quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Plantão Caixa Preta

A TAM ACABOU. A EMPRESA AÉREA E A MARCA. O QUE ISSO SIGNIFICA?


Sob um ponto de pista, menos do que o fim da Real, da Aerovias Brasil e da Panair do Brasil. Menos do que significou o fim da Transbrasil, da Cruzeiro do Sul, da Vasp e da Varig. Pois a TAM foi um divisor de águas. A aviação comercial brasileira pode ser dividida em AT e DT: antes e depois da TAM. Rolim Adolfo Amaro, fundados da companhia aérea (embora não do Táxi Aéreo Marília). Era piloto, gostava de voar e entendia de aviação. Mas era, sobretudo, um empresário. Um empresário e uma raposa da  aviação. Qual era o primeiro mandamento da TAM? “Nada substitui o lucro”. Os outros empresários da aviação não pensavam assim. Talvez, por isso, sucumbiram antes. Mas Rolim era um empresário como todos os empresários gostariam de ser e poucos conseguem: era inovador, ousado, e cria da casa, tudo isso junto.
Mas, por outro lado, o fim da TAM pode significar mais do que o fim de todas as companhias acima citadas. Basta ver o histórico da Lan, a companhia aérea e seu respectivo país natal – Chile – que compraram a TAM. Histórico de segurança de voo, principalmente. A TAM conseguiu a proeza de destruir a reputação de um avião que era sucesso em todo o mundo e, quem sabe, não teve seu “zero vírgula alguma coisa de participação” na falência da Fokker? Ainda hoje, especialmente no Brasil, em alguns casos, o nome composto “Fokker 100” é tabu. Por quê? Por causa de mais de 100 mortes. E a má fama da TAM começou ainda sob a gestão de um Rolim vivo e celebrado: a imagem de companhia regional “Number One” caiu em forma de um outdoor voador sobre a zona sul de São Paulo em 31 de outubro de 1996. Mas não parou por aí. Incidentes suspeitíssimos e o voo 3054 de 2007. Sobre todas essas ocorrências ainda hoje pairam dúvidas e detalhes mal contados. Por isso que o fim da TAM pode significar mais que o fim de outras aéreas brasileiras: pode significar o fim de um capítulo de dor e fogo. Para a alegria de seus marketeiros de plantão.

Porém, não se enganem: se até o acidente de Orly, com a Varig, o acidente de Fortaleza, com a Vasp e o acidente de Florianópolis com a Transbrasil são chagas mal cicatrizadas que podem reabrir e trazer à luz verdades até então ocultas, isso também podem acontecer com a TAM. Basta, de repente, se tocar na ferida.

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