quinta-feira, 25 de abril de 2019

PÉROLAS VOADORAS!

VAI FAZER UM ANO... E A SWISSAIR AINDA OPERA NO AEROPORTO DE GUARULHOS!!!

Quase um ano após termos fotografado a Swissair na relação de cias. aéreas que operam no Aeroporto de Guarulhos... ela continua lá, em todas as placas semelhantes!

O flagrante do ano passado:

As fotos abaixo foram  feitas dia 13 de abril de 2019 (por Solange Galante) :




quinta-feira, 18 de abril de 2019

SPEECH

UMA HISTÓRIA QUE QUASE FICOU ESQUECIDA

(por Solange Galante)

(Reprodução de foto de  Benito Latorre)

No final do ano passado, perdemos nosso amigo Benito Latorre, precocemente, precocemente demais. Uma pessoa educada, inteligente, excelente fotógrafo, muito conhecedor de aviação comercial. Certa vez, eu estava curiosa para saber de uma história de porta aberta em voo em um Boeing 727 em que o Benito estava. Numa noite em que estávamos eu e nosso amigo Carlos França jantando no restaurante oriental onde Benito trabalhava como sushiman, gravei seu depoimento. Para uma reportagem futura, talvez. E acho que agora chegou a hora.

"Na ida foi sossegado, problema nenhum... O avião estava com 164 pessoas a bordo" – não ficou claro, no depoimento, se eram apenas passageiros nesse cálculo – entre a primeira classe e a classe econômica... O avião da Fly era o PR-BLS. "Tinha primeira classe, era um ex-Continental Airlines. Na volta, em Fortaleza, o engenheiro de voo começou a pressurizar o avião em solo mas o avião não estava pressurizando, mas no cheque de portas estava acusando que estava tudo fechado. Então, o engenheiro disse que iria pressurizar em voo, após a decolagem."

Mas, antes mesmo da decolagem, segundo o Benito, dava para se ouvir um assovio. Até uma das aeromoças veio bater na porta dizendo “Comandante, tem um barulho muito estranho lá fora.” “Quando estiver pressurizado esse barulho some” – ele, então, garantiu.

“Aí, nós recebemos autorização para decolar, e na hora da decolagem, V1, velocidade de rotação, deu 'rotate', o engenheiro apertou o botão para pressurizar o avião, e nada. E eu lá na cabine só observando...”

Benito prossegue: “O avião decolou, a aeromoça veio bater na porta de novo. ‘Cmte, os passageiros estão se levantando, ‘tá um barulho incrível, insuportável, lá atrás!’. Aí o flight disse que iria lá atrás, na cabine de passageiros, ver” “Eu vou com o senhor”, disse o Benito.

O engenheiro, muito experiente na aeronave, saiu da cabine e percebeu que os passageiros estavam todos já se levantando das cadeiras, e repletos de medo.

“O 727 tem uma porta auxiliar atrás para o caso de pouso em aeroporto onde não tem equipamento de solo, abaixo da cauda e do motor número dois. Havia uma tampa que fechava ali, e nós fomos lá ver. Então vimos que tinha uma fresta aberta que passava um braço! ‘Por isso que o avião não ‘tá pressurizando. Onde há o extensor de porta, ele está fechado, mas aqui ele não fechou’ havia constatado o engenheiro. Era uma borracha que estava fora, essa borracha prendeu na porta e a porta não fechou totalmente. Quando estava a porta aberta, parecia que o motor estava lá do lado, na minha orelha... o revestimento acústico lá atrás é muito pouco.... Aí voltamos para a cabine e passamos a informação do que estava acontecendo para o comandante, que decidiu: ‘Vamos ter que voltar!’”

Segundo Benito me contou, o avião deve ter subido até pelo menos 8 mil pés. O 727 estava muito pesado e estava muito calor. Teve início o alijamento de combustível no ar. “Pois você não pode pousar a aeronave com o mesmo peso de decolagem, senão ela pode quebrar. Só após alijarem combustível o suficiente, pousaríamos em Fortaleza. O comandante colocou no transponder o código de emergência e fez uma órbita sobre o mar para alijar combustível, e depois retornamos a Fortaleza. O comandante pousou tranquilo, fez um pouso maravilha. E o avião ainda estava tão pesado que saímos na última intersecção,  no final da pista. Aí, na hora que o avião deu reverso, escutamos, da cabine mesmo, os passageiros se levantando e indo para frente, longe dos motores. Ou seja, quando o comandante deu o reverso e os passageiros começaram a ouvir o barulho lá dentro da aeronave, um tumulto  teve início... Depois, ficamos parados fora da posição de embarque e desembarque, que é chamada de área remota. A manutenção olhou o problema, até fechar a porta lá atrás, mas ficamos 40 minutos em solo. Porque o trem de pouso estava ainda com a temperatura muito alta, se a gente decolasse de novo, iria gerar mais atrito e poderiam estourar os pneus na decolagem. Ou, se recolhesse o trem de pouso de novo poderiam estourar os pneus lá dentro. Só sei que ao todo quatro pessoas desembarcaram do avião, não seguiram viagem. Saiu até matéria no jornal de lá.”

