comandados por máquinas sem a presença humana nos controles. Ficção científica? Premonição? Realidade? só o futuro mostrará. A verdade é que, enquanto existirem seres humanos exercendo funções na cabine de comando transportando vidas humanas, a base sempre será um bom treinamento para que se possa identificar e solucionar as situações anormais que possam vir a ocorrer durante o exercício da profissão. Com certeza, novos tipos de situações anormais deverão ser incorporadas aos já extensos QRH (Quick Reference Handbook) presentes na cabine de comando, um capítulo a mais de como atuar quando, porventura, o robô sentado na cadeira da direita estiver mal-humorado, será bem-vindo.

* Colaboração de um comandante da Lion Air que prefere não se identificar

Plantão Caixa Preta

Será que descobrimos a origem
 do nome "Flap" da revista brasileira? 

Manche, Cockpit, Torre de Controle, Pista, Rotor. Eu já vi revistas e/ou sites e/ou jornais com esses nomes. São palavras muito específicas do mundo da  aviação emprestadas às publicações por seus criadores, geralmente grande entusiastas dos aviões e helicópteros.
Com absoluta certeza, a conhecida revista Flap Internacional teve a mesma motivação, visto que foi criada por jovens adolescentes fissurados pela aviação. Os flapes, dispositivos hipersustentadores dos aviões, remete instantaneamente ao voo, à subida do avião, aos patamares elevados que toda empresa, inclusive as jornalísticas, desejam para seu presente e seu futuro.
Mas, terá sido apenas essa a motivação? Visto que, de repente, descobrimos que a Espanha teve sua revista "Flaps" entre 1960 e 1980 (a Flap, então ainda não "Internacional", é de 1962).






Lembrei também do último logo da saudosa cia. aérea Vasp...
Teria sido inspirado no logo antigo da fabricante alemã de planadores Valentin Flugzeugbau? 


terça-feira, 9 de julho de 2019

SPEECH


UMA HISTÓRIA DE DESCASO COM A HISTÓRIA
DA  AVIAÇÃO MILITAR BRASILEIRA

No ano passado eu, infelizmente, perdi quatro grandes amigos, todos ligados à Aviação.
Um deles, Ney Langsch Senandes , ex-piloto da Varig, conheci pela internet, onde ele tratava de assuntos técnicos sobre aviação (navegação aérea, pilotagem etc), Lendo-o, contatei-o, depois, para que me tirasse algumas dúvidas, o que ele prontamente atendeu, e por inúmeras vezes nos anos seguintes.

Transplantado de fígado, quando já se encontrava afastado dos voos comerciais  por diversos problemas de saúde, Ney Senandes, porém, jamais se afastou da aviação. Seja como instrutor de voo, seja batalhando pela preservação de sua história, tanto civil quanto militar.

Trocávamos ideias por email ou telefone, e em algumas vezes, quando estive em Porto Alegre, onde residia.

Em dado momento de nossa amizade me contou do caso de um avião bombardeiro da Força Aérea Brasileira que teria sido vendido para estrangeiros e ido parar nos Estados Unidos, justamente quando, após ter sido doado ao Museu de Aeronáutica de São Paulo – aquele que existia no Parque do Ibirapuera – aqui deveria repousar, para ser contemplado pelos visitantes em terras brasileiras.


O momento intenso de trabalho que eu vivia na época em que me passou detalhes do caso, me impediu de desenvolver uma reportagem a respeito, como ele sugerira. Aliás, as revistas para as quais eu escrevia não eram interessadas em matérias desse teor e eu não tinha ainda este Blog para ter liberdade de publicação, de modo que o tempo foi passado e a matéria não foi produzida. Mas, o comandante Senandes já havia me passado muito material sobre o caso, inclusive cópias de fotos em papel.


Que eu decidi, agora, aqui publicar, como forma de homenagem a um homem muito mais interessado na história da aviação brasileira do que muita gente de nosso meio. São emails e fotos (todas de sua autoria) e capa da revista onde o bombardeiro reapareceu, após ter deixado para sempre o Brasil.


Observo que, na época em que eu tive conhecimento do caso do avião, cheguei a comentar com uma pessoa, hoje também falecida, o caso, que essa pessoa negou ter acontecido, mas cujos argumentos não anotei. Ou seja, a publicação deste material será "mão única", com apenas os relatos e material oriundos de Ney Senandes, mas sendo possível que o contraditório se levante contra a questão, o que será bem-vindo para o debate.


Mas, reforço também, estou publicando apenas o que meu saudoso amigo compilou, como não fui a fundo na história, não tenho como provar os lados A ou B.


E que o tempo prove o que aconteceu de fato ao A-26B da FAB matriculado 5174. 


Fotos: Ney Langsch Senandes (in memoriam)

E-mails em ordem de data de envio. Alguns nomes foram excluídos. "Prenda" é o apelido que Senandes me deu, era como sempre me chamava.






Nas três fotos abaixo,o avião ainda na FAB.








Obs: abaixo, legenda no verso da foto acima.


Nas fotos a seguir,o avião prestes a ir embora do Brasil.



Abaixo, na seta, o nome da FAB, apagado.


Abaixo, o 5174, capa da revista Air Classics





A aeronave havia sido doada ao Museu de Aeronáutica de São Paulo e nem mesmo sua provável venda salvou a instituição de fechar as portas. Hoje, ela está nos Estados Unidos: valeria a pena ter permanecido no Brasil?
Como estaria, ainda preservada?