Benito estava viajando por conta dessa reportagem da revista Flap que foi publicada em março de 2001.






Registrada essa história! E que Benito, esteja onde estiver, continue curtindo aviação como nunca, pois ele sempre viveu intensamente essa paixão, em especial pelo Boeing 727! 

(foto: Solange Galante)

terça-feira, 16 de abril de 2019

SPEECH

RESPEITO COM RESPEITO SE PAGA

(por Solange Galante)


(Foto: Ana Laura Haddad)

Os fotógrafos de aviação por hobby – mais conhecidos como plane spotters – de décadas atrás sabem como viveram tempos difíceis no Brasil. Não raro, sua atividade era considerada marginal e vários chegaram a ter filmes apreendidos ou fotos digitais apagadas, ou eram proibidos de fotografar ao redor de aeroportos, isso quando não ficavam sob a mira de armas apontadas contra eles por seguranças que acham que todo mundo é criminoso. Ou, então, simplesmente não encontravam nenhum local de onde pudessem ter acesso visual às aeronaves desejadas.
Com a concessão de vários aeroportos brasileiros à iniciativa privada, grupos locais de spotters se mobilizaram para explicar sua atividade às concessionárias, embora todas tenham uma empresa gestora de aeroportos participando, várias delas já acostumadas a ver fotógrafos de aviação em aeroportos internacionais.
Com isso, com organização e, sobretudo, com respeito aos limites que qualquer aeroporto precisa ter, eventos foram sendo realizados com a participação de spotters locais e de fora da área de aeroportos de São Paulo, de Brasília, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, das capitais nordestinas e da Amazônia.
Aí se verificou um fenômeno bastante interessante a agradabilíssimo: a Infraero, que por décadas reinou absoluta como administradora de aeroportos em todo o país, e que havia se tornado até mesma inimiga de alguns grupos de fotógrafos pela rigidez de regras de segurança, começou a abrir espaço para o hobby em eventos regulares. De repente, spotters começaram a usar a famosa camiseta branca e azul dos "Spotters Days" e a atender à solicitação da empresa estatal para compartilhamento de fotos, assim, a Infraero não só realizou exposições com as imagens feitas pelos fotógrafos como aumentou sua disponibilidade de fotos institucionais.
O nome disso se chama "Respeito". A exemplo do que ocorre com as concessionárias privadas de aeroportos, para cada evento há uma chamada para inscrição, os fotógrafos selecionados participam de um briefing com os funcionários da Infraero, ficam sabendo de seus limites, há horários exatos para a atividade, e têm acesso a locais inacessíveis a eles no dia-a-dia de um grande aeroporto.
O último Spotter Day  foi na sexta-feira passada, dia 12 de abril, no 83o. aniversário do Aeroporto de Congonhas, o segundo mais movimentado do Brasil. Foi o 3o. Spotter Day de Congonhas, sendo que o primeiro aconteceu há três anos, quando o querido aeroporto paulistano se tornou "oitentão".
Mais uma vez a organização foi impecável, o clima foi descontraído e seguro, o resultado, que pode ser visto pelas fotos (como as minhas, conforme abaixo) foi excelente e todos saíram felizes do evento. Com a participação do Corpo de Bombeiros que atua dentro do aeroporto, tanto os mais jovens quanto os spotters mais experientes tiveram acesso visual à grande variedade de aeronaves do tráfego intenso e diário de "CGH", além de tirar duvidas com os "soldados do fogo" e funcionários da própria Infraero. Quem participou, desta vez, foi o próprio superintendente João Márcio Jordão. Tudo ocorreu na mais perfeita ordem, segurança, pontualidade e descontração.
Quem me conhece sabe que sempre fui crítica quanto à Infraero. Mesmo sabendo de suas limitações como empresa pública, sempre clamei junto aos spotters mais assíduos que eu pela oportunidade de exercer esse hobby tão belo e famoso mundialmente. Os fotógrafos de aviação por hobby não raras vezes registram aeronaves raras e situações de perigo como presença de pássaros e balões na área aeroportuária que servem como alerta para as autoridades. Ou seja, além de testemunhas da história da aviação, acabam realizando um trabalho que é muito útil para toda a comunidade.
Todos sabemos que o Governo Federal está se empenhando em concessionar à iniciativa privada a maioria de nossos aeroportos, em breve, todos os principais, por isso, o destino da Infraero é incerto. Mas, enquanto existir, ela está empenhada em ser a grande amiga dos fotógrafos de aviação e, acredito, já varreu para longe aquela má fama, felizmente!
Da nossa parte, além de agradecer imensamente à iniciativa da Infraero – antes tarde do que nunca! – desejo que também os spotters continuem sendo bacanas com a empresa. Pois respeito com respeito se paga!